Escombros

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***Gabriel

A impressão que eu tinha, era que as horas naquela noite estavam passando mais rápido do que eu gostaria. É incrível como o tempo nunca colabora quando estamos em uma corrida contra o mesmo.

Desci às escadas e logo me deparei com os outros rapazes na sala, Plínio os fazia companhia. Suas feições revelavam tensão. O silêncio, também, era um visitante presente naquele lugar.

Assim que Miguel me avistou, imediatamente, fez um sinal com a cabeça, indicando os outros a minha direção. Parei assim que cheguei ao andar térreo e fiquei os observando.

O primeiro a se manifestar, foi Zack, que pôs-se logo de pé, ajeitando suas roupas. Ele me encarou um tanto tenso e perguntou:

— E então? Alguma novidade?

Permaneci calado. Lentamente, caminhei até junto deles, enfiei a mão direita no bolso de dentro da jaqueta e saquei os óculos. Em seguida, pousei o mesmo em cima da mesinha de centro. Por fim, olhei de um para o outro, congelando minha visão sobre Zack. Com um certo nó na garganta, respondi:

— Pelo que vimos lá encima, Fred perdeu um de seus óculos.

— Não. Não é ele, eu tenho certeza! — Zack, imediatamente, levantou a voz em defesa do amigo.

— Ei, cara, calma! Ninguém aqui está dizendo que é ele! — Tranquilizei-o.

— E o que fazemos agora? — Quis saber Miguel.

Me afastei um pouco deles. Caminhei em direção à janela e sentei-me, de forma parcial, no peitoril. Cruzei os meus braços e os encarei com seriedade:

— É o seguinte, galera! Também não acho que seja ele. Ele, inclusive, disse que talvez possam existir mais dezenas de óculos como esses por aí. — Apontei para o objetivo em cima da mesinha.

— Mas isso é mais do que óbvio! — Zack, revirou os olhos, em seguida voltou a se sentar, bastante nervoso.

— Calma, Zack, deixa o Gabriel falar. — Pediu Plínio.

— Conversamos bastante e ele disse coisas óbvias... Coisas que nós já sabemos. — Continuei.

— E que coisas seriam essas? — Questionou Miguel.

— Que apenas um par de óculos, não é prova o suficiente para incriminar ninguém. E ele tem absoluta razão. Não sei onde estávamos com a cabeça quando cogitamos levantar qualquer suspeita contra ele.

— E ele? Como está? Ficou chateado? — Zack, me olhou com uma aparente insegurança nos olhos.

— Ele tá de boa. Acho que ficamos inseguros a toa. Afinal de contas, perguntar não ofende. — Terminei, mordendo o lábio inferior.

— Mas... É muita coincidência os óculos serem tão parecidos. Isso não há como negar. — Plínio falou.

— Plínio... — Zack olhou-o. — Pode ser idêntico, mas não significa que são os óculos perdidos. E tem mais... Na noite que você e Rafa encontraram a garotinha que foi atacada, Fred estava comigo. É impossível ter sido ele o autor do ataque contra ela!

— Então, quem pode estar causando essa confusão toda, galera? E o mais importante: por quê?! — Miguel perguntou.

— Como eu disse a vocês... — Comecei. — Também achava impossível ser o Fred. Ele é muito da paz, pessoal. Além do mais, algo que ele me disse fez com que eu me sentisse ainda mais aliviado e seguro de não ter depositado qualquer suspeita sobre ele.

O Belo e O Fera: Herdeiro do Mal; Batalha dos Imortais [Livro 4]Onde histórias criam vida. Descubra agora