Sombras

160 30 5
                                    

***Gabriel

Estacionei o furgão em uma rua lateral à praça. O local era bastante ermo e pouco iluminado.

Antes de tomar a iniciativa de descer do veículo, eu quis ter a certeza de que não havia ninguém por perto.

Olhei todo o local ao redor e constatei: a barra estava limpa. Provavelmente, por já ter se passado tantas horas, o corpo já havia sido removido e o local estava livre da presença das autoridades policiais.

Eu, fui o primeiro a sair do carro, logo em seguida fui acompanhado por Zack, Miguel e Plínio.

Caminhamos a passos lentos, até chegarmos à entrada do beco, onde eu e Zack, havíamos presenciado o ataque brutal mais cedo, naquela mesma noite.

Eu, estava um pouco mais atrás dos outros dois, Plínio, estava ao meu lado, com a mão direita apoiada sobre meu ombro esquerdo. Quando nos deparamos com uma fita de isolamento, na entrada do beco, com avisos de "não ultrapasse", paramos de caminhar.

— Então, foi aqui que aconteceu? — Sussurrou meu companheiro.

— Sim. — Respondi, usando o mesmo tom que ele.

— Se formos vistos aqui, com certeza, teremos problemas. — Comentou Plínio. — E acho que já estamos metidos em problemas demais, por hora, mais um, com a polícia, não seria nada bom.

— Sei bem disso, amor... — Suspirei, antes de continuar. — Poderia nos dar cobertura?

— Mas é óbvio. — Ele fez uma careta. — Era, exatamente, nisso que eu estava pensando.

— O que tem em mente? — Questionei-o.

— Só espere um minuto. — Respondeu ele, tirando a mão do meu ombro e recuando alguns passos.

Logo em seguida, ele, virou para o lado oposto, olhou ao redor e respirou profundamente, fechando os olhos por fim.

Ainda com os olhos cerrados, Plínio, ergueu os braços para o ar e começou a fazer movimentos lentos e circulares no ar, balbuciando algumas poucas palavras:

— Que qualquer olho, sem permissão, perca a capacidade de nos ver!... Que qualquer criatura, com intenções adversas, seja privada de enxergar o óbvio... Que somente àqueles, que conhecem nossos corações, sejam capazes de nos encontrar! — Por fim, o homem estalou os dedos das duas mãos seguidas vezes. Um som, semelhante a chiado, pôde ser ouvido por fim.

Após aquilo, Plínio, voltou a olhar para a nossa direção, lançou-me um meio sorriso e caminhou até mim.

— O que tu fez? — Perguntei, confuso, franzindo o cenho.

— Cuidei para que não sejamos vistos aqui. Só um dos nossos seria capaz de nos ver se passasse por perto.

— Boa, Plínião! Sempre pensando rápido! — Disse, Zack, um pouco entusiasmado demais.

— Que isso... Foi nada demais! — Plínio sorriu. — Agora vamos! Vamos logo fazer o que viemos até aqui pra fazer!

Imediatamente, avançamos em direção ao beco, passando por baixo das fitas que isolavam o local. Quando chegamos ao local, onde havia uma mancha de sangue no chão, Miguel, agachou-se e ficou mirando a mesma por alguns instantes, antes de perguntar:

— O que estamos procurando, exatamente?

— Sinceramente? — Mordi os lábios com força. — Ainda não sei! Mas... Foquem em encontrar qualquer coisa que pode ter sido deixada pra trás... Qualquer coisa que olhos humanos não seriam capazes de enxergar... Algo que pudesse passar despercebido para os mais desatentos, e que possa nos servir de pista para encontrar o responsável por isso.

O Belo e O Fera: Herdeiro do Mal; Batalha dos Imortais [Livro 4]Onde histórias criam vida. Descubra agora