O Belo e O Fera: Herdeiro do Mal; Batalha dos Imortais [Livro 4]

Sandara

***Travis

Aquela noite, não me parecia ser uma noite comum...

Eu já sabia que minha tia havia me obrigado a voltar para casa, por algum motivo específico, que não podia ser tratado ao telefone... Algo me dizia que, ela estava tramando algo que ainda não havia me revelado de forma clara. De certo modo, eu temia a verdade.

Mesmo temeroso com o que poderia me acontecer no futuro, eu não podia me negar a ajudá-la... Afinal, foi ela quem me criou. Eu devia a minha vida e todo meu respeito a ela. Ela, apesar de rígida, sempre demonstrou bastante preocupação comigo... Fez de tudo que pôde para que eu crescesse forte, saudável e acima de tudo, inteligente.

Eu estava sentindo bastante frio após tomar o meu banho noturno, por essa razão, me agasalhei o máximo que pude. Uma ventania bastante estranha fazia com que as árvores do lado externo da casa rangessem de uma forma que me causavam um certo desconforto... Um sentimento de mau presságio me invadia... Era como se algo de muito ruim estivesse por vir.

Ao contrário do que eu sabia sobre o passado de meu pai, minha tia não vivia nos luxos. Nós morávamos em uma casa simples de dois quartos localizada a alguns quilômetros de GouldenCity, eu tinha muitas lembranças de minha infância naquela velha casa de campo.

Os arredores tinham muitas vegetações de variados tipos. Embora o verde das plantas fosse bastante raro de ser presenciado devido ao frio na maior parte do tempo, era impossível negar que aquele lugar tinha sua certa beleza... Porém, eu sentia que era uma beleza obscura.

Sobre o meu passado, eu sabia o que minha tia havia me revelado conforme eu ia crescendo. E era por essas histórias, que ela me convenceu a me relacionar com primeiro filho do homem que deu-me a vida.

No início, eu não sabia exatamente quais eram as intenções de minha tia. Thales me parecia ser uma pessoa bacana, mas julgar um livro pela capa, não é algo racional de se fazer... Decepções podem ser inevitáveis quando alimentamos falsas expectativas. E aprendi com a mulher que me criou, a não confiar em olhares ternos e palavras doces. Ela criou-me para que eu me tornasse uma fortaleza impenetrável... Um coração de titânio.

Depois de me vestir adequadamente, procurei minha tia por toda a casa... Não a encontrei.

Olhei a varanda externa... Sem sucesso. Ela também não estava lá. Por fim, decidi ir até à entrada do porão, lugar da casa que era proibido a mim desde que eu me entendia por gente. Lembro de quando eu era pequeno, a mulher sempre dizer: "Em hipótese alguma desça àquelas escadas".

Atingi minha adolescência ciente de que aquele lugar não era pra mim. Às vezes eu ficava curioso para saber se ela me escondia algo naquele lugar, mas o medo de irritá-la era maior que qualquer outra coisa. Eu não podia decepcionar a única pessoa que eu confiava, pois já havia a prometido que jamais colocaria meus pés no seu porão misterioso. Não podia dar motivo para a única pessoa que sempre me deu amor, decepcionar-se amargamente comigo.

- Tia!!! Está aí???!!! - Gritei logo que chegue próximo à porta.

Depois de alguns instantes de silêncio, seguido por alguns estalos e tinidos quase que imperceptíveis a qualquer audição, ouvi a mulher gritar de volta com sua característica voz meio rouca:

- Já vou subir, Travis! Me espere na sala!!!

- Okay! - Foi a única coisa que respondi.

Dei meia volta e fiz o que ela havia pedido.

Chegando na pequena sala pouco iluminada, sentei-me no sofá e liguei a TV em um volume muito baixo. O som da ventania do lado de fora, quase que abafava por completo o áudio da programação aleatória que passava na TV.