A Dríade II

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***Rafael

A feiticeira, totalmente apática e em silêncio, deu a volta na grande mesa bruta de madeira que a mantinha afastada de nós. Eu observava atentamente cada um de seus movimentos lentos.

Ela aproximou-se de Luna e, com muito cuidado, começou a tocar os cabelos da moça com certo carinho e cuidado... Aos poucos, seu semblante apático foi dando lugar a um curioso olhar de admiração.

— Está tudo bem?! — Perguntei, sem me levantar de onde estava.

Com a mão direita, que estava livre enquanto a outra afagava os cabelos de Luna, a feiticeira ergueu o dedo indicador até à altura dos lábios e soltou um longo e sonoro:

Shiuuuu!

Percebi que a mulher queria silêncio. Ela estava totalmente concentrada no que fazia. Depois de alguns instantes parada em frente a outra, ela começou a circular a menor a examinando de cima a baixo com seu olhar atento.

Após algum tempo, ela voltou a parar de frente para Luna e disse em tom de surpresa:

— Por Merlin!!! Isso é inacreditável!!!

— Posso falar agora? — Perguntei.

A mulher me encarou, franziu a testa e disse:

— Vai... Fala!

— E, então?... Tem alguma idéia do que ela possa ser?

— Mas é óbvio! — Ela respondeu quase que na mesma hora.

— Jura???!!! — Luna mostrou total entusiasmo ao ouvir minha velha amiga responder aquilo.

— Mas é claro!!!

Ao reafirmar sua resposta anterior, Beatriz aproximou-se ainda mais da mesa e estendeu a mão direita em direção ao tripé que ficava em um local de destaque, aos fundos da biblioteca.

Quando olhei para a mesma direção, me dei conta do que ela estava fazendo. O grande e antigo livro, que no passado havia ajudado a feiticeira esclarecer várias dúvidas sobre as catástrofes que nos assolavam, levitava em nossa direção.

— Tá de brincadeira! — Sussurrei surpreso.

— Pois não estou! — Exclamou Beatriz, assim que pousou o livro sobre a mesa causando um estalo.

— Não me diga que... — Engoli em seco.

Antes que eu pudesse continuar a expressar qualquer idéia minha, Beatriz me silenciou tomando a palavra:

— Depois de tudo que aconteceu há dezoito anos atrás, eu passei muito tempo estudando este livro, Rafael!... — Ela começou a folhear o mesmo. — Ficou muito claro para mim que não se trata de coisas fantasiosas. As coisas escritas aqui são muito reais... Agora, eu tenho ainda mais certeza disso. Olhe só para a sua amiga!

— Mas... — Tentei justificar.

— Jura que ainda vai ficar nessa de negação, Platinado?! — Ela revirou os olhos enquanto continuava a folhear as páginas amareladas pelo tempo. — Você viu, com seus próprios olhos, acontecer tantas coisas descritas aqui. Fico surpresa que ainda duvida de material tão valioso.

— Não é que eu não acredite... — Expliquei. — Muito pelo contrário, acredito e muito... Afinal, eu fui um dos que teve o corpo possuído por um ser celestial. Nem que eu quisesse, eu poderia negar a isso! A Questão aqui é... Eu não acho que possa haver alguma informação aí que possa nos ajudar a descobrir o que realmente Luna é!

O Belo e O Fera: Herdeiro do Mal; Batalha dos Imortais [Livro 4]Onde histórias criam vida. Descubra agora