Assombro II

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***Rafael

Entrei na sala empurrando a porta com certa força. Eu estava totalmente cegado pela preocupação. Logo atrás de mim, vinha Beatriz, também bastante perturbada com os sons um tanto agoniantes que havíamos acabado de ouvir.

Parei em meio ao percurso. Foi quando avistei Íris, totalmente apática, parada próxima à lareira com os cabelos desarrumados. A garota tinha os olhos arregalados e mirava o chão, mais especificamente o local próximo ao tronco do carvalho, onde Luna estava deitada.

Engoli em seco, antes de olhar para a mesma direção que a filha de Bia estava olhando. Congelei totalmente quando vi Luna se debatendo. A mesma parecia estar tendo um ataque epilético. Sua aparência dríade era ainda mais visível.

Passando diretamente por mim, senti uma leve brisa tocar o meu rosto, quando a Mor correu em direção à filha. Ela envolveu Íris nos braços, e berrou:

— O que houve, minha filha?! Você está bem?!

Com a voz trêmula e quase falhando por completo, a garota respondeu:

— Eu não sei, mãe... Ouvi um grito e uns sons horrorosos!... Tinha acabado de acordar... Corri para ver o que era e, vi a Luna desse jeito!

— Calma, querida, vai ficar tudo bem, okay?! — Beatriz soltou a garota.

— O que está acontecendo com ela, mãe?! — Sem entender nada, ela perguntou.

— É o que vamos tentar descobrir! Agora, preciso que volte para o quarto! Não quero que veja esta cena! — A Mor disse em tom autoritário.

— Mas... Mãe...

— Sem mais, Íris! Vá!... Agora! — Bia, ordenou pela última vez.

Sem questionar a mais velha, a garota fez o que lhe foi ordenado imediatamente, correndo de volta para o quarto.

— E você?! Vai ficar parado aí?! Venha me ajudar!!! — A voz de Beatriz, num choque, fez com que eu voltasse a realidade.

A feiticeira correu em direção ao local em que nossa amiga permanecia deitada, se debatendo com cada vez mais intensidade, agachou-se ao seu lado, e segurou sua cabeça para evitar fortes impactos contra o assoalho.

Corri ao encontro das duas e me posicionei junto a elas. Foi então, que percebi o quanto Luna transpirava.

Seu suor era frio, seu gemido propagava-se pela sala como se uma grande e incontrolável dor a consumisse por inteiro. Vê-la sofrendo daquela maneira, estava me causando um sentimento atormentador.

Senti um peso no peito. Como se uma tonelada de concreto tivesse sido derrubada sobre o mesmo. Uma vontade de chorar me invadiu... Um sentimento come que, se eu estivesse perdendo Luna, me tomou por completo. Eu estava perdendo as esperanças.

Vendo meu estado lamentável, Beatriz fez uma careta de desaprovação. Ainda segurando a cabeça de Luna com firmeza, a mulher me olhou diretamente nos olhos e gritou:

— Rafael!!!

Dei um leve quique no lugar. Com o susto, meu estado de anestesia momentânea passou. Finalmente, eu conseguia focar melhor no que estava acontecendo diante de mim.

Pisquei os olhos seguidas vezes, na tentativa de segurar o pranto que queria escapar. Olhei para a mulher ao meu lado, e perguntei:

— O que foi?!

O Belo e O Fera: Herdeiro do Mal; Batalha dos Imortais [Livro 4]Onde histórias criam vida. Descubra agora