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***Rafael

Assim que voltamos ao grande salão, Beatriz fez a gentileza de nos acompanhar até próximo à porta de saída.

Depois de uma longa e conturbada conversa, com tantos esclarecimentos e injeções de esperança, tudo que eu precisava era tirar algum tempo para relaxar... Creio que a pequena Luna também necessitava muito de um descanso após aquilo tudo, ela tinha muitos pensamentos para pôr em ordem.

— Vocês irão ficar bem? — Perguntou a feiticeira, nos olhando com certa preocupação nos olhos. — Há algo mais que eu possa fazer por você, Luna? — Finalizou fitando a outra diretamente.

— Agora eu acho que vou ficar bem sim. — Respondeu minha amiga, com um sorriso amarelo estampado nos lábios. — Depois de tudo que conversamos consigo, enfim, ver uma luz no fim do túnel, após tantos anos vivendo numa completa escuridão.

Beatriz deu um passo em direção à ela, pousou sua mão direita sobre seu ombro esquerdo, deu um profundo suspiro e disse:

— Não há nada neste mundo que me deixe mais feliz do que poder ajudar boas pessoas como você... Pode contar comigo para o que precisar, sempre! Não hesite em me procurar quando que precisar de alguma ajuda, minha cara.

— Muito obrigada! — Luna estava com a voz trêmula.

— Não há de quê... — Continuou a outra. — E pode ficar tranquila... Assim que eu tiver finalizado a poção, você terá notícias minhas.

— Sério... — Comecei a falar. — Eu nunca vou ter palavras o suficiente para agradecer tudo que está fazendo por ela, Beatriz.

— Somos amigos, apesar de tudo, Platinado. — A mulher sorriu de forma meiga. — Tudo bem que sempre tivemos os nossos desentendimentos... Às vezes você me faz querer te matar! Mas somos como uma família. Que familiar nunca sentiu uma vontade incontornável de quebrar o pescoço de algum semelhante seu em algum momento, não é mesmo?

— Verdade. — Concordei apertando os lábios, na intenção de conter o meu riso.

— Bem... Já que estamos conversados, vamos indo embora agora. — Disse Luna. — Já tomamos demais do seu tempo e sabemos o quanto está atarefada.

— Verdade! — Confirmei. — Sabemos que amanhã é o seu grande dia e o de Thales também... Mas não dava mais para adiar esse assunto. Eu precisava tirar esse peso de minhas costas.

— Não se preocupem com isso, gente... Vocês fizeram muito bem em vir. — Beatriz afastou-se de Luna e fez um instante de silêncio. — Além do mais, me encheram de alegria. Estou tão entusiasmada por conhecer pessoalmente alguém de um Clã diferente. Não achei que fosse viver para tal coisa!

— É... — Luna me olhou de lado. — Pelo menos alguém ficou feliz com toda essa história confusa.

— Né?! — Sorri.

Acabamos sendo interrompidos por batidas nas grandes portas duplas de madeira. Eu e Luna, que estávamos de costas para as mesmas, nos viramos na mesma hora e nos afastamos um pouco. Beatriz ergueu sua mão direita e fez com que num estalo elas fossem abertas, revelando do lado de fora dois homens carregando algumas sacolas.

Eu não conhecia aqueles dois... Com certeza me lembraria se seus rostos me fossem familiares. Vasculhei minhas lembranças em busca de qualquer memória que pudesse ligar meu passado a algum deles, mas não encontrei absolutamente nada.

Um deles era bastante magro e baixo. Seu corpo era ainda mais franzino que o de Thales. Seu cabelo espetado e barba por fazer os davam um ar jovial e talvez até rebelde. Também notei que um lado de seu pescoço era tatuado, assim como uma de suas mãos que era totalmente coberta por um curioso desenho preto.

O Belo e O Fera: Herdeiro do Mal; Batalha dos Imortais [Livro 4]Onde histórias criam vida. Descubra agora