Manhã De Incertezas

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***Rafael

Silêncio...

Flashbacks com cenas que mais me pareciam de um sonho louco, começaram a inundar minha mente atordoada... Eu só conseguia enxergar a escuridão de minhas pálpebras.

Sussurros, gemidos de prazer e fome sexual... Tudo começou a ficar bastante claro em meus pensamentos.

Sonho? Realidade? Como distinguir o que era realidade ou fantasia?

Um forte sentimento de ansiedade possuiu-me por completo. Lentamente, comecei a abrir os meus olhos... Minhas pálpebras pareciam pesar toneladas.

Medo e culpa? Por quê?

Fitei o teto. Notei que eu estava em um local bastante conhecido por mim no passado... Era um dos alojamentos do Conselho.

Mesmo o lugar estando pouco iluminando, eu já conseguia ver alguns detalhes que me faziam ter certeza de onde eu estava.

— Que sonho louco! — Sussurrei para mim mesmo. Minha fraca respiração, parecia estar falhando. Meu coração estava acelerado.

Passei a mão direita sobre os olhos, na intenção de espantar para longe o intenso sono que eu ainda sentia. Com bastante cuidado, peguei a ponta do edredom que estava sobre meu peito nu e o ergui... Notei que estava totalmente despido.

— Não!!! — Murmurei.

Um pânico descomunal preencheu todo o meu ser naquele momento. Eu não queria acreditar que talvez, aqueles flashbacks fossem memórias da noite anterior.

Olhei para o meu lado direito, na enorme e confortável cama. Notei o que pareciam ser silhuetas cobertas por um outro grosso, e um tanto pesado, edredom.

Com bastante cautela, sentei-me sobre o colchão, fazendo o mínimo de barulho possível. Minha boca estava seca... Meu estômago começou a revirar.

Estendi minha mão sobre o edredom ao lado... Em um movimento brusco, e conduzido por um sentimento de medo, puxei o mesmo para baixo, revelando os corpos nus de Thales e Miguel, bem ali, na mesma cama que eu.

— Não... Não! Não! Não! — Cuspi seguidas vezes a mesma palavra.

Em um salto, me pus de pé abandonando a cama em que o casal permanecia, no que me pareceu ser um sono profundo. Eu perdi totalmente a noção dos meus atos seguintes.

Praticamente as cegas juntei minhas roupas, que se encontravam espalhadas por todo o chão do quarto, vesti tudo de qualquer maneira, para abandonar logo o local e não ter que olhar para nenhum dos dois quando acordassem.

Senti um forte amargor na boca, talvez por exagerar tanto na bebida na noite anterior... Sem mesmo abotoar devidamente a calça, caminhei com urgência até a porta e fugi do local como alguém que havia acabado de cometer um crime e estivesse largando a cena de forma desesperada.

Bati a porta atrás de mim e saí perambulando pelos corredores do Conselho, totalmente cegado pelo medo e arrependimento.

***

Adentrei a cozinha que estava totalmente vazia. Todo o lugar estava bastante silencioso, com certeza todos ainda deviam estar em um sono profundo, pois a noite anterior havia sido longa e cansativa.

— Que merda eu fui fazer?! Mas que caralhos!!! — Eu não conseguia controlar minhas palavras.

Caminhei até um lavabo ao lado da porta de entrada da cozinha, joguei uma água no rosto e nem sequer sequei-me.

O Belo e O Fera: Herdeiro do Mal; Batalha dos Imortais [Livro 4]Onde histórias criam vida. Descubra agora