Dor da Morte

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***Gabriel

Os gritos agonizantes daquela pobre criança podia ser ouvido por toda a casa. Para não chamar a atenção da vizinhança, Plínio, executou um feitiço de contenção, para que o som não se propagasse para o lado externo.

Todos os moradores estavam apreensivos e também curiosos sobre o que estava se passando dentro de nosso quarto. Meu parceiro não deu muitos detalhes aos outros membros do meu Clã, apenas pediu que eles ficassem calmos, avisou que assim que a situação estivesse sob controle, eu os informaria melhor sobre todo o ocorrido.

A noite, que era pra ter terminado com chave de ouro, claramente se transformou em um grande pesadelo... Estava mais do que claro, que seria uma longa e conturbada madrugada.

Eu tentava manter a criança sob controle. Segurava suas mãos enquanto a mesma contorcia-se e urrava de dor, suava frio e gritava chamando pela mãe.

Plínio estava de pé próximo à porta, encarava toda aquela situação com olhos arregalados e roía as unhas, demonstrando um alto nível de ansiedade e talvez pavor. Acho que eu nunca havia enxergado tamanho desespero nos olhos de meu companheiro.

— Por Merlin!!! Tem certeza que não há nada que possa ser feito, para impedir que essa criança se transforme em um de vocês, Gabriel???!!! — Não aguentando mais, ele desabafou.

Com muita dificuldade, enquanto continuava tentando segurar a garotinha, olhei para ele:

— Infelizmente, não há o que possa ser feito, Plínio! Uma vez que o veneno se espalhe pela corrente sanguínea, não há mais volta!... Se quem fez isso tivesse drenado todo o sangue, ela estaria morta agora, e não passando por todo esse sofrimento.

— Mas que grande desalmado! — Exclamou ele. — Será que a intenção da pessoa era realmente essa?... Transformar essa pobre menina?!

— Não sei, amor... Não sei... Mas isso nem é o pior... — Abaixei minha visão para a garota, que começou a gritar ainda mais sobre a cama.

— Ainda piora?! — Eu conseguia sentir toda a indignação na voz do meu parceiro.

— Se ela sobreviver, teremos grandes problemas!

— O que quer dizer com isso?! — Perguntou surpreso... Parecia estar com medo de ouvir a resposta.

Segurando os braços da menina, ergui minha cabeça para encarar Plínio diretamente... Falei com a voz trêmula, por conta dos solavancos que eu estava recebendo:

— Ela é só uma criança, Plínio... Não tem controle sobre suas vontades, não conseguirá controlar seu apetite por sangue facilmente. Quando um adulto ou adolescente é transformado, como foi no meu caso, já é bastante difícil se controlar... Imagine para ela?!

— Por Merlin!!! — Ele começou a caminhar de um lado para o outro. — O que vamos fazer???!!!

— Não faço a menor idéia... — Fui sincero. — Por isso eu pedi que chamasse Beatriz!... Falando nisso, cadê ela???!!!

— Amor, eu já liguei pra ela! Ela disse que já estava à caminho! Não posso fazer muito mais do que isso!!! — Plínio estava cada vez mais nervoso e angustiado.

Depois que levantamos tais questões, não demorou muito para ouvirmos batidas na posta do quarto. Totalmente desnorteado, meu parceiro caminhou até a mesma com urgência.

Ao abrir, ouvi ele dizer para quem estava do lado de fora:

— Por favor, entrem!!!

O Belo e O Fera: Herdeiro do Mal; Batalha dos Imortais [Livro 4]Onde histórias criam vida. Descubra agora