Assombro III

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***Rafael

Eu estava totalmente estupefato, olhando para o tronco do carvalho.

O pavor que havia me invadido ao presenciar àquela cena, era difícil de explicar. Por um momento, eu senti que tudo estava perdido.

— Rafael!!! — A voz de Beatriz, carregada de pânico, ecoou pela minha mente.

Ainda sem muita reação, olhei para a feiticeira ao meu lado. Senti meus olhos serem totalmente afogados pelas lágrimas. Não pude mais... Não tive mais forças para me controlar.

— Por favor, Rafa... Você precisa se concentrar, agora, antes que seja tarde demais! Não estou com um bom pressentimento!

— Não está com um bom pressentimento?! — Perguntei incrédulo, enquanto revirava os olhos. — Pode, por favor, me dizer o que foi que acabou de acontecer aqui?!

— Eu explicaria, se soubesse... Mas mesmo que eu fosse a pessoa mais inteligente do mundo, e tivesse resposta para a sua pergunta, estamos sem tempo! Você precisa fazer o que eu te pedi... Agora!!!

A seriedade, misturada com um certo medo, estampavam o rosto daquela mulher, antes tão confiante. Diante daquela situação, ela parecia tão desnorteada quanto eu.

Mordi os lábios inferiores com força, na intenção de conter o meu choro. Os músculos do meu corpo estavam trêmulos. Eu nunca havia experimentado tal sensação antes.

— Rafael, por favor... Faça!!!

Enquanto Luna se contorcia em nossos braços e seus gemidos ecoavam pelo cômodo, Beatriz tentava manter-se firme, na tentativa de me passar a segurança que eu tinha acabado de perder depois daquele incidente macabro.

Olhei para a Mor uma última vez e, por fim, fitei Luna atentamente. Notei que a cor de seu rosto estava desaparecendo. Aquilo, com certeza, não era um bom sinal.

Inclinei-me um pouco mais para a frente. Com a mão direita segurei a sua esquerda com vontade. Pousei minha mão esquerda sobre o lado direito do seu rosto e, com a voz trêmula, comecei a falar:

— Luna... Por favor, se estiver me ouvindo, eu preciso que preste muita atenção! Escute somente o som da minha voz, minha querida amiga, eu lhe imploro!

Os gemidos dela se intensificaram. Era como se ela estivesse sentindo a pior das dores, porém seguisse lutando... Algo que, nem se eu tentasse, conseguiria imaginar. Ela começou a se contorcer ainda mais. Por alguns momentos, a impressão que me era passada, era de que os ossos do seu corpo haviam desaparecido.

Observar aquilo tudo, estava se tornando quase que impossível para mim.

— Continue, Rafa. — Pediu Bia, sussurrando angustiada.

Respirei profundamente por um momento, na tentativa de tornar as palavras ditas por mim, a seguir, mais firmes. Mas eu já sabia que qualquer tentativa de controlar minhas emoções diante daquela situação desesperadora, sairia frustrada.

— Amiga, me ouça... — Continuei mirando o rosto tomado pela dor daquela moça. — Eu não sei o que está acontecendo com você! Não sei o que está passando aí dentro, mas... Por favor, eu preciso que você seja forte e lute contra qualquer coisa que queira te causar mal... Eu preciso que você lute para sair daí. Volte para mim, Luna... Volte para os amigos que você conquistou com esse seu jeito meigo e misterioso e que, não suportariam te perder. Nós estamos aqui por você! Por favor, não nos deixe!!!

Já não sabia mais o que dizer... Meu estoque de palavras bonitas havia se esgotado. Eu estava frustrado, pois minhas investidas pareciam não estar rendendo qualquer resultado positivo. Luna se contorcia e gritava cada vez mais. Seus gemidos, me causavam dor de certa forma.

O Belo e O Fera: Herdeiro do Mal; Batalha dos Imortais [Livro 4]Onde histórias criam vida. Descubra agora