Capítulo 25

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| A L I C E |

— Não vou subir nisso. — balanço a cabeça em negativa e puxo meu celular — Vou chamar um motorista. — resmungo.

— É moto o nome. — acrescenta e pega meu aparelho, colocando no bolso da sua blusa grossa.

— Você não pode fazer isso. — retruco e tento alcançar, mas ele se afasta rapidamente.

— Posso fazer qualquer coisa. — diz e me estende um capacete. Recuo um passo e ele suspira alto — Vou devagar. — avisa.

— Então vamos a pé. — sorrio e Nathaniel fecha os olhos brevemente. Acho que está tentando recuperar algum controle. Parece um pouco irritado, mas não tenho culpa. Já vi tantos acidentados na emergência, que não tenho a menor intenção de entrar para as estatísticas. 

— Você está parecendo uma criança, Alice. Sobe logo. — retruca impaciente — Ou te amarro no banco. 

— Se por um momento achar que está rápido demais, vou beliscar você. — ele se senta e oferece o capacete outra vez.

— Serei cauteloso. — coloco aquela coisa na minha cabeça e apoio no seu ombro, ao passar a perna pela lateral e me ajeitar no assento macio. Seguro com força os dois ferros para não ter que segurar na sua cintura. Posso sentir meus dedos tremendo conforme ele começa a se movimentar. Aperto os olhos e fico assim — Passa os braços em mim. — ouço, mas finjo que não. Não vou fazer isso. Não mesmo. Não sei como me comportar em cima de uma moto e é capaz de derrubar nós dois. 

Com o tempo, começo até a gostar. É uma sensação de liberdade meio diferente. Não é assim tão ruim. Claro que nessa velocidade parece que estamos em um carrossel, passeando em algum parque de diversão, mas ainda assim, é gostoso. Nathaniel deve estar odiando, mas esse é um preço pequeno a se pagar por todo mal que vem causando na minha vida. 

O vento acerta meu rosto e me escondo atrás do corpo dele, e após alguns metros, sinto a redução e quando cessa completamente, solto meus dedos, abrindo e fechando a mão algumas vezes antes de descer. 

— Sobrevivemos. — murmuro ao estar de volta ao chão em segurança.

— Por pouco. Quase morri de tanto tédio. — sussurra e faço uma careta. Que engraçado.

Espero que tenha um pente na sua casa. — passo os dedos pelos fios embaraçados e desisto quando vejo que se formou um ninho na minha nuca. 

Sigo Nathaniel pelo corredor em silêncio. A realidade do que preciso fazer e de que ficarei com ele nos próximos dias, faz minha cabeça girar. Isso vai ser um desafio e tanto. Não que eu queira, mas será mais fácil descobrir coisas sobre ele agora. Ele não pode atuar o tempo todo dentro da sua própria casa, não é?

— Pode ficar nesse quarto. — ele empurra uma porta e acende a luz  — Fico aqui ao lado, caso precise de algo. 

— Tudo bem. — digo e ele bate seu ombro de leve em mim.

— Não precisa ser tudo horrível, só precisamos nos aturar até tudo terminar. — sorrio meio sem graça e pensando se realmente não estou me enfiando em mais problemas ainda.

— Vamos tentar não nos destruir, então. — coloco a mochila no piso e percebo que ele ainda continua perto demais. Pigarreio e cruzo os braços — Quer fazer agora? 

— Sim. — sua voz rouca soa quase inaudível.

— Só preciso mandar dois e-mails e ligar para os meus pais. — termino de falar, mas ainda estou acompanhada — Sozinha. — explico e ele sorri, entendendo a minha insinuação.

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