Capítulo 47

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| A L I C E |

No começo não tinha acontecido nada e isso me preocupou um pouco, embora tudo indicava que nos pertencíamos de um jeito que ainda não posso entender, eu não estava cega. Sabia que as chances disso funcionar eram mínimas, mas não posso negar que estava gostando demais do seu corpo pressionando o meu para desistir tão rapidamente. Então, aproveitei.

Não sou idiota. Eu estava sem minhas memórias naquela hora, mas não estava sem meus olhos. O homem é um maldito deus e nunca fugiria de um desafio tão delicioso daqueles.

O aperto dolorido no pé da minha barriga parecia ficar mais firme a cada segundo, pois Nath me beijava e eu cedia.

Acariciava minha pele e eu cedia. 

Simplesmente, respirava e eu cedia. 

O final disso era tão previsível quanto a chuva em um final de dia no verão. Era inevitável e mesmo assim, desejada.

Estava sentindo mais e mais, permitindo que o desejo me consumisse e ignorando qualquer pensamento racional, mas quem diria não para isso? Certamente, eu não seria tola assim.

Eu estava diferente, sabia disso também. Mas com ele tudo parecia mais normal, mesmo não sendo uma verdade absoluta, minha vida parecia ter se encaixado de alguma maneira.

Ele, realmente, era a chave, mas eu já tinha aberto a porta no momento em que decidi vir atrás dele. Estupidez ou não, foi a melhor coisa que fiz.

Suas mãos deslizavam pelo lugares certos e a cada respiração que eu soltava, mas me sentia dele. Sua boca era quente e macia, e tão boa. Eu fiquei imersa e perdida em sensações, que quando tudo voltou, apenas precisei me afastar para recuperar o fôlego. 

Ele pensou que não tinha dado certo. Céus, que bom que estava errado, porque eu só conseguia observá-lo. Nenhuma palavra parecia perfeita, mas seus olhos tristes e distantes, era uma faca direto no meu peito. Não poderia deixá-lo nessa agonia, então foi como se os portões na minha garganta fossem abertos e o carinho, a emoção que vi estampada ali, sem máscaras e sem reservas, foi a coisa mais bonita que já vi alguém sentir por mim.

Era cru. Puro. Especial.

Havia entregado meu coração para ele e sem saber, estava com o seu em minhas mãos também. E eu trataria seu coração como o maior dos tesouros, porque o valor era inestimável. Uma preciosidade sem medida.

— Alice. — sua voz é uma mistura gigantesca de felicidade e incredulidade — Você é uma coisinha esperta. — sussurra antes de provar meus lábios outra vez. Estávamos nos beijando muito e ainda assim, parecia não ser o suficiente — Pensei que tinha perdido você para sempre, querida. 

— Não poderia tornar as coisas fáceis para você. — digo quando uma lágrima solitária escorre pela minha bochecha e sorrio, recebendo de volta o sorriso mais bonito que já vi na vida — Eu não queria aquilo. — murmuro — Você se tornou importante demais, Nathaniel.

— Queria que fosse capaz de sentir o que estou sentindo agora. — ele leva minha mão ao seu peito e sinto seu batimento acelerado na minha palma — Não pensei que ficaria um caco, mas fiquei. — sua confissão faz meu coração ficar tão quente, tão cheio, que passo meus braços ao redor do seu corpo e o abraço com força.

— Estamos juntos agora. — acrescento — Isso é o que importa.

— Sim. — a vibração grossa do seu timbre retumba alto no meu ouvido e ergo o olhar até ele.

— Não sei o que vai acontecer agora. — digo séria. E realmente quis dizer isso. Ele tinha uma regra a seguir, pelo que entendi, então a consequência disso vai chegar até nós em algum momento.

— Eu sei. — diz e aquele riso de lado, insinuando algo que faz minhas pernas fraquejarem de vontade, parece nublar a minha visão. Solto um pequeno grito quando ele me levanta em seus braços — Vamos para o meu quarto. — avisa e caminha pelo corredor, comigo grudada nele e eu apenas feliz, inspirando aquele perfume que nunca me abandonou.

É isso. 

Estou apaixonada e esse sentimento é tão forte que transcendeu qualquer barreira, derrubando as paredes da minha mente facilmente como um castelo de areia, porque eu tinha, de alguma forma, voltado por ele e nunca poderia me arrepender disso.

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