Capítulo 35

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| N A T H |

O dia já está amanhecendo quando chego ao alto da montanha. Rodei durante horas sem qualquer destino, até me ver adentrando entre as folhagens secas, com pedras voando conforme o pneu da moto passava sem dificuldades. Eu subia mais a cada segundo e ainda não estava satisfeito.

Por favor, Nathaniel. Não faça isso.

A suplica na sua voz me assombrou por cada minuto desde que fui embora da sua casa. A cada vez que suas palavras pareciam pressionar meu peito, virava mais a mão. Acelerando e aumentando a velocidade. O vento cortante e gelado ainda não afastava a sensação de bosta que sentia. O que eu não deveria por inúmeros motivos. Não deveria sentir nada.

Mas senti.

Não vamos falar sobre isso, Alice. — murmurei e arrastei minha língua por seu pescoço, sentindo sua pele se arrepiar com o rastro quente e úmido.

— Não quero esquecer isso. — sussurrou de volta e passou os dedos de um jeito provocante pela lateral do meu corpo — Não quero esquecer você. — acrescentou e cessei o carinho, segurando seu rosto e levantando seu queixo ao olhar diretamente nos seus olhos.

— Você precisa, querida. — avisei rapidamente e não dei a ela uma nova chance de outra conversa sobre esse assunto, porque voltei a beijá-la, segurando seu lábio entre os meus dentes e apertando. O gemido que escapou da sua garganta foi delicioso e como se meu corpo reagisse a cada estímulo dela, senti meu pau prestes a explodir no mesmo instante. Eu a queria pra caralho e a foderia pela última vez sem pressa e sem arrependimento. Alice seria minha essa noite, porque amanhã já não me reconheceria mais.

Estaciono próximo a uma pedra grande e apoio o capacete no guidão. Ando lentamente até a extremidade, onde a grama parece menor e mais seca, apertando a jaqueta com força por causa do frio.
Uma placa envelhecida indica a altitude e o nome do pico. Serra do Curral. A vista do mirante é de tirar o fôlego e ainda assim, um pouco mórbida. Talvez por causa da neblina que cobre parte da cidade, deixando a névoa branca esconder tudo ou por causa de todo o silêncio daqui, como se exibisse em um outdoor o quanto sou solitário. Ou qualquer outra merda. Não importa.

Os pássaros não cantam, estão malditamente quietos. O que é impressionante, honestamente. Pode ser que sintam o que está por vir, como se previssem o que se espreita nas sombras e escolhessem ficar de fora. Sábia decisão. Os galhos das árvores altas balançam em sintonia com a brisa da manhã, parecendo sussurrar uma para as outras enquanto se movimentam, inclinando para a frente, para depois voltar novamente do início. Esse lugar parece triste. 

Dobro os joelhos ao me sentar e passo os braços ao redor das pernas. Estou congelando e tremendo, mas sei que a razão não é essa. Esse calafrio não é por causa do vento ou do som fino que ele faz ao passear por entre os troncos. É por causa dela. 

— Meu Deus...  — eu a preenchia cada vez mais fundo e o barulho que emitia em cada estocada forte, implorando por mais, fazia minha cabeça girar de tanto tensão.

— Você é perfeita. — sussurrei no seu ouvido, antes de capturar a sua boca em um outro beijo. Enterrando com força e repetidas vezes. Cada vez com mais vontade. Cada vez não querendo ver o fim.  Alice estava se desmanchando em cima do meu pau e me enlouquecendo. A sua respiração alta se misturava com a minha e o calor da sua pele parecia incendiar tudo dentro de mim. A garota era pura brasa e eu estava a segundos de desistir, apenas para que ela se lembrasse do quão fodido era o nosso sexo. Do quanto sua boceta se encaixava perfeitamente nas minhas investidas.

— Nath.. céus. — quando meu apelido rolou pelos seus lábios, virei outra pessoa. Eu a fodi como um animal. Eu tinha me tornado um bicho dentro daquelas quatro paredes.

— Porra. — sibilei e tomei uma distância curta, apenas para virá-la de bruço. A visão do seu corpo embaixo do meu, tão vulnerável e delicado, despertou uma fera que eu nem sabia existir. Eu só queria mais dela — Levante o quadril. — ordenei e fui prontamente atendido. O cheiro do sexo empesteava minhas narinas. inspirei fundo e bati com a palma na sua nádega, antes de me enfiar nela novamente. O volume da televisão estava alta, o que me dava uma boa margem de barulhos sem que acordássemos seus pais. O atrito dos nossos corpos estava sem controle. Parecia não haver um meio termo. Era como se estivéssemos desesperados pelo alívio, mas, ao mesmo tempo, não queríamos chegar ao clímax. Estávamos perdidos um no outro. Um bolha gostosa pra caralho que crescia mais e mais, deixando apenas nós dois dentro. Um mundo novo criado apenas para aquele momento. Era uma tempestade.

— Mais forte. — ela pedia e eu obedecia. Linhas finas de suor escorriam pelas minhas costas, mas eu não me detinha. Minha mão se agarrava na sua coxa, enquanto a outra segurava seu cabelo, forçando seu corpo na minha direção. Apertava sua bunda em cada movimento até mim, até que ela estivesse completamente cheia.

— Cavalgue em mim, Alice. — e isso tinha sido meu erro, pois os seus seios balançavam ao meu alcance e a sua boca estava meio aberta, liberando a respiração em passadas curtas e sexy. Ela parecia a porra de uma deusa. Arqueei as costas e segurei a sua cintura, enquanto ela sentava e sentava, transformando meu corpo em seu próprio cavalo. Quando a sua cabeça se jogou para trás, no mesmo instante em que um gemido gostoso soprou da sua boca, libertando aquilo que procurava, senti o aperto no meu pau quase doer e não poderia aguentar mais. Ela me deixou no limite naquele momento. Na beira de perder a sanidade e eu não tive escolha. Cada gota que saiu de mim, parecia levar meu juízo junto, porque eu já não queria que ela se esquecesse de mim e isso só provava o quanto eu precisava me afastar logo. 

Fechos os olhos brevemente e cerro o maxilar. 

Ignorei o pedido dela.

Ignorei a pontada que queimava parte do meu coração, porque não entendia o que estava acontecendo e ainda não entendo. 

Ignorei as lágrimas que marcavam o seu rosto bonito e na dor que a sua expressão exibia.

Era para ser tudo simples. Rápido e eficiente. Sem emoções e sem arrependimentos. Só que parece ter sido ao contrário. Foi difícil demais e a imagem dos seus olhos apagados depois do que precisei fazer, como se eu tivesse tirado aquele brilho com as minhas próprias mãos, foi uma sensação estranha. Nenhuma malcriação. Nenhum sorriso sarcástico. Apenas o vazio e a indiferença. Eu tinha me tornado um nada para ela e isso não foi, nem de longe, tão bom quanto imaginei que seria.

Eu havia decidido deixar tudo para trás. A máscara sem emoção estava de volta, grudada na minha cara como uma tatuagem e quando dei as costas, indo embora depois tirar as suas lembranças, mesmo não sabendo como, uma parte de mim ficou com ela. Eu não estava mais inteiro e isso estava acabando comigo, porque eu não poderia ser de ninguém além de mim mesmo e do propósito ao que servia.

Acompanho a cidade acordando daqui de cima e suspiro cansado. O sono parece ter dobrado de tamanho em poucos minutos e coço os olhos com a intensidade do ardor. Não consigo me livrar do pensamento de que talvez sua memória pudesse ser tão resistente tanto quanto foi ao meu poder. Merda. Eu nem deveria desejar uma porcaria dessa, mas parte de mim gostaria que ela conseguisse se lembrar de qualquer coisa sobre nós de algum jeito.

Mas não existe nós. 

Não agora e muito menos depois de tudo.

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