Diário de uma Virgem [Concluído]

Sete

Oi meus amores, tô passando no comecinho do capítulo pra lembrar vocês de votarem e comentarem se estiverem gostando da história. Ajuda muito <3

23 de Fevereiro, Sexta-feira

09h23 - Noite passada foi a melhor noite de sono que tive nos últimos tempos. Dessa vez não acordei chorando, apesar de ter ido dormir com o rosto banhado de lágrimas. O estranho é que me senti bem durante a noite, me senti protegida, não sei explicar. E quando acordei hoje de manhã, parecia que alguém estava fazendo carinho no meu cabelo. Alguém não, ele. Só ele mexia no meu cabelo.

E não estou com medo. Claro que não era real, por mais que quisesse que fosse. Acho que a saudade que sinto está me fazendo ver coisas que não existem.

22h58 - Que raiva! Meu irmão nunca foi de sair muito e hoje que eu estava contando com a presença dele aqui em casa, para me deixar mais tranquila, ele resolve ir numa festa. Tentei argumentar de várias formas. Falei que poderia ir outro dia; que festas nem são tão legais assim. Mas não adiantou. Até que apelei para a nossa mãe, falei que ela não deixaria ele ir em uma festa, justo no fim de semana que ela não está. Ele rebateu dizendo que a mãe tinha deixado e ainda completou dizendo:

- Você deveria sair mais vezes. Seria muito melhor do que ficar em casa como uma louca, vendo coisas que não existem.

Isso me enfureceu, então entrei no meu quarto e tranquei a porta. Nem vi quando saiu.

Suas palavras também me magoaram, porque sei que não é normal essas coisas que tem acontecido comigo e, apesar de não gostar de festas, queria sair também. Lembro que todo fim de semana era arrastada para um lugar novo e diferente. Sinto falta disso.

Pronto, comecei a chorar de novo. Parece que só faço isso ultimamente. É exaustivo.

24 de Fevereiro, Sábado

04h10 - Acabei de acordar. Não tive o pesadelo costumeiro, então não sei o que me despertou tão cedo.

A casa está silenciosa, exceto pelos roncos do meu irmão. Não me lembro de ter ouvido ele chegar, na verdade, não me lembro nem de ter ido dormir. A única coisa que vem a minha mente enquanto tento repassar a noite passada, além da discussão com meu irmão e de escrever sobre isso aqui, foi um sonho muito similar ao que eu tive algumas noites atrás.

Estava deitada na cama, como estou agora, quando ouvi ele me chamar. Novamente o vi parado perto da porta do meu quarto. Estava lindo como sempre, com os cabelos castanhos perfeitamente desarrumados, os olhos castanhos e gentis emoldurados por longos cílios. Até as cicatrizes estavam ali, uma pequena no queixo e duas paralelas no braço esquerdo. Porém havia algumas coisas diferentes, sua pele antes morena, estava pálida, como se ele estivesse doente. E seu sorriso cafajeste tinha traços de tristeza. Isso sem falar que havia algo nele todo, que fazia parecer um holograma ou algo assim. Seu corpo parecia um pouco transparente, como se fosse sumir a qualquer momento.

O engraçado é que não me lembro do resto do sonho. Só lembro disso, dele parado ali, me olhando. Como se esperasse que eu fizesse algo. Gostaria de saber o quê.

20h01 - Está confirmado. Enlouqueci.

Não tem outra explicação para o que aconteceu. Mal consigo raciocinar para escrever aqui, mas preciso tentar entender.

Como ainda estava brava com meu irmão e não estava a fim de falar com ele, passei grande parte do dia no meu quarto. Lá para as 18h00, quando o sol estava começando a se pôr, o Milo, que estava deitado na minha cama, levantou e começou a latir para a porta. Já fiquei em alerta, com o coração batendo a mil.

No momento em que toda a luz do sol se foi e o quarto ficou escuro, liguei a lanterna do meu celular por que estava morrendo de medo. Foi então que o Milo avançou. E ele estava lá, parado perto da porta, encarando o Milo que não parava de latir. Fiquei parada, na esperança de ele desaparecer logo, como das outras vezes, porém ele olhou para mim e falou:

- Pri, manda ele parar de latir.

Logicamente que gritei como uma doida (o que agora sei que sou).

Meu irmão entrou no quarto correndo e quando me viu sozinha olhando para o nada, ficou bravo e disse que isso não tinha graça. E saiu fechando a porta.

Olhei por todo o meu quarto e não havia ninguém além de mim. Então comecei a relaxar. Voltei a deitar e peguei o livro que estava lendo.

- De novo Orgulho e Preconceito? Já é centésima vez que você lê esse livro. - ouvi a voz dele meio segundo após o Milo voltar a latir.

Dessa vez ele estava parado ao lado da minha cama, me encarando. Não parecia tão triste como da última vez que o vi.

- E que grito foi aquele? Quase morri de susto. - riu baixinho.

Estava paralisada, mal piscava.

- Você não entendeu? Morrer de susto. Eu. Morrer.

Não respondi nada.

- Cade seu senso de humor, Pri? Eu, hein.

Ficou sério e se aproximou de mim. Antes de me tocar, contudo, o Milo pulou nele e ele sumiu.

Até agora não reapareceu. E tomara que continue assim.

Pelo jeito essa noite terei que dormir com a luz acesa, porque minha mãe ainda não voltou. Acho que vai ficar mais um dia na casa da minha tia, para meu desespero.