05 de Março, Segunda-feira
19h13 — Meu irmão sabe ser tão insensível ás vezes. Eu o chamei perto das 18h00 para vir ao meu quarto, na esperança de ele ver novamente o Geovanne. Não demorou muito e meu amigo se materializou na minha frente. Fiquei olhando dele para o Leo que nem idiota, esperando meu irmão falar algo.
— Cara, você morreu. — meu irmão disse de forma direta.
Fechei a cara. Mas Geovanne riu.
— Eu sei.
O Leo se levantou e rodeou Geovanne, estudando ele. Ge me olhou achando graça.
— Você é um fantasma?
— Sim.
— Por que você estava assustando minha irmã? Vocês não eram amigos?
— Não foi intencional. Eu apenas queria falar com ela, mas não conseguia.
De repente, o Leo parou atrás do Geovanne e enfiou o braço em sua barriga. Dei um grito ao ver o braço atravessado no corpo do meu amigo.
— Uou. Que irado.
O Leo começou a tirar e atravessar a mão em outras partes do corpo do Geovanne. Até que meu irmão enfiou o braço na cabeça e acenou para mim, com a mão atravessando o rosto do Ge.
— Para Leonardo. Isso não tem graça. Droga.
A imagem do Geovanne começou a tremeluzir e ele sumiu. Esperamos cerca de meia hora até reaparecer e nada. Ele deve ter ficado muito bravo.
Além de ter irritado tanto o Geovanne a ponto de ter feito ele sumir, meu irmão teve uma “brilhante” ideia.
— A gente pode ficar rico, Pri.
Franzi a testa. Porque eu não era tão idiota quanto ele para ter uma ideia parecida.
— Do que você tá falando?
— Podemos provar que fantasmas existem. Já pensou em quanta fama e dinheiro isso nos renderia?
— Tá louco? — perguntei. — Ele é meu amigo.
— Mas é um fantasma. — seu tom de voz era urgente, como se eu estivesse deixando passar uma oportunidade de ouro.
— Continua sendo meu amigo.
Nisso ele saiu bravo do meu quarto, batendo a porta. Mas não ligo. Estou feliz por ter confirmado que o Geovanne está mesmo aqui. Ele ainda não reapareceu, mas não estou preocupada, agora sei que vai voltar.
06 de Março, Terça-feira
23h12 — Hoje o dia demorou para passar, porque não via a hora de o Geovanne aparecer e podermos conversar. Eu tinha tanta coisa para perguntar.
Como tem acontecido nos últimos dias, ele apareceu quando a noite caiu. Estava sozinha no meu quarto, tive que expulsar meus bichinhos daqui. O Milo porque ele fica latindo sem parar quando vê o Geovanne, e os gatos porque o Ge tem medo. Sim, é meio bobo. Mas quando éramos crianças, fui brincar com um gato de rua, mas não percebi que era arisco. Antes de eu sequer tocar nele, ele já havia pulado no Geovanne, arranhando o braço e o rosto. Ele tem as cicatrizes até hoje. Então nada de gatos enquanto estiver aqui.
Ele logo veio se sentando ao meu lado, se esparramando como podia na cama de solteiro.
— Continua o mesmo folgado. — falei.
Riu e fechou os olhos.
Fiquei olhando ele por um tempo. Mesmo um pouco pálido, continuava lindo.
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Diário de uma Virgem [Concluído]
RomanceQuando Priscilla inicia seu diário, a pedido de sua psicóloga, tudo que ela pensa é que seria um desperdício de papel registrar seus dias monótonos e seus traumas. Mas sua vida vira do avesso quando seu passado volta para assombrá-la na figura arrep...