Quarenta e um

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28 de Maio, Segunda-feira

17h26 — O Nico veio no meu trabalho hoje, porque ontem não conseguimos nos ver. Mas como o Jonathan veio também, ele não ficou muito. Apenas perguntou como eu estava e conversamos um pouco antes deles irem embora.

O Geovanne está lidando bem com essa história do Nico. Ele nem fez cara feia enquanto Nico conversava comigo. Ontem, meu amigo e eu ficamos em casa mesmo, conversando e vendo filmes. Foi bom, mas confesso que me senti um pouco estranha, porque ás vezes pausava o filme para responder o Nico e o Ge apenas me olhava, sem falar nada. Queria que existisse um jeito de não magoar o Ge ou não me magoar, mas acho que não existe.

22h11 — Estou de saco cheio do professor Jonathan. Quem ele pensa que é?

Acredita que veio me pedir para eu não ver mais o Nico?

Idiota. Até parece que vou fazer o que ele quer.

Sinto raiva só de lembrar da cara de pau dele, vindo falar comigo. Eu estava esperando a Isa perto da minha sala, pois saí antes para o intervalo. E o professor apareceu, vindo em minha direção todo sério.

— Precisamos conversar. — falou assim que parou na minha frente.

— Diga. — respondi.

O professor olhou em volta, tinha alguns alunos nas mesinhas e perto de nós.

— Vamos para minha sala.

— Por quê?

— Anda, Priscilla.

Revirei os olhos e levantei, o segui até a sala que fomos quando ele me entregou as orientações para o trabalho sobre Dom Casmurro. Fechou a porta assim que entramos e pediu para me sentar. Fui até uma das cadeiras estofadas, sentei e esperei ele falar logo.

— Você não pode namorar meu irmão.

Fiquei o encarando, um pouco surpresa pelo rumo da conversa.

— Não estamos namorando. Estamos saindo. Mas por que, exatamente, eu não posso?

Jonathan pegou uma cadeira e a posicionou do meu lado, ele puxou a minha e me virou para ficarmos frente a frente. Nossos joelhos se tocaram devido a proximidade, o que me deixou tensa, pois normalmente ele é bem distante.

— Meu irmão tem espírito aventureiro. Ele fica com as mulheres e não se apaixona. Acho que isso só vai ocorrer no dia em que conhecer alguém mais... experiente.

Estreitei os olhos, tentando compreender suas palavras.

— Espera. Você tá me dizendo que não sou boa para seu irmão.

— Mais ou menos. Vocês dois, nenhum é bom para o outro. Então você pode poupar seu tempo e parar de sair com ele.

— Não. Gosto do Nico.

O professor me olhou como se eu o tivesse xingado.

— Como assim gosta dele? Não tem nem um mês que vocês se conhecem.

— Ah, desculpa especialista em sentimentos amorosos. Tem um prazo que devemos seguir para gostar de alguém? — falei perdendo toda a pouca precaução que já tive algum dia.

Jonathan se inclinou para frente, apoiou as mãos nos braços da minha cadeira e me olhou sério. Ele estava tão perto que tive que ficar colada no encosto, porque qualquer movimento meu me faria tocar nele.

— Você não gosta dele. — sussurrou.

— Gosto sim. — devolvi no mesmo tom.

Ele ficou em silêncio e por um momento posso jurar que ele olhou minha boca e até pensei que ia me beijar. Mas claro que entendi errado, pois alguém como ele nem deve saber o que é isso. Ele se levantou, irritado e passou as mãos no cabelo.

Diário de uma Virgem [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora