Noventa e um

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22 de Dezembro, Sábado

23h06 - O dia foi agitado.

De manhã, eu e o meninos fomos para o aeroporto novamente. Nico estava em seu bom humor de sempre, já Jonathan estava tenso, cada músculo do seu corpo parecia retraído. Segurei sua mão e tentei fazê-lo relaxar um pouco, mesmo que eu mesma estivesse na mesma situação.

Soube quem era os pais deles assim que os vi se aproximando. O pai é muito parecido com os filhos, alto, pele morena clara, olhos e cabelos castanhos e uma beleza surpreendente. Havia algumas marcas em seu rosto, denunciando sua idade, mas também lhe concedendo um charme a mais. E os cabelos em suas têmporas estavam grisalhos. Já a mãe é um pouco mais baixa que o marido, mas mais alta do que eu. Tem o cabelo castanho e os olhos esverdeados. A pele bronzeada, mas ainda mantendo uma certa palidez.

- Meus meninos. - a mulher se aproximou e abraçou primeiro o Nico e depois o Johnny.

- Oi, mãe. - Jonathan sussurrou. - Oi, pai. - falou quando o homem o abraçou.

- Essa é a garota que ouvi tanto a respeito? - o homem me olhou e notei que tem o mesmo sorriso que o Nico, aberto e sincero.

- Não vai nos apresentar, Fernando? - a mulher me olhou de cima a baixo, aparentando não estar gostando muito do que via. Sua expressão me lembrou um pouco a do Jonathan quando faço algo que ele não quer.

- Desculpe. Mãe, pai, essa é minha namorada Priscilla. E amor, esses são meus pais, Jaqueline e Otávio.

Estendi a mão para eles, Jaqueline apenas deu um cumprimento de cabeça, já Otávio me puxou para seus braços, me apertando.

- Vejo que Eduardo não mentiu, você é linda.

Fiquei um pouco sem jeito e, para ser sincera, tentando me acostumar com o modo como eles chamavam os filhos. Claro que já escutei inúmeras vezes os irmãos usando o segundo nome, mas ainda era estranho para mim.

- Convidei o Johnny e o Nico para irem na festa que tem na minha cidade, gostaria que vocês fossem também.

- Quem? - Jaqueline perguntou.

Otávio sorriu, finalmente me soltando.

- Nico e Johnny, gostei.

Sorri um pouco, mas ao ver a expressão no rosto da Jaqueline fiquei sem jeito.

- Depois veremos sobre essa festa. Eduardo leva a bagagem do seu pai e Fernando, pegue a minha.

- Sim, mãe. - os dois falaram juntos.

Fomos até o carro e enquanto o Nico guardava as malas, o Jonathan abriu a porta de trás para os pais.

- Prefiro ir na frente. - Jaqueline falou.

- Desculpe, mãe. Mas a Pri vai na frente comigo.

- Tudo bem se eu for atrás hoje, não me im...

- Amor, eu sei que você fica desconfortável andando de carro. Por isso vai comigo na frente e não tem discussão.

Observei enquanto todos se olhavam. Jaqueline e Jonathan tinham o olhar duro e comecei a achar a semelhança entre os dois assustadores. Nesses poucos minutos com a família do Johnny, percebi que o Otavio e o Nico eram mais parecidos, ambos eram mais afáveis, e apesar de serem sérios nos momentos certos, tinham um sorriso amável e um jeito de nos fazer sentir a vontade. Já Jaqueline e Jonathan eram mais parecidos, ambos gostavam das coisas do jeitos deles e estavam acostumados a terem isso sem serem questionados, e havia uma aura de autoridade em volta dos dois que me dava vontade de dizer "sim, senhor. Sim, senhora".

Nem preciso dizer que o caminho até o apartamento não foi muito agradável. Ninguém falou nada e a tensão no ar era palpável.

Quando entramos no apartamento, Jonathan foi com os pais para a sala. Eles tinham muito o que conversar, afinal foram nove anos separados. Eu e Nico ficamos na varanda, com Freddy aos nossos pés.

Eles ficaram horas ali, conversando. Deu tempo de o Nico e eu sairmos para comprar o almoço e aproveitamos para levar o Freddy junto para passear. Nico me contou que sua mãe sempre foi mais apegada ao Jonathan e ela ainda não aceitava a escolha dele de ser professor, mas fora convencida pelo pai deles a se reverem e reunir a família de novo.

Quando voltamos, o clima ali estava melhor e podemos nos conhecer um pouco mais. Eles até aceitaram a ir na festa daqui da cidade.

A noite fomos para minha casa e, enquanto eu me arrumava, minha família conhecia a do Jonathan. Até a Iolanda estava ali e o Ge observava tudo. Ele não foi nem um pouco com a cara da Jaqueline.

Depois fomos para o centro de Ibiporã. Todo ano a cidade fica decorada para as festas de fim do ano e, assim como acontecia na festa junina, a praça Pio XII ficava toda decorada e tinha barracas de comida e um palco com show ao vivo. Sempre amei como a cidade fica nessa época do ano e vem até pessoas de outras cidades para conferir as atrações.

Todos, exceto a Jaqueline, ficaram deslumbrados com tudo que fora montado na praça nesse ano. A mãe dos meninos apenas fazia uma cara como se fosse superior, acho que ela está acostumada demais a cidade grande para apreciar a beleza de uma cidade do interior.

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Oi, meus amores. Como estão?
Finalmente o Johnny/ Nando fez as pazes com seus pais. E já descobrimos de onde os meninos herdaram o charme.
Só acho q a Pri vai ter problemas com a sogra 😹😹😹
Bjs e até amanhã 💙

Diário de uma Virgem [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora