Sessenta e sete

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03 de Setembro, Segunda-feira

23h58 - Quando cheguei na UEL, a Isa me mandou mensagem para encontrá-la. Ela pegou dois ônibus, chegando assim mais cedo ali. Tudo para evitar ver o Gilson.

Nem comentei que ele talvez tenha pedido demissão, pois preciso confirmar com o Ge antes. Até mesmo eu quero passar bem longe daquele homem.

Infelizmente, na hora de irmos embora não tinha jeito. Teríamos que pegar o ônibus direto, pois não teria outro. Estávamos indo para o ponto do outro centro, porque quando pegamos lá, temos mais chances de conseguir lugares vagos para sentar. De repente um carro parou do nosso lado. Isa ficou nervosa, mas reconheci o automóvel, apesar de achar um pouco estranho.

O motorista abriu a janela do passageiro. Me inclinei para ver ali dentro e sorri quando Jonathan acenou para mim.

- O que faz aqui? - perguntei.

- Pensei que iam precisar de uma carona. Já que o cara é motorista do ônibus que vocês pegam.

Minha amiga abriu um sorrisão ao reconhecer quem era.

- Olha, bonito e ainda presta atenção no que a gente fala. Pri, se você não quiser ele, me dá? - ela fez uma carinha pidoncha.

Revirei os olhos, mais uma vez sentindo uma pitada de ciúmes mesmo sabendo que era uma brincadeira dela.

- Não, ele é meu. - falei sem pensar.

- Huum, to gostando desse papo aí. - ouvi a voz do Jonathan.

Isa riu e entrou no carro, se sentando no banco de trás e colocando o cinto. Esperei um pouco do lado de fora, garantindo que meu rosto estivesse mais tranquilo quando eu entrasse. Sentei no banco do passageiro e coloquei o cinto.

Fui pega de surpresa quando Jonathan se inclinou e me deu um selinho. Claro que quis mais do que isso, mas minha paranóia me fez olhar para os lados para ter certeza que ninguém viu. Por sorte ali é uma parte do caminho mais deserto, pois a maioria dos alunos preferiam ir para os pontos dos próprios centros.

- Nossa, cuidado com a pegação. - minha amiga provocou. - Se são assim na minha frente, quero nem pensar quando tão sozinhos.

Jonathan sorriu e deu uma piscadela em direção a minha amiga. Ele segurou minha mão e deu um beijo para me tranquilizar, como uma forma de dizer que ia dirigir devagar. É estranho, mas quando estou com ele assim quase não sinto medo de carros. Disse quase.

Durante o percursso Jonathan puxava assunto com a Isa, perguntando dela e de sua da família. Fiquei de cara fechada, pois em dois dias ele foi mais simpático com ela do que fora comigo desde o começo do ano. Mas claro que fiquei na minha.

Minha amiga foi deixada em casa primeiro. E quando Jonathan parou em frente da minha, já fui tirando o cinto.

- Por que a pressa? - Jonathan perguntou.

- Não to com pressa. - menti.

Fiquei olhando pelo parabrisa, a rua de casa estava calma. Meus vizinhos não eram arruaceiros, então era bem tranquilo ali. Só tinha que me preocupar com as fofocas.

- Pri, olha pra mim. - ele segurou meu queixo e virou meu rosto. - O que aconteceu?

- Você foi todo simpático com a Isa e mal se conhecem. - reclamei, tirando o peso do meu peito.

Apesar do seu rosto ter se mantido sério, em seus olhos havia um brilho de diversão que ele não pode esconder.

- Tá com ciúmes? - perguntou.

Diário de uma Virgem [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora