Dezenove

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01 de Abril, Domingo

11h49 — É sério, se o idiota do Geovanne vir com mais alguma pegadinha de primeiro de Abril para cima de mim, vou arranjar um jeito de matar ele de novo. Cara chato!

Não é nem meio dia e ele já me assustou quatro vezes, aparecendo do nada enquanto estava distraída. Tirou as minhas coisas do lugar e atazanou o Milo, com os gatos não fez nada porque tem medo.

Sempre odiei esse dia justamente por isso, o Ge sempre faz piadinhas sem graças, das quais apenas ele ri.

17h33 — Havia esquecido de religar a internet no meu celular, estava usando apenas por causa desse app de diário (olha, Dra. Ana Carla, estou usando). Liguei hoje de tarde e começou a chegar várias mensagens do Nando e da Isa. Eles também tentaram me ligar nessa semana que me isolei, porém eu deixava tocar até cair na caixa postal.

A Isa deve estar bem chateada. Ela me mandou um monte de “oi” e por fim, ontem, mandou.
 

[31/03 14:05] Isa: Se não quer mais falar comigo, ok. Mas não precisava ter feito aquela cena quando saímos e agora fica aí me ignorando.


Realmente não falei com ela desde sábado passado, quando saí correndo por causa do Ge. Ainda não a respondi, não sei o que devo dizer.

Agora as mensagens do Nando tinham um tom mais preocupado. Ele me mandou várias mensagens perguntando se eu estava bem ou se tinha acontecido algo. Me sinto um pouco mal em relação a ele. Sei que tenho medo de gostar de outra pessoa, e por isso o deixo um pouco de lado. Mesmo assim ele continua sendo fofo.

[01/04 16:20] Pri: Oi. Precisava de um tempo sozinha, mas já to bem.

[01/04 16:20] Pri: Desculpa ter sumido

[01/04 16:20] Pri: Como vc tá?

[01/04 16:20] Nando: Até q enfim. Fiquei tão preocupado

[01/04 16:20] Nando: Oq aconteceu?

[01/04 16:21] Pri: Só não tava bem

[01/04 16:21] Nando: Quer conversar sobre isso?

Deixei-o sem resposta de novo. Não quero falar desse assunto, não com ele. Logo penso em outra coisa e mando mensagem. Talvez fale um pouco mais dele, pois sempre falo só de mim.

19h03 — O Nando é bem mais reservado do que eu pensava. Mas hoje ele falou um pouco da família. Parece que não os vê há algum tempo, pois são de São Paulo e ele veio para cá, porque não queria seguir a profissão dos pais.

Não gostaria de admitir, mas devo concordar com o Ge. Minha relação com o Nando não é como uma relação normal onde nos conhecemos mais conforme o tempo passa, tanto eu quanto ele escondemos coisas um do outro e nenhum de nós força o outro a revelar seja o que for.

Gosto disso, de não ter que me explicar. No entanto minha curiosidade fica inquieta, querendo aprender mais desse homem misterioso.

02 de Abril, Segunda-feira 

23h49 — A Isa não foi estudar hoje, ela faz muito falta. Fiquei o caminho todo de ida e volta quieta, olhando a paisagem pela janela no ônibus.

Ontem, antes de dormir, mandei mensagem para ela, explicando como eu tinha ficado mal semana passada e prometi que contaria tudo, mas pessoalmente. Está na hora de começar a me abrir.

Como ela não foi hoje, fiquei sozinha no intervalo. Então sentei em uma das mesas ao ar livre perto das salas, para tentar ler um pouco. Não terminei nem a primeira página quando alguém apareceu e ficou atrapalhando a iluminação. Para minha surpresa, esse alguém era o professor Jonathan.

— Você faltou nas minhas duas aulas na semana passada. — acusou.

Vou dizer a verdade, não esperava isso. No ano passado os professores mal notavam quando eu ia para as aulas, muito menos quando faltava.

— Tive uns problemas de saúde. — contei meia verdade.

— Pegou atestado?

— Não, porque não fui ao médico.

Ele me analisou. Só de lembrar do olhar dele fico arrepiada. Esse homem é muito bonito, pena que é meu professor (como se fosse mudar algo caso não fosse).

— Venha comigo. — ordenou.

— Pra onde?

O professor me olhou sério. Pelo jeito as pessoas acatam o que ele diz sem questionar, contudo teimosia é meu apelido.

Notei que as pessoas a nossa volta, estava assistindo tudo. O professor Jonathan é bem querido entre os alunos e não apenas pela sua didática em aula.

Ele suspirou.

— Pegar o roteiro do trabalho. Começa na próxima aula.

— O que? Amanhã?

O professor apenas me lançou um olhar sério e acenou com a cabeça para eu segui-lo antes de começar a se afastar. Juntei minhas coisas, joguei tudo dentro da mochila e o segui. Atravessamos o corredor e viramos em direção ao quiosque onde vende salgados. Viramos mais uma vez, e subimos dois lances de escadas até o prédio onde fica as salas dos professores. Havia apenas dois andares, um corredor longo se entendia em cada um deles, com portas brancas de ambos os lados, com números pretos pintados, servindo de localização.

Entramos na sala com o número 36. Havia um enorme armário de madeira escura em uma das paredes, na outra tinha três mesas com computadores e de frente para a porta, do outro lado da sala, havia janelas enormes com persianas bege. O meio do cômodo era ocupado por uma mesa cinza, daquelas de escritório, com seis lugares e cadeiras acolchoadas na cor preta.

O professor abriu um das portas do armário. Notei três etiquetas com nomes de professores, coladas ao móvel. Supus, então, que ele dividia essa sala com mais dois colegas.

Ele me entregou algumas folhas com as instruções do trabalho.

— Não é tão complicado. Vamos ler Dom Casmurro e discutir a cada aula de acordo com os tópicos do cronograma. — explicou apontando os papéis. — Se tiver alguma dúvida me procure ou consulte algum de seus colegas.

Assenti, sabendo que não faria nem um nem outro.

Esperei um pouco para ver se ele diria algo mais. Como isso não ocorreu, agradeci e saí dali. O intervalo já tinha acabado, então fui para sala.

A minha sorte é que li esse livro ano passado. Não leio muito literatura clássica brasileira, mas fiquei curiosa em relação a esse livro. Assim não ficarei ansiosa tentado ler antes da aula.

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Oi, amores.
Como estão?
Aos poucos a Pri vai se abrindo mais pro mundo e isso me deixa mt feliz 😊
E esse professor, hein? Fica pegando no pé da menina rs
Bjs e até depois de amanhã 💙

Diário de uma Virgem [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora