Diário de uma Virgem [Concluído]

Sessenta e um

20 de Agosto, Segunda-feira

23h41 — Deu tudo errado. Estou morrendo de raiva, mesmo sabendo que isso é idiotice da minha parte. Simplesmente não consigo controlar.

Hoje o Vinicius comprou uma rosa e escreveu um bilhete, ele deixou na carteira que a Laura sempre senta. Quando ela entrou na sala, já fiquei nervosa e se eu estava assim, imagina o Vinicius. A Laura pegou a flor e leu o bilhete, tudo em silêncio e sem deixar suas duas seguidoras ver o que era. Notei que ela deu uma olhada disfarçada na sala, acho que tentando adivinhar quem era.

Nesse momento o sorriso do Vinicius estava de orelha a orelha, estava tão na cara que tinha sido ele que só faltou um letreiro luminoso em cima da sua cabeça.

Fiquei surpresa pela Laura ter se mantido quieta. Achei que iria esfregar na cara de todos que tinha um admirador secreto, mas ao invés disso ela guardou a rosa e o bilhete e ficou pensativa o restante da aula.

Quando saímos para o intervalo, notei que o Vinicius ficou cabisbaixo, queria me aproximar dele e dizer que era só o primeiro dia, ainda tinha a semana inteira para ele mandar mais bilhetes, mas a Letícia e a Lorena grudaram nele e não o deixaram mais.

Achei estranho, pois a Laura sumiu durante o intervalo e quando começou a próxima aula, não a vi entrar na sala. Mas não dei muita bola.

No meio da aula, estava com sede. Peguei minha garrafinha e fui no bebedouro perto do prédio onde fica a sala dos professores, pois o bebedouro de lá é o único que tem água gelada. Enquanto enchia minha garrafa, ouvi duas vozes conhecidas e como a curiosa que sou, resolvi espiar (péssima decisão).

Fui devagar até o prédio e fiquei escondida perto da porta, antes de virar para entrar no corredor que levava as salas. Comecei a prestar atenção.

— Você me enganou certinho. — era a voz da Laura e estava manhosa de uma forma que me deu enjoo. — Quase pensei que era gay.

— Desculpe, mas não estou entendendo. — Jonathan falou.

— Pode parar de fingir.

Laura de um risinho que me fez fazer uma careta por causa da vergonha alheia.

— Olha, seja o que for, to ocupado agora.

— Adoro quando você usa esse tom mandão. É sexy.

— O que?

— Ah, para de graça, Jonathan. Recebi seu presente hoje e achei fofo. Sei que foi você quem deixou lá, pois te vi saindo da sala mais cedo.

Fiquei curiosa para saber o motivo de Jonathan ter ido na nossa sala mais cedo, pois hoje não tivemos aula dele.

— Tava procurando alguém.

— Sei. — Laura riu. — Como não me achou, deixou o bilhete e a rosa. Eu vi quando a tonta da Priscilla deu em cima de você na chácara e pensei em falar pro coordenador, mas isso ia te prejudicar também, por isso fiquei quieta. E também porque sabia que você tem bom gosto pra mulheres e que ela que tentou te beijar.

Ouvi com atenção quando ela o confrontou por causa do que viu no domingo na chácara, ainda bem que decidiu calar o bico, mas isso era apenas porque ela não queria perder o Jonathan como professor. E levei um susto ao ouvi-la, pois ela achou que os presentes do Vinicius foram mandados pelo professor Jonathan. Coloquei a mão na boca, para abafar a exclamação, mas acabei esquecendo da minha garrafa e ela saiu voando em direção ao corredor onde eles estavam.

Me estiquei para pegá-la e quando olhei para o lado vi algo que... Nossa, me da raiva só de lembrar. Laura estava se inclinando para beijar o Jonathan e conseguiu. Fiquei parada que nem tonta olhando aquela cena, até Jonathan afastar o corpo da Laura e me encarar.