Trinta e cinco

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13 de Maio, Domingo

16h11 — Essa semana foi bem corrida, nem consegui escrever aqui.

Tive que me planejar bem para dar tempo de estudar para as provas e seminários, fazer os trabalhos a serem entregues e não me atrapalhar toda no trabalho. Por sorte o Ge me ajudou a repassar a matéria quando precisava.

Espero não ter ficado abaixo da média em nenhuma disciplina, se não vou ficar bem chateada.

Enfim, o almoço hoje foi muito bom, fizemos um almoço do dia das mães. Eu e o Lel cozinhamos. Pedi para minha mãe chamar a mãe do Ge, pois ontem ele escolheu um presente para ela e também porque seria o primeiro dia das mães depois do... bom, depois do acidente.

Arrumamos a mesa enquanto minha mãe foi buscar a Iolanda, ficamos orgulhosos do resultado final. Esperamos as duas e assim que chegaram, já a servimos e nos sentamos para comer.

No começo foi estranho, pois ninguém falava nada. Mas um pouco antes da sobremesa, minha mãe começou a falar sobre eu e meu irmão quando éramos crianças e a Iolanda falou do Ge, e sem chorar. Na verdade rimos bastante, eu mais de vergonha do que qualquer outra coisa, mas foi divertido.

Depois fomos para sala, enquanto o Leo tirava a mesa. Assim que ele chegou, entregamos o presente da minha mãe, compramos juntos. Era uma bolsa que ela queria há algum tempo. Ela nos agradeceu e nos abraçou.

Notei que nesse momento a Iolanda ficou sem graça. Provavelmente pensando que estava atrapalhando um momento íntimo. Por isso não enrolei muito e fui até o meu quarto. Voltei com uma sacola de presente e entreguei para ela, que me olhou confusa.

Ela pegou e abriu o embrulho. Começou a chorar. Fiquei um pouco sem jeito, mas a abracei.

— Abre. — falei.

Ge estava ansioso ao meu lado, olhando a mãe para ter certeza que ela gostaria.

Iolanda abriu o pacote e recomeçou a chorar. Franzi a testa olhando para o Ge, mas ele não parecia surpreso.

— Como você sabia? — ela retirou um perfume de dentro da sacola. — O meu estava mesmo acabando. Uso esse perfume desde que lançou. Meu Geovanne dizia que era perfume de mãe.

Meus olhos se encheram ao ver como ela olhava o frasco com carinho, como se fosse um tesouro.

— Eu sei. Ele me contou. — falei, sem mencionar que me contara ontem, enquanto escolhíamos os presentes no shopping.

— Fala pra ela que a amo, Pri.

— Seu filho te ama muito. — comecei a repetir o que o Ge me falava: — Você não precisa se culpar ou se sentir sozinha, tenho certeza que ele quer que a senhora tenha uma vida feliz. O tempo de chorar por ele passou. Lembra das coisas boas e sorria.

Ela me abraçou de repente, retribui. Ge ficou atrás de mim e abraçou nós duas, sabia que sua vontade era apertar a sua mãe nos braços, mas ele não podia. Ela não entenderia que o filho estava ali e que cada palavra que saiu da minha boca era na verdade as palavras dele.

14 de Maio, Segunda-feira

21h23 — A Isa tá super ansiosa para o meu aniversário. Está planejando tudo, onde vamos, o que faremos. Eu fico só observando ela anotar suas ideias e dou um sorrisinho quando ela me pergunta se concordo.

Não é que não queira comemorar esse dia. É só que... na verdade, não quero mesmo.

Mas não sei como falar isso para ela sem parecer que sou uma pessoa antissocial que não quer contato humano nesse dia, muito menos se enfiar no meio de uma multidão suada, dançando e cheirando a álcool. Além do mais, o Ge está animado também. Porque ele sempre fez o tipo festeiro e me disse que estava morrendo de vontade de ir em alguma balada ou algo assim. Então por eles finjo estar super animada com os preparativos.

Diário de uma Virgem [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora