Diário de uma Virgem [Concluído]

Dez

02 de Março, Sexta-feira

05h11 - Briguei com o Geovanne. Sim, estou tão louca que acabei brigando com algo que não existe.

Ele apareceu no meu quarto nessa madrugada e me acordou. No começo fiquei surpresa por ver ele ali, mas logo me lembrei de como fiquei chamando por ele no meio da tarde e não obtive resposta.

- Eu ouvi você me chamando.

Ele tentou tocar meu cabelo, mas me afastei.

- Se ouviu, por que não apareceu?

- Não consegui. Eu tentei. Não fique brava.

Olhei ele fazer a carinha de cachorrinho sem dono. Eu amava tanto essa expressão em seu rosto.

- Não estou brava, Ge. Só decepcionada. Por um momento acreditei que você poderia ser mesmo real, mas não é.

Meus olhos se encheram sem que pudesse evitar.

- Sinto tanta saudade.

Geovanne se aproximou de mim e me abraçou. Seu toque era estranho e familiar ao mesmo tempo.

- Vai embora. - falei com a voz de choro. - Me deixa em paz. Você morreu. Me deixa viver. Ou pelo menos tentar.

Ele se afastou de mim e me olhou de uma forma tão triste. Ah, como queria tirar aquela tristeza dele.

- Isso é realmente o que você quer?

- Eu quero você. Mas não posso ter o que quero, não mais. Então não quero mais sentir essa dor que sinto toda vez que penso em você.

- Sinto muito, Pri.

Ao dizer isso ele sumiu. E eu fiquei chorando. Na verdade, estou chorando até agora e não consigo parar. É como se tivesse perdido ele de novo.

03 de Março, Sábado

20h44 - Ontem e hoje fiquei me sentindo mal. A conversa que tive de madrugada com o Geovanne me esgotou e fez todo o progresso que tinha obtido na superação do luto ter ido por água abaixo.

Só queria me trancar no meu quarto e chorar, mas isso deixaria minha mãe triste também. Então fiquei um pouco com ela e minha tia, que veio passar a tarde aqui junto com a filhinha. Aproveitei que elas estavam conversando e fiquei brincando com a Milena, minha priminha. Como adoro crianças, isso me ajudou um pouco, ainda mais quando ela ria do nada. Ela é fofa.

Também conversei bastante com o Nando. Ele percebeu que não estava tão animada como nos outros dias e ficava fazendo piadas. Ele é péssimo nisso. Mas me senti melhor só pelo fato de tentar. Gostaria de sair com ele, conversar sem ser por mensagens e quem sabe repetir o beijo (mesmo que ás vezes eu negue que quero isso). Mas sinto receio de não gostar ou algo assim. Acredite se quiser, ainda não o vi sem máscara, não faço ideia de como é seu rosto, pois a foto de perfil dele é uma foto dele com a fantasia de carnaval. E não tive coragem de pedir uma foto, acho muito chato você está conversando com alguém e ficar pedindo fotos.

Ah, o Geovanne não apareceu hoje. Ainda não decidi se isso é bom ou ruim.

04 de Março, Domingo

20h03 - A coisa mais surpreendente acabou de acontecer. O Leo viu o Geovanne também. Isso quer dizer que não estou louca! Ou que estamos tendo uma alucinação coletiva. Prefiro ficar com a primeira opção.

Nem acredito que outra pessoa o viu. Estou tão feliz e surpresa.

Mas deixa contar como aconteceu. Eu estava no meu quarto, já passava das 18h00, estava falando com o Nando e como de costume, sorrindo feito boba olhando para a tela do celular. Então fiquei arrepiada e quando olhei para o lado, o Geovanne estava parado perto da cabeceira, tentando ler as mensagens no meu celular.

- Quem é esse cara? - perguntou e cruzou os braços. Ele fez aquela cara de mal que eu amo.

- O que você faz aqui? - levantei da cama.

Estava incomodada por ele ter voltado, pois havia me convencido que nunca mais o veria.

Geovanne se sentou na cama e me virei para ficar de frente para ele, cruzei os braços e ele sorriu me analisando.

- Você fica tão linda bravinha.

Não resisti e sorri um pouco. Ele sempre foi brincalhão e muitas vezes me importunava dizendo que eu estava linda e essas coisas. Digo importunar, porque sabia que era só brincadeira. Mas meu coração se derretia, assim como fez nesse momento.

- Quero que você suma. - falei voltando a ficar séria.

- Eu tentei, Pri. Mas estou preso aqui. E também não suporto ver você triste. Tive que me segurar muito para não ter aparecido antes.

- Sai. - falei mais firme.

- Pri, desculpa não ter aparecido quando você me chamou aquele dia. Eu não consigo controlar sempre, eu te disse. Ainda estou aprendendo.

- Sai daqui. - gritei segurando as lágrimas.

Ele voltou a fazer aquela cara triste e não aguentei e comecei a chorar. Ia pedir novamente para ele sumir, mas nessa hora, meu irmão entrou no quarto.

- Por que você está gri... Geovanne?

Quando ele falou isso, Geovanne e eu o encaramos. Por algum motivo, quando voltei a olhar para frente, o Geovanne não estava mais ali, havia sumido.

Como estávamos sozinhos, fui até meu irmão, fazendo mil perguntas. O que ele viu? Ele já tinha visto antes? Ele reconheceu mesmo o Geovanne?

Leo respondeu as perguntas com a pouca paciência típica dele. Depois me pediu para explicar o que estava acontecendo. Então contei sobre o Geovanne ser a pessoa que eu ouvia e via mas que até agora achava que era alucinação. Meu irmão não fez mais nenhum comentário e saiu.

Amanhã vou chamar ele no meu quarto após o crepúsculo. Quero ter certeza que ele também viu.

-----------------------------------------------------------
Oi amores, dei uma sumida, né?
Tava me sentindo desanimada como a Pri, mas pra compensar vou postar mais capítulos hoje.
Me digam o que estão achando? Estão gostando do Ge?
Ah, saiu uma entrevista minha no perfil da CinthiaLopesCL, ela faz umas entrevistas bem divertidas, deem uma olhadinha lá
Bjs