Junho/2020
Rafa Kalimann
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Não sei onde eu estava com a cabeça para aceitar fazer essa live bem no dia em que eu a deixei em São Paulo. Ou melhor, eu sei. Mas foi mais uma péssima decisão que eu tomei, tudo que eu menos queria fazer agora era levantar para qualquer coisa, ver pessoas, ter que fazer social, meu coração estava na merda demais para isso.
Sim, já estava em casa. Cheguei tão mal que não falei com ninguém da minha família, exceto com minha mãe. Meu irmão que segurou bastante a minha barra, viajou de volta comigo e tentou me consolar durante todo o caminho. O coitado deve estar com a cabeça explodindo.
Foi a primeira vez que entrei aqui na chácara e só vi casa, não lar. E ainda tinha essa maldita Live, quando eu só queria ficar aqui na minha cama quietinha e falar com a minha pequena.
Flashback
Passei pela porta e minha mãe estava sentada na sala. Notei seu rosto se encher de preocupação quando olhou para o meu. Ela tinha todo o direito, eu estava realmente em um estado lamentável. Meu rosto era puro inchaço e meus olhos pareciam ter sido agredidos com o resultado do inchaço mais vermelhidão. Tinha passado as últimas 3 horas em meio à crises de choro quase compulsivas.
Fiquei ali parada olhando para ela, senti algumas lágrimas voltarem a brotar e rolar dos meus olhos. Ver minha mãe me desmontou novamente.
Pensei que soubesse tudo sobre relação à distância depois do meu casamento praticamente ter sido vivido assim, mas a verdade é que eu não sabia nada. Pelo menos, não sobre amar a Manu à distância. Ter que virar as costas e deixá-la sozinha no meu apartamento acabou comigo. Quebrou meu coração ver como ela tentava se segurar, disfarçar e ser forte. Quebrou meu coração quando ela não conseguiu e deixou algumas lágrimas sofridas escaparem quando nos beijamos pelo que deveria ser a última vez por um longo tempo. Eu não queria ter que ir embora.
Vi como minha mãe levantou e veio quase correndo me abraçar. Abraço de mãe é bom, né? Chorei ainda mais, e assim que Marcella e Flavina chegaram animadas na sala seus sorrisos morreram, vi como elas paralisaram nos olhando. A última vez que elas me viram chorar foi quando gritei com a Manu por ciúmes e ela não me atendia, mas não era nem perto do tanto que eu estava chorando agora. Eu queria gritar por ter que passar por isso, acho que esse era o grande motivo do meu choro. Saudade, frustração e medo. Eu sentia que a culpa por não podermos estar perto era minha, e era, eu sabia que sim. Tomei essa decisão e meu coração sabia que aquilo era uma idiotice.
Minha mãe tentou limpar minhas lágrimas e me puxou pela mão até o quarto. Me joguei na minha cama. Amava aquela cama, mas não parecia a minha cama, não cheirava como a minha cama. Ela não estava ali. Deus! Saudade engole a gente pra caralho!
Minha mãe sentou, e eu apenas me arrastei até deitar a cabeça em seu colo. Era o mais próximo de consolo que eu teria. Fechei os olhos sentindo seu cafuné enquanto ela limpava as lágrimas do meu rosto.
-- Vocês brigaram? - apenas neguei com a cabeça e vi como ela ficou confusa.
-- É saudade...e medo! - abracei sua cintura me aninhando. Notei como ela suspirou aliviada. Não sei se minha família realmente gosta tanto da Manu assim ou se eles tinham medo do estado que eu ficaria se a perdesse. Acho que os dois.
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Ironia do Destino [Ranu]
FanfictionSe dependesse do acaso, Manu e Rafa continuariam frequentando os mesmos eventos sem nunca se encontrar, mas o destino tinha outros planos.