A idiota que tem meu coração

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Maio/2020

Manu Gavassi

"Quando você encontra a pessoa certa, você sabe. Não consegue parar de pensar nela. É sua melhor amiga e sua alma gêmea. Mal pode esperar para passar a vida inteira com ela. Ninguém nem nada se compara."

"Talvez seja tarde, mas eu esqueci de notar

Fora de foco e fora de mim

Meu coração acelerando é sempre assim..."

Estava focada em produzir nas últimas 24h. Tudo que eu fazia tinha o toque dela, mas eu fingia que não percebia. Claro que eu não desisti, só estava respeitando o seu tempo e, enquanto isso, ocupando a minha mente com trabalho para amenizar aquela sensação contínua de saudade. Parecia como quando recebemos um parente não tão querido em casa num domingo à tarde: se eu não colocasse minha atenção em qualquer outra coisa que amasse para ficar olhando o tempo passar até ele ir embora, essa sensação de irritação e impotência só iria crescer.

Não tinha medo dela desistir da gente, eu sabia que não era uma opção, tinha plena noção do que ela sentia depois de tantas conversas, estava praticamente sendo gritado nas entrelinhas. Conversei tanto com a Catarina esses últimos dias e pensei muito no que Marcella falou, as coisas se encaixaram bem na minha cabeça. Meu pai não me chama de gênia por nada. Ouço meu celular tocar mais uma vez e ignoro. Rafa me mostra que posso ser compreendida do jeito que sou, e precisa que eu a mostre que pode ser amada do jeito que é. Resolvo ver quem é essa pessoa insistente me ligando.

*Rafinha está te ligando*

Sinto meu coração bater desesperado. Desde que senti esse comportamento alucinado dele, é a primeira vez que eu o deixo bater como quer. Sorrio e lembro das minhas últimas mensagens pra ela. É bizarro perceber que logo eu, Manu Gavassi, que sempre amei meu espaço pessoal e a minha liberdade, queria realmente estar presa em seus braços. Olho para o celular ainda tocando. Alguns infinitos foram feitos para colidir, princesa. Vamos ver o que surgirá da colisão dos nossos.

-- Rafa? - ouvi um suspiro bastante aliviado seguido de silêncio. Sorri. -- Você sabe que não havia qualquer possibilidade de eu saber que você está me ligando e eu não atender, certo? - perguntei e senti quando a voz dela saiu com um sorriso envergonhado.

-- Eu liguei algumas vezes e...estava pensando que você pudesse ter se enchido de esperar - ela parecia bastante nervosa, eu quase tinha certeza que ela estava mordendo os lábios.

-- Você precisou se afastar por uns dias, foi bem horrível, não vou mentir. Morri de saudade, mas tá tudo bem. Você sempre sempre pode se afastar quando precisar. Mas por favor, se você puder evitar pelos próximos 50 anos, eu agradeço muito! -brinquei pra descontrair e ela soltou uma risadinha.

-- Manu... - ela suspirou e ficou em silêncio, sentei esperando ela continuar, mas nada.

-- Podemos conversar sobre qualquer coisa, certo? Estou aqui, tá tudo bem, não vou a lugar nenhum.

-- Você parece de mentira às vezes. - eu ri. -- É sério, eu nem sei por onde começar. - silêncio novamente.

-- Porque não me conta como foi seu dia? - ela riu.

-- Vazio, não só hoje, esses dias...foram vazios. - eu senti ela falar isso com um sorriso triste na voz e eu sabia como ela se sentia.

É uma merda sentir esse vazio, mas ao mesmo tempo é bom saber que temos uma conexão tão linda com alguém a ponto de encher e esvaziar com a sua presença. Sorri também, e segurei um pouco a emoção porque pensar nisso me deixou tocada. Eu estava mais sensível do que de costume nas últimas semanas.

Ironia do Destino [Ranu]Onde histórias criam vida. Descubra agora