Julho/2020
Rafa Kalimann"Bom mesmo é ir à luta com determinação, abraçar a vida com paixão, perder com classe e vencer com ousadia, porque o mundo pertence a quem se atreve e a vida é muito para ser insignificante."
Abri a porta do quarto devagar, e embora a luz estivesse apagada, a janela totalmente aberta dava passo à luz da Lua, deixando o quarto banhado num azulado incrível. Imediatamente me lembrei de como Manu ama olhar para o céu e sorri sentindo meu coração aquecer depois de toda essa discussão desnecessária. Fiquei parada no meio do quarto, confusa ao perceber sua ausência no cômodo. Onde será que ela se meteu?
-- Aqui! - tomo um susto ao ouvir sua voz baixinha, mas sigo, encontrando-a do outro lado da cama, deitada no chão perto da janela, observando a grande Lua que iluminava e brilhava lá fora. Sorri sentindo meu coração encher de amor e melancolia.
Um filme da gente no BBB passa pela minha cabeça, e alguns dos primeiros passos que demos em direção ao que sentimos hoje sem sequer suspeitar que terminaríamos aqui, saltam na minha mente. Manu simplesmente amava se jogar em algum canto e olhar pro céu para pensar. Ela escreveu uma música sobre isso. Lembro das tantas vezes que ela afirmou que isso a fazia sentir conectada com o universo, e como ela se percebia como uma parte ínfima de um todo muito maior. "Às vezes o que definimos como gigante parece irrisório quando entendemos que existe muita vida e diferentes realidades lá fora".
-- Já parou pra pensar que a gente sempre tem mania de esconder nossos defeitos quando estamos conhecendo alguém? - questionou com os olhos no céu.
Deitei também. Estávamos agora lado a lado no chão, com o olhar voltado para aquela imagem linda do céu que a janela do meu quarto nos permitia admirar. Parece até que tínhamos voltado no tempo, e se eu fechasse os olhos bem forte poderia até sentir a grama sintética abaixo da gente.
-- Não foi bem assim com nós duas. - lembrei.
-- Na verdade, estávamos mais preocupadas com o olhar do público. O que uma achava da outra podia até ser importante no começo, mas ficava em segundo plano no meio de toda aquela loucura. - concordei.
-- E quando nos aproximamos, meio que já sabíamos alguns defeitos uma da outra. Eu me conectei com você porque sentia que mesmo sem me expor muito pro público, ainda assim conseguia mostrar meu verdadeiro eu sem ser julgada. - confessei e ela me olhou pela primeira vez. -- Você me entendia sem eu precisar dizer!
-- Não sabia disso! - sorriu -- Eu lembro como no começo todo mundo ficava tentando esconder qualquer defeitinho mínimo o tempo todo e eu achava um saco total. - ri.
Ela tinha razão.
-- Nunca precisei esconder com você, nem lá e nem aqui. Sempre senti como se cê pudesse olhar pra mim e ser capaz de ver além do que tento mostrar. Mesmo se eu quisesse, sinto que não iria conseguir esconder quem eu sou de verdade. Você vive falando sobre dom, talvez esse seja o seu: me ler tão bem.
Percebi como ela abriu um pequeno sorriso e esticou o braço entre nós, abrindo a palma da sua mão como se pedisse silenciosamente que eu a segurasse. Óbvio que o fiz com um sorriso no rosto, e uma sensação de alívio me invadiu ao sentir o aperto leve de seus dedos nos meus.
-- É só estranho como a gente passa a vida procurando pessoas de verdade pra ao mesmo tempo querer passar uma perfeição irreal pros outros! - comentou.
-- Porque tá pensando nisso?
-- Porque tô refletindo como nós duas somos individualmente incríveis, quão sortuda somos por ter nos encontrado, e como é preciso de coragem pra estar vivendo esse amor. - suspirei e apertei de leve a sua mão.
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Ironia do Destino [Ranu]
FanficSe dependesse do acaso, Manu e Rafa continuariam frequentando os mesmos eventos sem nunca se encontrar, mas o destino tinha outros planos.