Sobre medos e começos

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Julho/2020
Rafa Kalimann

Se tem algo que aprendi com as horas de sumiço da Manoela é que o amor é muito louco. Eu tive medo, fiquei preocupada, mas por nenhum momento nessa montanha russa de sensações eu realmente duvidei que ela voltaria pra mim. Faz sentido pra você? Para mim nunca fez tanto. O amor é tão complexo que ele te ensina demais quando você está na merda. Você pode ficar puta, chateada, quebrar todos os pratos, rasgar todos os livros, esgoelar todas as músicas tristes mas quando você sabe que é amor retribuído, forte e profundo, você sente algo que eu jamais experimentei antes dessa maneira: segurança. Eu sei que tenho alguém ao meu lado que preza por mim, pelo nosso namoro, pela nossa relação. Manu me ajudou a compreender que o amor te permite falhar, te permite ser você mesma.

De um jeito esquisito eu sei que ela sempre estará aqui na minha falta de paciência, nas minhas desconfianças, nos meus surtos. Ela vai sempre me dar a mão no meio dos meus dramas, nas minhas teimosias e nóias. Ela vai amar o meu grito, o meu orgulho, a minha arrogância e a minha falta de jeito pra ser romântica. Tem algo mais libertador do que isso? Mesmo no desespero e na briga você saber lá no fundo que tudo que vê de errado em si mesma será amado e cuidado pela pessoa que você ama? Se tem, eu não sei. Tudo que posso dizer depois da minha namorada ter resolvido que é hora de dar mais esse passo apesar de todos os apesares é: Namore alguém que faça loucuras por (e com) você.

Aqui, deitada no chão do meu quarto e olhando pro céu da minha janela enquanto escuto sua voz animada me contar tim tim por tim tim de tudo que ela fez nos últimos dias e não teve tempo de falar, eu me sinto tão livre e tão cheia de amor como ela sempre prometeu que eu estaria. Nunca estive tão agradecida por ter sido a sua escolha. Sempre quis um amor que me acompanhasse e me fizesse gargalhar pela madrugada. Alguém que estivesse do meu lado comprando minhas brigas, que embarcasse comigo nos meus ideais de ajudar os outros. Manoela é a pessoa que Deus criou e separou só pra mim, eu tenho certeza. É ela quem sabe me pegar de jeito como eu gosto, mas também me encher de carinho. Quem me faz ter vontade de arrancar suas roupas pra transar em qualquer lugar, mas ao mesmo tempo quem acalenta meu coração e me dá orgulho apresentar pras pessoas que eu amo. E não tem como não estar nas nuvens por ela ter mergulhado de cabeça e nos dado a chance de ser feliz e cuidar uma da outra do jeito que merecemos.

Olho pra tela do meu celular e vejo como Manu está deitada no chão do seu quarto, curtindo mais do que tudo a ideia que teve de compartilharmos o mesmo céu enquanto tagarela sem parar. Observo seu rosto um tanto maltratado e não há como evitar pensar no motivo pra ela ter pedido para não falarmos ainda sobre nada que envolvesse a sua súbita decisão de peitar o Simas com a questão da distância.

Sei que tem algo que a incomoda muito nessa história e estou morrendo de curiosidade. Algo que a machuca e ela não quer tocar, mas o que será?

--...tô tão animada porque vamos nos ver logo! Não vejo a hora! Eu quero gritar de felicidade! - ela comentou eufórica fazendo uma dancinha no chão e me arrancando uma risada.

-- Também não vejo a hora, meu amor! - suspirei e vi seu olhar sobre mim. Ela sorriu Ironicamente como se soubesse o que estou pensando e eu revirei os olhos sorrindo. Acho que ela pegou meu pensamento no ar.

-- Fala logo o que tá nesse cabeção! - Ri. Que sempre exista essa amizade entre nós. -- Eu sei que você quer perguntar! - ela olhou para o relógio. -- Segurou por umas 3 horas?! Um novo recorde para a curiosa Kalimann. - brincou e eu revirei os olhos rindo mais.

-- Sei que cê não quer falar sobre isso agora, mas não vou disfarçar dessa vez: tá me matando não saber o que te deu pra resolver que é hora de morarmos na mesma cidade!

Ironia do Destino [Ranu]Onde histórias criam vida. Descubra agora