a cruel truth

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- Oi, sou eu de novo! - Disse sentado ao lado do túmulo de Mia. Observando minhas novas tatuagens.- Acabei de sair daquela festa horrorosa, com diversos pilantras que meu pai quer intimidar.  - Eu sei, eu sei que não devia estar me afogando em tantas bebidas, drogas e garotas, mesmo casado com Alexia. Você sabe que nunca quis algo sério com ela. - Tiro meu terno vendo que havia uma carta, em seu bolso interno.

"Durante toda minha vida, troquei coisas por vícios, amor, atenção e etc. Mas, quanto tive você, meu filho... Não pude fazer a mesma coisa, mas não foi escolha minha, você morreu em meus braços e nada poderia ser pior que isso. Sabia que em meus braços, se você tivesse vivo, não precisaria mais me prender em coisas térreas. Apenas, em você. Com amor, G. 1996"

O que é isso? Que merda é essa? Levanto rapidamente, discando um número no celular:

- Sim, chefe. - Patrick atende no primeiro toque.

- Me mande uns links de sites de crianças desaparecidas na mesma data de nascimento que eu. - Disse e desliguei, entrando no carro. - Mas, que merda de carta é essa... preciso falar com Bárbara. - Será que tenho um irmão? Quem é G? Será Gottschalk? Que merda aquilo estava fazendo na minha roupa. No mesmo ano em que eu nasci?

- Oi meu amor. - Alexia vem até mim, quando entro. Apenas passo a mão em sua barriga e me afasto.

- Onde está minha mãe? - Perguntei.

- Conversando com Liz, no escritório dela. - Subo as escadas rapidamente, porém ouço a voz de Bárbara alterada e resolvo escutar.

- Você me roubou, roubou Liz... como? Depois de tudo que te dei, sua filha, seu marido, aquela casa, todo o dinheiro. - Ela estava muito brava.

- Eu não fiz nada, já pensou que foi seu filhinho drogado? - Empurro a porta dando risada.

- Desde quando eu preciso roubar para ter algo? Todas as minhas coisas são com as minhas cargas e.... não te devo satisfações, nenhuma. Para quem some com a própria filha. - Sentei ao lado da mesma. - Eu quero saber, o que significa, isso. - Jogo a carta em cima da mesa. Bárbara segura em mãos o papel maltratado. - Está na hora de revelar a verdade, não acha? - Ela arregala os olhos e amassa o papel.

- Não há nada aqui, você está vivo, isso não quer dizer nada. - Ela da de ombros. Meu celular vibra e vejo que são os links que pedi.

- Não vai falar? - A olhei, levantei calmamente concordando com a cabeça. - Se prepara então! - Bato a porta, procuro meus documentos, pego algumas fotos enfiando tudo em minha mala e descendo. Vejo Alexia correr atrás de mim:

- Ei, Ei... Onde você pensa que vai? - Ela me pergunta.

- Não enche, caralho. - Respondi indo até a cozinha, vejo Victória o que me faz sorrir. - Vi, você se lembra da gravidez da minha mãe, depois de Liz? - Sussurrei.

- De sua mãe? - Ela parecia confusa. - Não a vi grávida de você, a mesma me demitiu e seu pai me contratou novamente assim que você nasceu. - Muito estranho! - Era um bebê lindo, saudável para as circunstâncias.

- Quais? - A olhei confuso.

- Sua mãe não ficou de repouso, não tinha leite no peito, nem barriga, seu corpo estava completamente igual, não havia sinais de gravidez. Costumava dizer a ela que nunca havia visto uma mãe tão composta após o parto. Algo de errado, meu filho?

- Talvez, talvez haja algo de muito errado. - Beijo a testa da mesma. Saindo pela porta dos fundos, direto na garagem, pego o outro carro, colocando a mala e entro. Dirigia rápido por toda a cidade, pretendendo chegar o mais rápido no aeroporto e assim faço. Dentro do avião com destino a Nova York, abro meu notebook, olhando algumas fotos de criança, comparando com as que peguei em casa e pareciam um pouco diferentes, a feição de bebê.

- Que merda.. - Jogo as foto dentro de bolsa novamente, em minha cabeça, diversas desculpas e possibilidades apareciam e sumiam a cada minuto ali dentro. Decido abrir os links e sites de crianças desaparecidas entre 1996 até 1998, e se talvez eu não fosse um Gottschalk? Não quero nem pensar nessa possibilidade, viver com os erros de meus pais era uma coisa, agora saber que eles mentiram toda a vida... para mim, era... dolorido. Observei cada foto com muito cuidado, achando um que parecia muito, muito, com umas das fotos que peguei em casa. Aperto na foto, lendo a descrição "criança recém-nascida" era a única coisa escrita. Fecho o notebook rapidamente e suspiro pesado.

Chego em Nova York, Patrick me busca, me levando diretamente a minha mansão onde ele morava por ali:

- O que há de errado com você? - Ele pergunta após eu formar as carreirinhas da minha droga.

- Dor.. - Puxo a primeira. - Solidão... - A segunda. - E confuso. - A terceira, levanto a cabeça sentindo minhas vias respiratórias arderem. Balanço a cabeça rapidamente, abrindo os olhos.

- Nunca te vi assim, irmão. - Ele diz.

- Preciso que analise com muita precisão as fotos e documentos que estão na mala. Urgente. Se tiver que chamar alguém, chame, eu pago quanto for. - Digo e ele concorda. - Estou crente que... não sei quem são as pessoas que vivem na minha casa. - Disse pensativo. Abro meu notebook novamente, procurando sobre os eventos mais marcantes de 1996, "descobertas de tráfico de crianças", nego com a cabeça lendo aqueles arquivos. 

- Esses documentos estão todos alterados, há sinais evidentes de que foi alterado. Estou entrando no site de arquivos do hospital, procurando o número dessa ficha. Mas, uma coisa é certa... esse documento, não está totalmente verdadeiro. - Por mais que não quisesse, aquilo estava me afetando muito. - Droga, estão rastreando o acesso, meu computador... não consigo cancelar. Fecha esse computador agora, Harry! - Fecho meu computador franzindo minhas sobrancelhas.

- O que foi isso agora? - Perguntei me levantando.

- Não sei Aspen, mas... algo de muito poderoso está protegendo aquele arquivo. - Ele disse.

- Algo não, alguém... - Disse ao ver a luz da webcam piscando, fecho o computador dele. Meu celular vibra e nos entreolhamos. Abro a mensagem que havia chegado:

"Procure mais sobre Grace Greyk - Carol."





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