O tempo foi passando e eu ficava cada vez maior e maior, as meninas me ajudavam a esconder a barriga. Mas, estava se tornando inevitável e Brandon parecia cada vez mais próximo. Estava no bar com Bart, o embebedando quando começo a sentir cólica, provavelmente era normal nessas alturas, não tinha certeza se estava tudo bem. Caminho até o banheiro, abrindo minha roupa e desenrolando a faixa da barriga.- Oi bebê. - Digo pela primeira vez, cutucando a barriga. O que eu fazia todo dia para ver mexendo. - Eu sei que tenho sido mal com você mas, isso é para sua sobrevivência. - Vejo a barriga mexer e acabo deixando as lágrimas caírem. - Eu sinto muito.. - Digo sentindo o meu coração se apaixonar por aquele ser dentro se mim. - Eu tentei de todas as formas, te ignorar mas, isso foi errado. - Nego com a cabeça. - Mas, eu amo ver você mexer. - Concordo sorrindo em meio as lágrimas. - Cada dia que passa você fica maior, não é mesmo? - Outro chute. - Vou descobrir um jeito de sairmos daqui juntos, okay? - Volto a fechar a minha roupa, mas ouço um estalo. Me assustando. - Tem alguém ai? - Perguntei e de repente um líquido quente começa a descer pela minha perna. Enxugo com a faixa e a jogo no lixo. Volto para a boate barulhenta, voltando a fazer companhia ao Bart.
- Você voltou. - Ele sorriu.
- Bart, por que não me leva embora com você? - Perguntei.
- Porque não tem onde eu deixar você, linda. - Ele afirma.
- Eu me viro, só preciso sair daqui, urgentemente. - Digo a ele.
- Não posso, faz parte do acordo que tenho com Brandon. - Ele deu de ombros.
- Que acordo? - O olhei.
- Existe uma lista de garotas que podem ser compradas. Seu nome não está nela. - Disse ele. A dor permanece e parece piorar. Procuro Leslie e Nora, mas não encontro nenhuma das duas.
- Preciso me retirar, até amanhã. - Digo, sentindo o líquido continuar a escorrer, não conseguia entender o porquê da dor e do liquido. Subo em direção ao quarto das garotas, com dificuldade, pois a dor era maior. Entro, trancando a porta. Não sabia o que fazer, abaixei três colchões, deitando em cima com dificuldade. Sentia o suor descendo por meu rosto e a dor aumentar a cada momento. - Meu deus, o que eu tenho que fazer? - Recordo brevemente de quando minha mãe ajudou uma vizinha a ter bebê. Eu não estava vendo, mas ouvi que ela tinha que fazer força. E então, começo a fazer força na barriga e a dor só piorava. Não podia gritar ou chamar por ajuda, pressiono meus lábios um contra o outro, fazendo força novamente. Sentia meu corpo inteiramente cansado mas, não podia parar de fazer força até sair, aperto o colchão em minha mão, para me ajudar a fazer força. Perco o ar e então, sinto algo escorregando para fora de mim. Levo minhas mãos para segurar, com cuidado, o pequeno e frágil corpinho, coberto de sangue e pálido. Vejo que era um menino, trago seu corpo minúsculo até mim, o abraçando. - Eu consegui. - Dei risada, o mesmo começa a chorar. - Não podemos fazer barulho. Fica quieto, filho! - Disse emocionada, não era real, não era possível que havia conseguido sozinha, ainda sentia muita dor mas, olhando para ele tão pequeno e tão, frágil. - Você é lindo, garotinho. - Sussurrei.
Alguém tenta abrir a porta, encolho o bebê em meu corpo, como se me revestisse de força para que ele não fosse tirado de mim, solto um suspiro ao ver Leslie entrando:
- Ohh, meu deus. - Ela se espantou. - Nasceu? É sério que nasceu? Nossa. - Ela sorriu. - Mas, não está cedo?
- Eu não sei, chame a Pam. Traga ela escondida para cá. - Pedi e ela concordou, fechando a porta. Logo elas voltam, com Nora junto.
- Não era para ele ter nascido. - Pam diz, me preocupando.
- Então, ele é prematuro? - Nora perguntou, vejo a enfermeira assentir com a cabeça.
- Bom é que, você já expeliu a placenta, só temos que cortar o cordão e eu vou precisar levar ele. - Ela disse, neguei com a cabeça.
- Não vai levá-lo, ele fica aqui. - Afirmei.
- Ela tem razão, Pam. - Nora concorda comigo. - Se esse bebê sair daqui, já era.
- Ele não pode sair. - Leslie diz. - E ele não vai.
- Tudo bem, eu vou examinar, ele aqui. - Concordou ela, me fazendo relaxar. Ela examinou o pequeno bebê que dormia tranquilamente.
- Não sei como eu aguentei. - Disse sorrindo. - Ainda não acredito no que aconteceu.
- Por que não chamou a gente? - Leslie perguntou.
- Eu não vi vocês em lugar algum, e eu tava com dor, não podia ficar lá. - Neguei.
- Sorte que ninguém veio atrás de você, sorte mesmo. - Pam disse. - Temos que colocar uma roupa nele, bem quente.
- Eu não tenho nada, a não ser que enrolamos ele, na blusa que eu vim para cá. - Ela concordou. - Serve?
- Sim. - Dei blusa a ela, a mesma. Vejo ela lavar o corpo dele, com uma garrafa de água e secar, com minha toalha. Logo, ele estava enrolado e quentinho. Seu choro delicado e lindo, começa a ecoar. - Precisa amamentar ele.
- Eu? - Olhei para ela.
- A criança já sabe sugar, você só precisa permitir e ficar tranquila, estimulando ele. - Pam diz. - Vou ajudar. - Ela me entrega ele, a mesma me ensina um modo de segurar o peito na boca dele, a dor é terrível, parece que estou tento o seio arrancado mas, vê-lo sugando e sugando, saciando sua fome, é perfeito.
- Que momento lindo, nossa. Eu não aguento. - Nora diz me fazendo rir.
- Aproveita que já escureceu e durma um pouco, assim como ele. Se o mesmo acordar de noite, não deixe ele chorar alto.. - Concordo. - Você foi muito forte hoje, Lucy. - Sorri
- Agora, deixe esse bebê se alimentar e descansem. - Nora acrescentou. Acreditem ou não, eu não queria dormir, queria ficar olhando aquele bebê lindo, a noite toda, admirando, torcendo para que ele fique bem.
- Sabe, bebê, eu acho que seu nome devia ser Charlie, em homenagem ao meu primeiro amor. - Sorri. - Eu não queria dormir, mas toda aquela força... - Bocejei. - Queria ficar cuidando e te admirando. - Fecho os olhos, aconchegando o bebê a mim.
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Espírito de Retaliação
RomanceDe todas as armas que estão prontas para a guerra, não existe melhor arma que a mente humana. É nela que está o plano de ataque, instinto, treinamento, e onde podemos perceber quem são aliados e quem são os temidos inimigos, onde diferenciamos o amo...