the real owner of Mia.

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"Eu senti tanto nojo do meu corpo, com todos aqueles homens me olhando e passando a mão em mim, como se eu fosse um pedaço de carne." - Mia.

Era impossível esquecer aquele rosto, que só de me lembrar, meu corpo inteiro se arrepiava, meu pensamento vai direto em Thomas, o medo por ele.

- O que temos aqui? - O homem a minha frente dizia, me encarando. - Eu me lembro muito bem de você. - Ele se aproximou, meu corpo todo estremecia, eu estava travada. - Jovem, americana de 19 anos. - Meu gostoso prejuízo de 150 mil dólares. - Ele passou a mão por meu braço, o nojo destilava de minhas veias.

- Tire suas mãos dela. - Patrick disse.

- E quem seria, você? - Ele perguntou tirando a atenção de mim. - Eu conheço você, eu sei quem você é... 

Fecho os olhos, tendo flashes do tenebroso dia, em que seria vendida como um cordeiro ao matadouro, ele estava lá, ele era o comprador que não parava de fazer lances. Cabelos grisalhos, rosto impecável, alto, com ombros largos e firmes. Seu olhar era perverso, me assombrou durante dias.

- Voltando a atenção, a minha pequena... compra. - Sinto seu bafo quente em minha orelha, me afasto rapidamente. - O que te trouxe de volta, ao seu dono?

- Você não é e nunca vai ser meu dono. - Disse entre dentes.

- Eu sou seu dono, eu paguei por você. - Ele aumentou o tom de voz, se aproximando novamente. - Me diz, o que você quer, do seu dono? - Ele segurou meu queixo, erguendo seu olhar ao meu. - Ohh, minha pequena e frágil... Grace. - O que? Ele conhecia a minha mãe?

- Ela não é...

- O que você quer, com a minha mãe? - Tirei sua mão do meu queixo.

- Sua... mãe? - Ele pareceu não gostar do que eu havia dito. - Aquela, puta desgraçada, teve uma filha? Com o Fillipe? - Ele gargalhou. Olhei para o Patrick, sinalizando para ele correr, e o mesmo negou com a cabeça. - Ela vai morrer por isso.

- Chega desse papo louco, de morte e leilão. Preciso ir embora. - Alexia disse, vejo o homem colocando a arma na barriga dela.

- Cala essa boca, ou eu vou estourar dois miolos. - Ele sorriu, a fazendo ficar quieta.

- Deixa ela ir embora, seu assunto é comigo. - Falei calma. - Me diz o que sabe sobre Aspen Harrison Gottschalk, e eu digo sobre Grace Greyk. - Ele pareceu se convencer.

- Tudo bem. - Ele agarrou meu braço, colocando uma arma em minha cabeça. - Se você, garoto, tentar algo ela morre. - Sentir estar sendo alvo de uma arma, encheu meus olhos de lágrimas. Eu não parava de pensar no ser dentro de mim.

- Vai Patrick. - Disse o olhando, deixando as lágrimas escorrerem por meu rosto. Ele me encara por um tempo, até que some juntamente com Alexia pelo corredor. Brandon abaixa a arma, beijando meu ombro.

- Não chore, minha bonequinha. Não vou te machucar. - Me esquivo de seus beijos. - Vem, vamos conversar... - Ele me colocou dentro da sala de Matthew novamente.

- Essa, cachorra imunda... - Matthew disse entre dentes ao me ver, sorri de lado.

- Olha como fala com ela. - Brandon diz, me fazendo ficar confusa. - Tirem ele da mesa. - O mesmo me guia até o sofá, sentando ao meu lado. - Você é tão linda, como sua mãe. - Ele ajeita seu terno azul. O mesmo aparentava ser muito bonito para sua idade e elegante. - Creio que não conheça.

- Ahh conheço, Marshall, Brandon Marshall. - Disse o encarando.

- Sabe que eu adoro as que bancam de espertas. - Ele disse, me causando pavor. - Sabe por que eu queria te comprar? Você é Grace, da mesma forma, o mesmo olhar. E na hora que eu bati os olhos em você. - Ele riu. - Eu daria todo meu dinheiro. E então, você fugiu e me deixou uma divida. Se Matthew não fosse meu filho, eu o mataria.

- Eu não sou algo que você pode comprar. - Respondo.

- Já comprei. - Ele coloca a mão na minha perna, me afasto novamente.

- O que quer saber do Aspen? - Seu rosto muda.

- Sobre o passado dele... - Afirmei. - Achamos que ele seja filho da Grace.

- Grace? Mãe do Aspen? Não sejam tolos... - Ele revirou os olhos. - A mãe do Aspen é Lucyane.

- Lucyane, você diz, Lucy? - Olhei para ele.

- Essa mesma, não sei se você conhece, o que chamamos de tráfico de mulheres. Eu faço, é isso que faz Atlanta girar em minhas mãos. - Ele explicou. - Peguei Lucy com a sua idade, linda, encantadora, mas uma garota muito má. Então, como ela estava me dando muitos prejuízos, com os clientes e dinheiro. Simplesmente, a adestrei...

- Você o que? - Perguntei.

- Sim, eu a estuprei, como vocês costumam dizer. - Afirmou ele. - E ela começou a engordar, a engordar. Até que descobrimos que ela estava grávida, Aspen nasceu, imediatamente, o tirei daqui. Meu primeiro filho não teria uma mãe prostituta. Bárbara veio até mim, pedindo uma ajuda, que ela tinha de dar um filho para Joe, ou ele separaria dela.

- Você deu ele? - Perguntei.

- Eu vendi. Lucro por lucro. - Ele deu de ombros.

- Ele é seu filho. - Disse horrorizada. - Como podem? Ele era seu primogênito, isso não tem grande importância no mundo de vocês?

- Primogênito de uma prostituta... Qual é? Acha que as pessoas comprariam dos meus produtos? - Ele negou com a cabeça.

- Nojento. - Me levanto do sofá, mas ouço o gatilho da arma.

- Mais um passo... - Ele disse. - Mais um tiro..

- Como assim? Mais um tiro? - Virei para ele. - Foi você?

- Bom, meu intuito era acertar outra pessoa. - Ele disse. - Você entrou na frente.

- Ele é seu filho, como você...como você pode? - Olhei para ele.

- Eu não quero castigar ele, quero castigar Lucyane, que fugiu e ainda me deve. - Nego com a cabeça.

- Aspen não tem culpa dos erros que você cometeu e agora, ele está lá, sendo mantido inconsciente, depois de ter uma overdose e quase morrer. Bárbara não permite que ele faça o que quer, sempre em manipulação, sofrendo. Como consegue? - Eu estava chorando.

- Uau, vemos aqui um sério caso de amor. - Ele riu. - Vocês meros são péssimos mas, admito que sinto algo por você, minha pequena versão da Grace. - Aquilo quase me faz vomitar.

- Eu vou embora... - Ele levanta a arma. - Você não vai atirar em mim. - Nego com a cabeça.

- Ele não, mas eu sim! - Matthew entra na sala, com uma arma a encostando em minhas costas. - Anda cadelinha, faz alguma coisa. - Ele bate com ela na minha cabeça, o que me faz arquear com dor.

- Seu filho da puta. - Vejo Brandon indo para cima dele, aproveito para sair correndo da sala o mais rápido possível. Não era possível que aquilo era real, eu não podia me arriscar e agora estou aqui. Sigo correndo pelo corredor que entramos, abrindo todas as portas para sair. Abri a porta direto para a rua, suspirando aliviada. Vejo o carro de Patrick, pronta a correria, apenas ouço o barulho da arma, o ar gélido atinge meu corpo, fico parada como um estátua, com medo de o tiro ter acertado em mim.

- Mia! - Patrick grita.

- Não ouse me afrontar, você ainda é minha. - Ele diz, fecho os olhos com força.

- Eu não sou sua, eu não sou. Eu sou um der humano, não uma propriedade. - Nego me virando a ele.

- Quem ordena isso, sou eu! - Ele estava se aproximando.

- Me deixa ir, me deixa salvar o filho que você negligenciou. Ele não merece, me deixa ir. - Implorei.

- Tudo bem, vai mas, uma hora eu vou te pegar. E te trazer para cá. - Ele joga a arma no chão, me encarando. - Você vai voltar. - Aquela frase ecoava em minha mente, Patrick vem até mim, me levandonoara o carro. O homem ainda estava lá, firme, encarando o carro, sem coragem para o olhar na direção do mesmo.

Espírito de RetaliaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora