Lucy's hell

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Nenhuma mulher mais
independente da cor
ficará calada
enquanto houver outras
violentadas


*cenas fortes - Contém gatilho.

Após me ajudarem a tomar um banho e tirar o odor de sangue misturado com o perfume amadeirado do meu assassino, me deito com dificuldade. Era impossível deitar de modo confortável. Por piedade, elas me deixaram no quarto por quatro dias quando a dor física sumiu mas, a psicológica piorava cada dia mais. "Pelo menos o desgraçado, usou preservativo" diziam ao meu redor. Como se isso amenizasse tudo que estava sentindo.

- Lucyane, o chefe quer vê-la. - Um segurança disse após todas estarem pronta para mais sofrimento. Caminhei durante todo o trajeto, inquieta. Eu não tinha mais medo, vontade de lutar, eu estava orbitando entre o caos e a dor.

- Olha só quem apareceu. - O monstro disse assim que entrei. - Pode se sentar, se conseguir.

- Depois que o seu cliente me estuprou, rasgou a minha alma e levou minha vida junto a dele? - O olhei calma. - Consigo. - Me sentei a sua frente.

- Ele era um ótimo cliente, que deleitava das garotas e enchia meu bolso de dinheiro. E por sua causa, ele não virá mais. - Ele comentou.

- Que bom, uma pessoa como você e ele deviam estar na cadeia, sendo estuprados igualmente eu fui e muitas outras aqui. - Disse sem emoção alguma.

- Olha garota, se mais algum cliente grande, for embora. Você vai pagar pelo que está fazendo, okay? - Ele ameaçou.

- Eu não vou fazer o que você e eles querem. - Nego. Ele faz um sinal com a cabeça para o segurança que me trouxe, que sai e tranca a porta. Meu coração acelera e eu não me movo.

- Eu vou lhe ensinar, como se deve servir um homem. - Ele tira seu terno. Me levanto rapidamente correndo até porta, puxando a maçaneta.

- Socorro, alguém me tira daqui. - Bati com força na porta gritando. - Nora! - Gritei o nome da mesma, numa tentativa fajuta de não passar por isso de novo, por favor.

- Pode gritar a vontade, ninguém irá ousar dizer que lhe ouviu. - Ele estava atrás de mim, sua mão passou pelas minhas pernas, rasgando a meia calça que eu vestia com os dedos. Fecho os olhos com força, eu precisava tentar escapar. Com a força que fiz para me virar, ele segura em meu cabelo fortemente, batendo meu rosto na porta e o pressionando. Solto um som de dor, me desespero ao vê-lo arrancar minha roupa com rapidez.

- Brandon, para..m. Brandon. - Gritei antes que ele me arrastasse de volta aquela dor terrível, conforme seus movimentos aconteciam a porta que estava atrás de mim, batia fortemente ecoando um barulho alto.

A humanidade é algo doentio, que se perdeu. E a minha humanidade, simplesmente era um vazio inevitável.

- Continua pedindo para eu parar, grita meu nome. - Ele sussurrou em meu ouvido. Eu estava gritando de dor e não parava. Imediatamente, procurei me desvincular daquele momento e daquele som, me lembrando como a água do riacho ao lado da minha casa, era gelada, lembrando da calmaria de suas águas pela manhã. O cheiro do café recém feito de minha mãe. As gargalhadas do meu pai quando eu aparecia com as galochas com lama no piso e minha mãe ficava enfurecida.
A minha vida era a melhor, do jeito simples e escasso... Talvez seja culpa minha estar aqui, passando por tudo, ao invés de aceitar minha realidade, quis mais, "mais do mundo".

Espírito de RetaliaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora