Antes que eu sequer pudesse raciocinar as nixges estavam ao nosso lado. Percebi que Lucinda era içada por Karen.
— O que aconteceu? — perguntei enquanto corria para auxiliar.
— Ela desabou, não suportou a junção de duas magias como estas — respondeu Zínia.
— Não pode ser — balbuciei. — Os magos, eles estão aqui...
— E novamente você está com medo, não é? — provocou a guardiã infernal. — É melhor que fiquem aqui. Irei dar um jeito nisto, pois, se for depender do imperador, morreremos todos.
— Eu irei! — falei decidido.
— Fazer o quê? Atrapalhar? Por favor, não me faça rir.
Lucinda começou a mover-se.
— Não... Heitor... Eu ainda posso conjurar uma barreira. Mas irei precisar de ajuda. Um só campo de força que expanda-o.
— Nós podemos fazer isso — assegurei.
— Não vai adiantar. Eles já estão aqui — Zínia falou. Sua voz parecia vacilante.
— Se não impedirmos os meltas, os escolhidos morrerão e todos nós também — Lucinda assegurou. — Até mesmo o inimigo. Eles são tão imbecis que não compreendem o fato de que não há como conseguir adentrar em Hanaros sem os verdadeiros imperadores.
— Vocês acham que eles hesitarão em matá-los, Lucinda? Acha que os meltas levarão qualquer uma dessas coisas em conta?
Lucinda fez menção a lhe responder, entretanto, antes que pudesse, Zínia pareceu estar doente num súbito minuto. Ela se contorceu como se algo a tivesse pegado de surpresa e então foi ao chão.
— Zínia! — gritou Karen, enquanto deixava Lucinda comigo e ia auxiliar a tutora.
Eu odiei ter que admitir que a morte dela não me causasse tantos pesares.
— Estão drenando nossa magia... — Lucinda murmurou, claramente apreensiva.
— O que faremos? — perguntei.
— Venham — chamou Lucinda enquanto tentava levantar-se. — Dois deverão ser o bastante para reerguer a barreira comigo.
Ela apoiou-se em meus braços enquanto fazia força para se concentrar. Daniel foi para o seu lado. E eu não sabia como, mas reconhecia de que canto em minha consciência deveria retirar a força para unir com Lucinda. Daniel também pareceu reconhecer o mesmo.
Contudo, eu sentia que por mais força que fizéssemos, nada adiantaria, logo os Magos estariam próximos a nós. Nós três não parecíamos ser capazes de reerguer uma barreira tão antiga. Era estranho que um simples descuido de Lucinda tenha causado tudo aquilo.
— É inútil — falou Daniel. Fartas gotas de suor surgiam em seu rosto, demonstrando o esforço exercido. — Nós temos que chamar Karen e...
Naquele mesmo instante uma força inesperada juntou-se à nossa. Um grande clarão me deixou cego por alguns instantes e em milésimos de segundos as fronteiras da cidade haviam sido completamente restauradas.
Só que com um detalhe: desta vez muito mais fortes.
— O que foi isto? — ouvi Karen perguntar, enquanto se juntava a nós com Zínia encostada em seu braço. Ela, infelizmente, parecia bem.
— Lucinda, nós conseguimos? — perguntei.
Antes que respondesse suas pernas fraquejaram e ela quase foi ao chão. Eu e Daniel a mantivemos suspensa.
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Vale das Estações
FantasíaHá dezessete anos, num país em que poucos acreditariam haver magia e as lendas eram vistas como tolices para assustar crianças, surgiu um lugar fantástico onde as estações coexistiam e as histórias se tornavam reais. Após uma série de coincidências...