Capítulo 26

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POV Rose

Antes que Karp pudesse se lamentar mais, alguém entra na casa onde estamos escondidas.
Me preparo para uma luta, mas respiro aliviada ao ver que eram Dimitri e Nikolai.

Dimitri me olha preocupado, enquanto Nikolai vai até Karp que ainda está sentada no chão.

- Está tudo bem? - Ele pergunta.

Não tenho resposta para isso, então apenas aceno com a cabeça e dou um sorriso fraco.

- Rose...

- Encontramos a senhorita Karp... - Digo o interrompendo - É o que importa.

Me viro para olhar para ela antes de sair, e vejo que ela encara a mim e Dimitri com um grande ponto de interrogação na testa.

Dou de ombros e saiu daquele lugar esperando que eles me acompanhassem.

- Que bom que você está viva! - Sidney diz quando me vê.

Sorri - O que? Não me acha mais um ser maligno das trevas? - Brinco.

Ela ri - Sim, eu acho... Mas aprendi a gostar disso em você.

Seguro o riso. Sidney tem sido uma boa amiga esses dias e eu adoro a forma como ela deixa implícito o que pensa de mim. Ela não esconde o que pensa ou o que sente e eu a admiro por isso.

Nikolai entra com a senhorita Karp logo em seguida a colocando com cuidado na cama.

Ela não diz uma palavra. Apenas fica quieta com os olhos fixos no nada a sua frente.

Respiro fundo - Me deixem a sós com ela - Peço e todos saem.

Me aproximo dela e pego em suas mãos. Aconselhar alguém nunca foi meu forte. Acho que se eu fosse aconselhar alguém que está triste ou com raiva, o aconselharia a descontar tudo em um saco de pancadas ou matando Strigois.

Mas com a senhorita Karp, eu tentarei fazer um esforço. Ela está passando o mesmo que Dimitri passou, então eu sei como é isso... Quer dizer, mais ou menos.

- Eu não faço ideia do que esteja sentindo nesse momento... - Começo a dizer olhando em seus olhos - Mas quando sairmos daqui você tem que tentar seguir em frente. Não pode se martirizar por isso. Não pode se condenar a uma vida infeliz por causa do que fez. - Ela me olha nos olhos e presta atenção em cada palavra - Por favor, permita-se ser feliz novamente...

- Suas palavras... - Ela diz incerta - Você fala como se já tivesse passado por isso...

Desvio o olhar - Não exatamente.

Solto suas mãos e me levanto.

- Foi com o guardião Belikov, não foi? - Ela pergunta e eu a olho não conseguindo evitar a surpresa dela saber daquilo - Sou portadora do dom do espírito, Rose... Eu vi a aura de vocês lá naquela casa abandonada.

Penso um pouco - E...?

Ela se levanta - Quando ele entrou e te viu, a aura dele brilhou mais forte do que a luz do sol. É como se quando ele te viu segura, ele voltasse a viver... - Sorri discretamente - Mas a forma como vocês se trataram, me surpreendeu...

Dou de ombros - Nos tratamos como dois guardiões normais.

Ela ri - Esse é o problema, vocês não são apenas isso... - Ela se aproxima - Além de guardiões, vocês são Damphirs, Rose... Vocês tem sentimentos. - A encaro e ela continua - E o sentimento que existe entre você e o Guardião Belikov é imenso!

Tento não embolsar nenhuma reação por fora, mas por dentro estou sem acreditar. As palavras de Dimitri dizendo que não me amava mais, não parava de vir a minha cabeça.

Ela foi muito convincente.

- Mas, você não aceita isso, não é? - Karp pergunta me olhando e nem percebi que eu meio que tinha parado no tempo por causa dos meus pensamentos.

- Não é questão de aceitar ou não... - Digo dando de ombros - Você está errada. Sinto muito.

Karp cerra os olhos - Ele te machucou.

Paro de respirar por uns segundos.

- Eu sinto... - Antes que ela terminasse de falar, Dimitri entra pela porta.

- Concordamos que é melhor acharmos outro lugar... - Ela diz nos encarando - Aqui não é mais seguro.

Ele diz isso de um modo bem robótico e eu apenas lanço um olhar para Karp que entende o recado. E então saímos daquele hotel.

Não foi difícil encontrar outro e logo já estávamos cada um seus quartos.

Eu decido admirar a vista da janela do quarto em que estava quando escuto a porta abrir.

Continuo olhando a janela e não me viro para ver quem é, até escutar a voz de Dimitri.

- Está tudo bem? - Ele pergunta.

- Por que não estaria? - Respondo sem olhar para ele.

Ele pensa um pouco - Você está estranha desde que encontramos Karp.

Sorri - É esquisito o que está acontecendo... - Me viro para olha-lo e ele me lança um olhar de que não está entendendo nada - Eu estava tentando convencer Karp a seguir em frente... - Começo a andar pelo quarto e Dimitri mantém seus olhos em mim - Quero que ela seja feliz e que saiba que Mikhail ainda a espera... - Dimitri se mantém calado e então eu o olho - Sabe... Eu não quero que ela se arrependa depois...

Dimitri desvia o olhar e eu continuo - Eu poderia até ter te chamado para falar com ela, mas eu acho que não ajudaria muito - Digo sorrindo.

Ele volta a me encarar - Por que não?

Franzo o cenho - Por que apesar de você ter passado a mesma coisa que ela, não acho que seus conselhos seriam os mais adequados já que você fez exatamente o contrário do que eu estou tentando convencer ela a fazer.

Dimitri fica visivelmente desconfortável e coloca as mãos nos bolsos de seu sobretudo.

- Sabe o que é mais engraçado? - Pergunto despreocupada.

- O quê? - Ele me olha nos olhos.

- Ela acha que você ainda me ama... - Digo sem olhar pra ele - O que é ridiculo.

Um silêncio cai sob nós, até que ele é quebrado por Dimitri.

- Eu acho que eu seria a melhor pessoa para falar com ela, Roza...

Estremeço quando ele me chama assim, mas tento manter a postura firme e então o encaro.

- Mesmo? - Ele sorri - E por que? - Pergunto.

- Por que não há ninguém mais arrependido das coisas que aconteceram do que eu. - Eu gelo por um instante e parece que meu coração parou de funcionar pois não o sinto em meu meu peito. Dimitri vê que eu não iria dizer nada, então continua - Se eu pudesse voltar no tempo, eu correria para os teus braços quando fosse curado e não os de Lissa... - Ele me olha nos olhos - Se eu pudesse voltar no tempo, eu jamais teria dito que não te amava... Eu jamais teria te feito sofrer tanto, minha Roza...

- Então... - Tento achar as palavras - Então, quer dizer que você ainda me ama?

Ele se aproxima até que ficamos tão perto que pude sentir sua respiração em meu rosto.

- Eu nunca deixei de te amar... - Ele sussurra - Nem por um segundo.

Uma pequena Vingança [ CONCLUÍDA ]Onde histórias criam vida. Descubra agora