Oi, gentes! Presentinho de Natal meu pra vocês. Que todas (os) fiquem bem e, que de alguma forma, consigam comemorar essa data. O mais difícil a gente já fez, permanecemos vivas e resilientes. Que o Papai Noel traga muita saúde a todos.
Fiquem com mais um capítulo da doutora mais porreta do velho oeste. Vocês são demais ;)
Um Feliz Natal da autora 😘
🎅🤶🎅🤶🎅🤶🎅🤶🎅🤶🎅🤶🎅🤶Vitória’s PoV:
Acordei e não encontrei Ana Clara. Me espreguicei e sorri quando lembrei da noite anterior. Ela tão linda naquele ringue lutando por mim, pela minha liberdade...mal sabe ela que já me prendeu faz tempo. Com ela quero dormir junto, acordar junto, viver junto.Tê-la pra me contar de seus dias seguros. Enquanto estava nos meus devaneios românticos, escutei uma voz de açúcar vindo do quintal de casa. Levantei e fui até lá.
No quintal, vejo Ana Clara e Nayara conversando sobre as ervas:
“-Essa aqui cura e essa aqui mata”-Disse Nayara.
“-Mas são iguais!”-Disse Ana Clara olhando para as duas folhas.
“-Visualmente sim, mas sinta elas.”-Disse Nayara ensinando.
“-Essa aqui é mais áspera.”-Concluiu Ana.
“-Essa mata. Leve algumas da folha lisa contigo. Vitória disse que tu tem alguns problemas respiratórios. Faça elas em infusão na água quente e aspire o vapor, nebulizando. É ótimo pra asma.”-Explicou Nayara.
Depois que falei pra Ana sobre o ritual de cura que Nayara fez nela, acho que abriu um pouco a mente para tratamentos alternativos. Ele tem receitado medicina alternativa.
Cheguei mais perto delas e estavam tão concentradas que nem me ouviram chegar.
“-E essa aqui, Nayara? É pra quê?”-Perguntou Ana.
“-Dor de barriga. É uma erva usada para fazer elixir paregórico.”
“-Bom dia, moças. O que fazem no meu jardim?”-Brinquei com elas.
“-Bom dia!”- Ana se levantou e me deu um beijo. Aprofundei o beijo e a puxei pela cintura.
“-Bom,preciso ir à aldeia vizinha fazer um atendimento espiritual, Capitã Vitória. Com licença.”-Nayara falou.
“-Aquela aldeia tá sendo vigiada por soldados. Não sei oque eles querem lá. Quer que alguém da Tropa te acompanhe?”-Perguntei preocupada.
“-Não precisa, Vitória. Obrigada. Vou ficar bem. Ahow!”-Agradeceu e saiu.
“-Ahow!”-Assim seja.
“-Vitória, eu também preciso ir.”-Disse a pequena.
“-Ah, mas antes vamos ali dentro rapidinho. Depois eu te levo.”-Falei puxando ela pro abraço e beijando seu pescoço.
“-Vitória...eu tenho paciente hoje de manhã.”
“-Mas eu nem comi ainda”-Falei manhosa e cheia de segundas intenções.
Entrei puxando Ana pra dentro de casa e levando em direção à cama.
“-Vitória! Tu não ia comer?”-Ah...a inocência.
“-Vou. Agorinha.”- Falei enquanto a deitava e ia me despindo.
Arranquei a blusa, que havia emprestado pra ela, de seu corpo e beijei-a com devoção. Enquanto beijava seus seios e lambia seus mamilos com cadência, me posicionei entre suas pernas, encostando meu sexo no dela. Rebolei devagar, pressionando contra o meu. Ana jogava a cabeça pra trás e arranhava minhas costas com suas unhas curtas. Beijei-a lentamente deixando mordiscadas em seu lábio inferior. Desci os beijos até seu pescoço, chupando, mordendo e ela gemeu em meu ouvido: “-Ai, Vitória...”Agora mesmo que eu não ia parar. Acelerei meus movimentos quando Fávia entra em meu quarto.
“-Capitã!”- Disse ela parada na porta.
Ana Clara puxou o lençol e cobriu a cabeça. Até parece que Flávia não viu que ela estava ali.
Continuei rebolando em Ana Clara e falei para Flávia:
“-Flávia, eu tô um pouco ocupada agora. Será que eu posso terminar aqui?”-Falei enquanto Ana mordia o próprio braço para abafar os gemidos.
“-Capitã, precisamos sair urgentemente. Nayara foi aprisionada pelos soldados. Eles atacaram a aldeia vizinha enquanto ela estava lá. Eles a levaram.”- Falou de uma vez e Ana Clara tirou o lençol que a cobria.
“-Vamos logo, Vitória. Nayara precisa de ajuda”-Falou ela me empurrando.
“-Ah, bom dia, Drª Caetano.”-Cumprimentou Flávia.
“-Bom dia, Flávia. Como está o pescoço?”-Perguntou se vestindo.
“-Está quase cicatrizado. A sutura ficou muito boa. Vai ficar uma marca pequena.”-Falou Flávia parecendo estar numa consulta.
“-Viu minha luta ontem? O que achou? Apostou em quem?”-Ana estava bastante falante...oque? aposta?
“-Vi sim! Torci muito pela doutora. Ganhei uma bolada porque apostei na senhora.”-Contou Flávia.
“-Que negócio é esse de aposta?”-Perguntei terminando de me vestir.
“Nada. Pega tua machadinha e vamos. Flávia, pra onde levaram Nayara?”-Ana já é praticamente uma amazona falando assim.
“-Vão levá-la pro vilarejo de Nortfolk. Disseram que irão executá-la amanhã.”-Terminou de falar e senti meu sengue gelar.
“-Vamos rápido! Mas não vamos levar a Tropa. Podemos criar uma guerra civil se formos todas. Não quero derramamento de sangue desnecessário.”-Falei e elas afirmaram com a cabeça.
Ainda bem que Ana havia trazido sua maleta. Subimos em Trovão, Ana e eu, e seguimos para o vilarejo.
Ana Clara PoV:
Chegamos na vila e já havia uma aglomeração. Alguns soldados feridos e índios desmaiados sobre os cavalos parados em frente à barbearia. A população curiosa estava toda ali cochichando.
Pulei de Trovão e corri em direção ao cavalo que estava Nayara desmaiada. Fui impedida por um soldado.
“-Onde pensa que vai, senhora?”- Perguntou o oficial.
“-Sou Drª Caetano. Essa mulher precisa de atendimento médico.”-Tentei passar pelo soldado.
O homem segurou meu braço e Vitória pegou o homem pela garganta.
“-Solta o braço dela”-Disse enquanto os outros soldados apontavam suas armas pra cabeça dela.
“-Não! Larga ele, Vitória.”-Pedi afim de acalmar os ânimos.
“-O que está acontecendo aqui?”-Perguntou um oficial que parecia ser o sargento.
“-Senhor, esta mulher precisa de atendimento urgente.”
“-E a senhora quem é?”
“-Drª. Caetano. Por favor me deixe examiná-la.”-Supliquei.
“-Só depois que a senhora examinar meus homens. Tenho três feridos aqui nos cavalos.”
“-Certo. Levem todos ao meu consultório, ali do outro lado da rua.”- Ainda bem que depois do episódio da gripe consegui alugar um espaço pra montar a clínica.
Os soldados carregaram os homens feridos até meu consultório e os índios estavam sendo levados para outro lugar. Vitória ordenou que Flávia vigiasse o local onde estavam levando Nayara e os outros.
Dentro da clínica, examinei os soldados. Estavam bastante feridos pelas flechadas que levaram. Terminei os curativos e fui falar com o sargento.
“-Senhor, eu gostaria de ir ver os índios agora. Terminei por aqui.”
“-Infelizmente isso não será possível. Eles estão sob custódia do governo agora. Não irão receber atendimento até que falem o que queremos saber.”
“-Senhor, isso é desumano! Aquelas pessoas estão sangrando. Preciso ir vê-las por favor.”
“-Por que a senhora se preocupa tanto? São selvagens.”
“-Eles precisam de atendimento. O senhor quer começar uma gerra civil? Acha que a tribo não virá em represalha? Não se importa com a vida dos habitantes aqui da vila? O senhor será responsabilizado se algum de nós morrer aqui por um capricho seu. Eu dedico minha vida a reparar problemas causados por pessoas como o senhor.”-Não sei de onde tirei essa coragem toda.
“-Está bem. Vou pedir que a levem até onde os índios estão.”
Saí pra rua, acompanhada por um oficial e Vitória me esperava do lado de fora.
“-Ela vai comigo. É minha intérprete. Não falo Tupi Guarani.” Falei pro soldado.
Enquanto andávamos atrás do soldado, Vitória falou cochichando:
“-Mas os índios falam sua língua.”
“-Mas ele não sabe disso.”-Respondi. Ela era o elemento surpresa.
Se Vitória entrasse no lugar onde eles estão presos, ela certamente traçaria uma estratégia pra tirá-los de lá. Mas precisaria conhecer o interior.
Chegamos no local e parecia um celeiro. Vitória olhava atentamente para um ponto próximo dalí. Acho que era onde Flávia estava.
Entramos e Vitória analisou o perímetro enquanto fui atender Nayara e os outros. Havia apenas um soldado de guarda lá dentro e um na rua. Vimos um molho de chaves presa na parede atrás do guarda. Eram as chaves que abririam as correntes de Nayara.
Me aproximei de Nayara e pedi para Vitória perguntar em Tupi onde era o ferimento e me traduzir em seguida.
Ombro deslocado e várias marcas de espancamento. O rosto tão inchado que um olho não abria.
Pedi à Vitória que segurasse ela para eu colocar o ombro de volta no lugar. Vitoria deu um pedacinho de madeira para ela morder e abafar o grito.
Puxei o braço dela, colocando o ombro de volta. Fiz alguns curativos no rosto e limpei o sangue pelo corpo dela. Quando essa guerra vai terminar?
Vitória falou alguma coisa em Tupi pra ela e ela respondeu. O guarda quis saber:
“-O que você falou pra ela?”
“-Perguntei se ela estava sentindo dor em algum outro lugar.”-Vitória disfarçou bem.
Atendi também os outros dois índios feridos.
“-Terminei por enquanto, senhor. A noite virei examinar o ombro dela novamente.”-Falei guardando minhas coisas e fechando a maleta.
Saímos dali e fomos em direção à Igreja. Precisávamos de ajuda.
Chegando na Igreja, fui falar com o reverendo Simas.
“-Reverendo, nós precisamos tirar aqueles índios de lá. Logo serão executados por nada.”
“-Bom, em que posso ajudar, Doutora?”- Perguntou arrumando a aba do chapéu.
“-Uma distração. Precisamos distrair os soldados para eu e Flávia retirarmos os índios de lá.”- Falou Vitória, direta.
“-Bem, podemos organizar uma quermesse. Pedirei aos homens da vila que venham tocar à noite e os soldados virão para dançar com as moças da cidade.”- Brilhante, reverendo! É isso!
“-Perfeito! Vamos conseguir!” Falei animada.
“-Certo. Eu preciso voltar lá e pegar a chave que estava atrás do guarda. Mas preciso de chaves falsas para colocar no lugar das verdadeiras e não levantar suspeitas. Vou falar com o ferreiro e pedir que me faça um molho de chaves parecido com o que vi lá dentro”-Vitória é mesmo uma estrategista.
Enquanto a vila se animava para a quermesse, Vitória foi até o ferreiro. Eu só a veria de novo quando ela trouxesse as chaves verdadeiras.
A noite chegou e começamos o resgate. Vitória em posse das chaves falsas, foi até o celeiro trocar as chaves. Eu estava muito nervosa e com medo que ela levasse um tiro.
Fiquei perto da Igreja onde a banda já começava a aquecer tocando algumas músicas. As moças já estávam animadas para dançar e os soldados já vinham chegando. Talvez o plano daria certo.
Esperei mais um pouco e fui para o celeiro onde estava Nayara e os outros. Chegando lá, Vitória estava escondida e me chamou. Disfarçadamente fui em sua direção. O guarda que ficava ali na rua estava na festa. Vitória havia conseguido trocar as chaves e me deu a original. Coloquei na maleta e entrei.
Cumprimentei o guarda que limpava sua arma e fui ver Nayara. Me posicionei em em frente a ela, de forma que o guarda não visse o que eu estava fazendo. Abri a maleta, tirei uma toalha pequena e fingi secar o rosto dela. Discretamente, tirei a chave da maleta e abri o cadeado que fechava a corrente no pescoço de Nayara. Deixei a toalha ali cobrindo. Ela tocou em minha mão em sinal de agradecimento.
Me levantei e distraí o guarda:
“-Ah, senhor. Esqueci meu estetoscópio perto da prisioneira. O senhor poderia pegar, por favor?- Ele se levantou e foi até Nayara. Nesse momento, Vitória saltou de um canto escuro, que eu nem sabia que ela estava lá, e atacou o homem pelas costas derrubando-o no chão. Flávia entrou em seguida, pegou Nayara e libertou os outros que fugiram dali rapidamente. Vitória amarrou meus braços e amordaçou minha boca para parecer que fui rendida.
Um tempo depois, dois guardas apareceram. O soldado que Vitória derrubou ainda estava desmaiado.
“-O que aconteceu aqui?”- Perguntou um deles tirando minha mordaça.
“-Não vi, senhor. Estava atendendo e de repente o celeiro foi invadido. Desmaiei e acordei amarrada.”- Fingi a cena.
Conseguimos tirar todos de lá. O soldado me desamarrou e não desconfiou do meu envolvimento na fuga.
Fui para a Igreja ver um pouco da quermesse, que logo terminaria pois os guardas iriam atrás dos fugitivos. Sentei-me no banquinho e fiquei vendo o povo dançar. Achei que Vitória tinha levado Nayara pra longe, mas me enganei.
“-Psiu...psiuuu”- Ouvi vindo de trás de uma moita.
Fui até lá e chamei.
“-Vitória? Tu tá aí?”- Falei baixinho e cuidando os guardas que estavam dançando.
“-Sim. Nós conseguimos, Ana. Flávia levou Nayara para as montanhas, vai estar segura lá, e os índios voltaram para sua tribo.”-Fiquei aliviada.
“Nem me fala! Que susto!”-Fiz uma pausa e perguntei:”- Ei, tu não quer dançar?”
“Tá maluca, Ana! Esse tanto de guarda aí.”-Falou ela sem saber das minhas intenções.
“-Ah! Tá bom. É que eu queria ver tu dançando em mim igual hoje de manhã.”-Mal terminei de falar e Vitória me puxou pela mão, me colocou em cima de Trovão e fomos num galope só pra casa.
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Dra. Caetano
FanfictionNo ano de 1867, Ana Clara Caetano retorna à cidade onde nasceu, Northfolk, para trabalhar como médica numa vila rural onde cresceu. Uma das poucas médicas num mundo de médicos, ela mostra-se uma mulher à frente de seu tempo, não só por suas atitudes...