Tudo Que Reluz

168 21 13
                                    

Narrador PoV:

A pequena Maria voltava do celeiro trazendo o leite para o café da manhã de sua família, quando viu ao longe a charrete do sr. Lucas Veiga apontar no horizonte:
“-Mãe, o sr. Lucas está vindo!”-Ela disse animada, correndo até a varanda. Ana e Vitória logo saíram para recebê-lo.
“-Bom dia, pessoal.”-Sr. Lucas cumprimentou, tirando Nahoa da charrete.
“-Bom dia, Lucas”-As duas responderam.
“-Vocês não vão acreditar no que está acontecendo na cidade. Todos estão indo até a estação para ver a senhora Marília Mendonça. Eu não imaginava que ela era tão famosa assim.”-Lucas falou admirado.
“-Ela é uma artista muito popular.”-Vitória disse ajudando Lucas a retirar o grande baú de cima da charrete.
“-É uma pena que ela estará no mesmo trem que Arthur. Vai causar muita confusão e tumulto na estação.”-Lucas disse.
“-As iniciais ficaram muito boas.”-Vitória elogiou o belo baú que encomendamos para Lucas fazer e darmos de aniversário para Arthur. Em um dos telegramas ele havia reclamado que suas roupas ficavam jogadas em uma cadeira por não haver uma cômoda em seu quarto.
“-Sim, ficou lindo esse baú, Lucas! Obrigada. Ele vai adorar.”
“-Vocês fizeram um ótimo trabalho criando ele. O mínimo que eu posso fazer é caprichar no presente.”-Lucas falou encabulado.
“-Vamos escondê-lo no celeiro. Ele nem vai imaginar que vai ganhar esse baú grandão.”-Vitória falou animada e, com a ajuda de Lucas, levou-o para o celeiro.
Ao voltarem para junto da Dra. Caetano, Maria e Nahoa, Lucas comentou:
“-Nem parece possível, não é? Um dia estão desse tamanho e no outro....”-Ele bagunçava os cabelos de Nahoa que tentava se esconder de seu pai, gargalhando.
“-Estão fazendo dezessete anos...”-Completei a frase de meu amigo.
“-Está nervosa, Dra. Caetano? Fazem quase dois meses que Arthur não vem nos visitar.”-Lucas perguntou, ajeitando o vestido de sua filha que já estava todo desalinhado por estar correndo com Maria.
“-Nervosa não. Feliz, entusiasmada. E curiosa...bom..talvez um pouquinho nervosa.”-Falei fazendo Vitória gargalhar.
“-Lucas, ela mal dormiu essa noite de ansiosa pra ver o filhote”-Vitória me expôs.
Lucas e a família Caetano Falcão ficaram mais um tempo ali, conversando até que perceberam que já era hora de irem para a estação esperar a chegada de Arthur.
Eles chegaram no centro da cidade que estava em polvorosa pela chegada da famosa cantora, Marília Mendonça:

Ana Clara’s PoV:
“-Nossa! Lucas não estava brincando quando falou que a cidade toda tava aqui na estação.”-Vitória falava, segurando a mão de Maria e a minha mão.
“-Olha ali, que Guto mandou fazer até uma faixa.”-Apontei para uma enorme faixa que dizia: “Northfolk dá as boas vindas à Marilia Mendonça”.
“-Northfolk a recebe em nossa linda cidade...Northfolk a recebe em nossas montanhas rochosas...ah..droga...”-Guto resmungava ensaiando suas boas vindas à cantora, com a chave da cidade em suas mãos.
Estavam realmente todos muito animados. Jeff, que estava muito bem vestido, parou-se ao nosso lado e começou a divagar:
“-Eu...já vi a sra. Mendonça cantar uma vez. Há cinco anos atrás. Eu fui até Westfolk assistir o show dela. Eu disse ‘olá’ quando ela passou por mim. Fico imaginando se ela se lembra.”-Falava muito empolgado sobre sua ‘interação’ com Marília mendonça. Eu nunca tinha visto esse lado tiete de Jeff.
“-Claro que lembra, Jeff”-Vitória falou irônicamente.
Não demorou muito mais para que o trem apontasse no horizonte e anunciasse sua chegada com seu apito barulhento.
Guto logo parou-se ao lado do vagão principal e ficou esperando a cantora descer. Ela foi a primeira a descer, seguida pelos aplausos da multidão. Ela cumprimentava à todos, acenando e sorrindo.
“-Sra. Mendonça...Northfolk a recebe em nossa...cidade.”-Ele falou entregando a chave da cidade para ela.
“-Essa é a maior recepção que já tive. Guardarei a chave da majestosa Northfolk para sempre.”-Ela disse simpática, recebendo mais aplausos.
“-Majestosa...”-Guto murmurou, olhando para a cantora que estendeu-lhe a mão. Guto rapidamente pegou a mão da cantora e beijou-a, num sinal de cavalheirismo. Ela desceu calmamente do vagão.
“-Mas cadê Arthur?”-Maria perguntou olhando para dentro do vagão, pelas janelas.
“-Talvez ele não tenha pego esse trem.”-Agnes falou, chegando perto de nós.
Eu já estava triste quando Vitória apontou para a esquerda. Eu não o reconheci:
“-Mãe! Mainha!”-Ele nos viu e veio em nossa direção. Estava muito alinhado em um terno caro, uma cartola em sua cabeça e havia deixado a barba cerrada tomar conta de seu rosto e os cabelos estavam curtos. O corte padrão dos homens.
“-Arthur?”-Olhei para Vitória que também estava admirada.
“-Mainha!”-Ele grudou em mim me levantando do chão. Em seguida abraçou Vitória, Agnes e Maria.
“-Maria, como tu cresceu nesses dois meses! Já passou da minha cintura. Tu já mudou tanto.”-Ele parou do lado de Maria medindo-a.
“-Ela não foi a única que mudou. Onde conseguiu essa linda vestimenta? E por que quase raspou o cabelo?”-Vitória perguntou chocada, analisando o terno de Arthur.
“-Esse terno é lindo não é, mãe? Foi Marília que me deu. E o cabelo é mais fácil de cuidar dele assim, curto.”-Ele disse calmamente. Senti uma veia de minha testa saltar.
“-É o que, Arthur?”-Perguntei num tom mais alto.
“-Sim, mainha. Quero apresentá-la à vocês.”-Ele nos levou até onde ela estava, conversando com Guto e a chamou: “-Sra. Mendonça...”-Ela o interrompeu.
“-Arthur, me chame de Marília, por favor.”-Ela falou sorridente. Nunca vi tanto dente numa boca.
“-Marília, essas são minhas mães, Vitória e Ana Clara, a Dra. Caetano, da qual lhe falei.”-Ele nos abraçava com força.
“-Prazer em conhecê-la.”-Apertei sua mão com força, porém tentando ser simpática.
“-É um prazer conhecê-la, Dra. Caetano. Vitória, como vai?”-Ela estendeu a mão para Vitória cumprimentá-la.
“-Essas são minhas irmãs, Agnes e Maria.”-A sra. Mendonça cumprimentou as meninas com um abraço e elogiou a beleza de minhas filhas.
“-Ah, mãe, eu disse para Marília que tu vai dar uma olhada na garganta dela. Está com problema.”-Arthur falou.
“-Claro. Olho sim.”-Respondi profissional.
“-Arthur me prometeu um passeio em sua bela clínica, Dra. Caetano.”-A cantora falou gentilmente.
“-Bom, ela não é tão grande pra dar um passeio mas fico feliz em mostrá-la.”-Certamente Arthur iria me explicar o que era aquilo tudo.
Nós nos encaminhamos para a clínica, para examinar a garganta da sra. Mendonça. O caminho até lá foi basicamente uma Maria animada falando sem parar e contando ao seu irmão que haviam pintinhos novos no galinheiro e que ela estava praticando com Vitória, arco e flecha.
Chegando à clínica, pedi à cantora que sentasse na maca enquanto eu me esterilizava. Peguei uma espátula e pedi à ela que abrisse a boca:
“-Bom, sra. Mendonça, sua garganta está  inflamada e um pouco irritada. Há quanto tempo está assim?”-Perguntei.
“-Eu me lembro de sentir minha garganta irritada uma noite em Westfolk. Arthur me recomendou um gargareijo com água morna e sal.”-A cantora revelou.
“-Arthur?”-Perguntei, sentindo minhas pernas fraqueijarem.
“-Sim. E aquela planta...qual era mesmo o nome?”-Ela perguntou ao meu filho.
“-Chá de casca de salgueiro. Mas eu não tinha e é difícil achar lá em Westfolk. Sabia que é impossível achar casca de salgueiro em Westfolk, mãe?”-Ele perguntou.
“-Sim..eu sei mas... como se conheceram?”-Eu já estava muito curiosa e um pouco aflita pra entender essa relação entre eles.
“-Eu fui em um teatro, com uns colegas de faculdade, ver um concerto da Marília.”-Ele explicou simples.
“-Antes de abrir as cortinas tive uma dor terrível que ia do meu coração até minha garganta. Foi terrível. Eu mal podia falar, muito menos cantar.”-A cantora explicou.
“-Max, o empresário de Marília, apareceu e perguntou se havia algum médico no teatro mas não havia nenhum. Meus colegas me obrigaram a me voluntariar por ser filho de uma médica conhecida no país. Mãe, tu não tem noção do quanto as pessoas respeitam a Dra. Caetano.”-Ele falou com os olhos brilhantes.
“-E o gargareijo com água morna com sal fez o truque e show continuou.”-Marília completou.
“-Quando eu soube que Marília viria pra cá fazer seu show, eu disse que ela tinha que te conhecer, mainha.”-Ele disse me abraçando. “-Mainha, o que Marília tem na garganta não é algo grave, é?”-Ele perguntou preocupado.
“-Bem, se não há histórico de inflamação ou dor...deve ser apenas desgaste. Descanso e chá de salgueiro são os melhores remédios.”-Falei tranquilizando-os.
“-Arthur me disse que eu iria gostar de você. Ele tinha razão.”
“-Obrigada. Vou lhe fazer um pouco do chá.”-Fui até minha estante pegar as ervas para fazer o chá e fiquei escutando a conversa dos dois:
“-Marília, tu gostaria de ir lá em casa, celebrar meu aniversário?”-Meu filho convidou.
“-Eu ficaria honrada. Que tal as sete horas?”-Ela perguntou à ele e eu me aproximei.
“-Mãe? Marília pode ir as sete horas lá em casa?”-Arthur perguntou.
“-As sete horas está ótimo.”-Assenti.
Não demorou muito e Max, o empresário de Marília, viera chamá-la para descansar. Ele já havia acomodado suas malas na pequena pensão aqui da cidade. Ela despediu-se de nós, confirmando sua presença na comemoração do aniversário de meu filho.
“-Filho, tu não vai ver tua avó e Gabrielle lá em Corre Ventos?”
“-Vou, mainha. Vou agora mesmo chamar a Gabi pra ir lá em casa, comemorar conosco. A senhora me empresta Ventania?”
“-Meu filho, tu não quer ir pra casa primeiro trocar essa tua roupa chique?”
“-Não. Vou assim mesmo.”-Ele saiu porta à fora, montando em Ventania.
Mais tarde, Vitória veio me buscar e passamos na Greice para pegarmos o bolo que eu havia encomendado para Arthur.
Chegamos em casa e Vitória e eu fomos para cozinha terminar o jantar, quando Arthur chegou:
“-Demorou, filho.”-Falei temperando as saladas.
“-A vó Isabel não queria me deixar voltar.”-Falou sorrindo. “-Gabi não tava em casa. Pedi pra tia Bárbara avisar ela que a convidei para vir aqui.”-Ele retirou seu chapéu, ajeitou os cabelos curtos e começou a arrumar a mesa.
“-Filho, e como vai tuas aulas? Como tá a faculdade?”-Perguntei à ele
“-Tudo ótimo, mainha.”-Ele falou mas não me passou muita confiança.
“-Tu continua com teus estudos, Arthur?”-Vitória questionou.
“-Sim, mãe.”-Ele respondeu sem olhar nos olhos de Vitória.
Vitória ia questioná-lo sobre algo, mas fomos interrompidos por uma carruagem que havia chegado em frente à nossa casa.
“-Eles chegaram!”-Ele correu para a porta, receber seus convidados abrindo a porta e convidando Marília e Max à entrarem.
“-Mas que casa charmosa vocês tem. Me lembra a cabana de caça do Príncipe Rudolf, da França.”-Ela falou.
“-Verdade?”-Arthur perguntou deslumbrado.
“-Bem, podem se sentar. Arthur, venha me ajudar a servir o jantar.”-Ele ainda puxou a cadeira para Marília sentar-se antes de vir me ajudar com a comida.
“-Bom, o príncipe Rudolf era um homem muito querido. Eu o conheci em Londres, na verdade.”- O jantar correu de forma agradável, com a sra. Mendonça contando suas histórias e Arthur e Maria vidrados ouvindo suas aventuras. Havíamos terminado o jantar e estávamos tomando o chá, para ajudar a digestão. A sra. Mendonça continuava contando animada:
“-E lá estávamos nós, presos na neve em St. Morits. Eu ia fazer uma performance ao rei William II de Wurtemberg e não havia como chegar a Stutgard à tempo.”
“-E o que você fez?”-Arthur perguntou.
“-O que eu fiz? Abri uma garrafa de champanhe.”-Ela falou e rimos.
“-Tu leva uma vida bem emocionante não é sra. Mendonça?”-Falei.
“-É o que eu sempre digo...”-Ela foi interrompida por um acesso de tosse.”
“-Está tudo bem?”-Arthur perguntou preocupado, dando tapinhas nas costas de Marília.
“-Acho que eu vou preparar mais chá de salgueiro pra você.”-Falei já me levantando.
Ela negou com a cabeça, acalmando sua respiração.
“-Não precisa, doutora. Já estou bem.”-E continuou contando suas histórias.
Vitória disfarçou e foi até o celeiro buscar o grande baú, nosso presente para Arthur.
Ele continuava animado com as histórias da cantora e pediu:
“-Conte à mainha sobre o dia que você conheceu Ralph Waldo Emerson. É o escritor favorito dela.”-Ela começou a contar a história mas foi interrompida por Vitoria entrando pela porta, carregando o baú.
“-Feliz Aniversário, Tutu!”-Vitória e Maria gritaram, soltando o baú no chão.
“-Mãe! Que baú lindo!’-Ele passava a mão sobre a madeira, admirado com seu presente.
“-Mamãe e o tio Lucas fizeram. Eu lixei e envernizei a madeira, a mãe fez o forro e o tio Lucas esculpiu as tuas iniciais nele. ”-Maria falou exibindo os detalhes da peça. “-Abra e olhe dentro!”-Maria pediu, empolgada.
Ele ficou admirando a parte interna e percebeu um envelope no fundo do baú:
“-Vinte e cinco dolares?!”-ele disse espantado após abrir o envelope.
“-É presente dos teus avós. Meu pai disse que é pra ajudar nos teus gastos lá em Westfolk.”-Ele ficou olhando para o dinheiro, com o pensamento longe. Ele logo foi tirado de seus pensamentos por Marília:
“-Eu também trouxe um presentinho pra ti, Arthur. É só uma lembrancinha, mas é de coração.”-Ela entregou à ele uma caixinha de veludo preto. Meu coração quanse parou nessa hora.
“-Não precisava, Marília. Puxa, obrigado.”-Ele agradeceu olhando a grossa corrente de ouro com um crucifixo pendurado.
Foi nessa hora que ouvimos um barulho de algo caindo em nossa varanda.
“-Ué? Que barulho foi esse?”-Vitória levantou-se, abriu a porta, fomos até a frente de casa mas não havia ninguém. Nem gente, nem animal.
Arthur percebeu, bem em um cantinho, um pequeno embrulho. Foi até lá e constatou o que eu já imaginava ser:
“-É de Gabrielle.”-Ele reconheceu o lencinho que embrulhava um jogo de pincéis. “-Por que ela não entrou?”-Ele perguntou confuso.
“-Bem, Arthur, está ficando tarde e Max e eu estamos indo. Preciso descansar a voz para o concerto.”-A cantora despediu-se de nós, agradecida por nossa hospitalidade.
Entramos e fomos organizar as coisas:
“-Filho, deixa te perguntar uma coisa, tu tá cortejando essa moça cantora?”-Vitória falou direta.
Ele assustou-se com a pergunta, dando dois passos para trás.
“-Mãe! De onde a senhora tirou isso?!”-Ele exclamava com as bochechas coradas.
“Não julgue tua mãe, filho, eu já ia te perguntar o mesmo. Tu anda pra cá e pra lá com essa cantora. E te digo mais, acho que teu namoro tá em apuros.”-Falei passando o pano em cima da mesa.
“-Por que? Não dei motivo nenhum pra Gabrielle terminar comigo.”-Ele disse profundamente ofendido.
“-Óia, filho, tu é meio lerdo pra essas coisas então, vou te falar. Gabrielle está com ciúmes. Ela deve ter te visto com Marília, pela janela. Se fosse comigo, eu tinha arrebentado a porta e tinha batido nos dois.”-Vitória falava lavando a louça. Maria gargalhava, rolando no chão. Eu coloquei minha mão no coração, fingindo estar ofendida e meu filho ficou pensativo.
“-Vitória, nada de violência. Nosso filho já explicou que não tem nada com a cantora. Só é um pouco lerdo pra perceber que feriu a namorada.”-Falei e ele arregalou os olhos.
“-Parem de me chamar de lerdo.”-Falou fazendo um bico fofo e cruzando os braços em frente ao peito. Igual a mãe dele faz quando é contrariada. Apesar das roupas caras e todo visual novo, ainda é nosso menino fofo.
“-Bom, eu te sugiro esclarecer tudo com a Gabi amanhã, antes que ela termine o romance de vocês.”-Vitória falou e ele assentiu com a cabeça, pensativo.
No outro dia, de manhã cedo, fui até o quarto de Arthur e meu menino não estava lá. Saí pela porta e logo o encontrei, sentado nos degraus da varanda, estudando:
“-Nem te ouvi sair, filho.”-Me sentei ao seu lado. Ele estava perdido no meio dos cálculos.
“-Pensei em estudar um pouco agora de manhã.”
“-Trigonometria? Como vai com ela?”
“-Mais ou menos...alguns dos meus colegas já estudaram isso, então pra eles é mais fácil.”-Ele disse guardando suas anotações.
“-Bom, eu posso te ajudar com a matéria, se tu quiser.”
“-Talvez mais tarde. Eu preciso ir até a casa do Carlinhos. Prometi pra ele que quando eu voltasse, iria visitá-lo. E depois vou falar com Gabrielle pra desfazer esse mau entendido e ver se ela quer passear comigo essa tarde.”-Suspirou.
“-Filho, reserve um tempo pra passar comigo e com Vitória. Tu nem me contou ainda como está a faculdade e sobre os amigos que fez...”-Ele levantou-se, guardando seus livros.
“-Mainha, vou lá no Carlos agora. Á noite conversamos, pode ser?”-Falou deixando seus livros, organizados, na mesinha da varanda.
“-Tá. Aproveita teu tempo livre.”-Ele não nasceu de dentro de mim mas eu sabia que ele me escondia algo. O comportamento dele estava muito diferente. “-Bom, tu pode passar na casa do Sr. Nelson e entregar essas ervas pra ele? É pra artrite dele e eu vou pra clínica só mais tarde. A casa dele fica no caminho pra casa do Carlinhos.”-Entreguei à ele o pacotinho de ervas que eu havia separado na noite anterior e deixado na varanda.
“-Claro, mãe. Fico feliz em te ajudar.”-Ele me deu um beijo no rosto e foi para a cidade.

Narrador Pov:

Arthur chegara na centro da cidade, à caminho da casa do Sr. Nelson quando ouviu uma voz feminina lhe chamar:
“-Arthur!”
“-Marília! Acordada tão cedo?”-O rapaz desceu de Ventania e a amarrou do lado de fora da clínica de sua mãe.
“-Sim. Eu estava passando para a srta. Gavassi a ordem das músicas que cantarei em meu concerto para ela publicar hoje na Gazeta.”-Marília falou animada.
“-Bom, eu preciso entregar uma encomenda da minha mãe e...”
“-Arthur eu preciso dos teus conhecimentos. Onde posso encontar uma excelente costureira que me faça um belo vestido?”-A cantora perguntou abanando-se com seu leque.
“-Marília, eu realmente preciso...”-Ele foi interrompido mais uma vez.
“-Por favor, não vai levar mais de cinco minutos.”-Ela pediu.
O rapaz não soube recusar e a levou até o armazém:
“-Bom dia, Emily. A sra. Mendonça quer falar contigo.”-Ele falou sorrindo.
“-O que?”-Emily assustou-se quando viu que não era uma brincadeira dele.
“-Arthur me disse que tu é a melhor costureira de Northfolk. Vim aqui ver uma das tuas criações.”-Ela falava e Emily continuava estática em sua cadeira.
“-Emily?”-Arthu falou estalando os dedos em frente ao rosto da moça.
“-Ah? Claro! Espere só um minuto.”-Ela levantou-se batendo os joelhos na mesa e derrubando alguns carretéis. Rapidamente, puxou sua manequim que estava atrás do balcão, com um dos vestidos que confeccionara.
A cantora olhou bem o modelo e checou os acabamentos, sorrindo satisfeita:
“-Quanto tempo você leva pra me fazer um? Eu gostaria de uma de suas criações para o concerto.”
“-Pro concerto?”-A jovem perguntou nervosa.
“-Sei que é pouco tempo. Se tiver que trabalhar à mais, eu pago o que custar.”
“-Bem...eu preciso tirar suas medidas...”
“-Ótimo. Arthur me espere, por favor. Tu pode me acompanhar até a pensão onde estou hospedada? Não conheço essa cidade muito bem.”-Arthur precisava fazer a entrega que sua mãe lhe pedira, porém suas boas maneiras não lhe permitiam deixar a cantora andando sozinha sem conhecer a cidade.
“-Eu espero. Fique tranquila.”-Ele sentou-se e ficou folhando uma das revistas de moda de Emily.
Para o azar de Arthur, Emily demorou mais do que ele imaginava.
Uma hora depois, elas saíram da pequena sala:
“-Prontinho, Arthur. Podemos ir.”-O jovem levantou-se apressado e saíram em direção à pequena pensão.
Andavam pelo centro, ele mostrando os comércios da pequena cidade do interior e ela animada com cada pessoa que lhe reconhecia e elogiava seu trabalho.
Eles estavam chegando na pensão, quando Arthur viu sua amazona em seu belo Mustang negro.
“-Gabrielle!”-Arthur gritou mas ela passou, num galope rápido, por ele sem lhe dar atenção. “-Marília, eu realmente preciso ir agora.”-Ele se despediu da cantora e correu até a clínica para pegar Ventania. Chegando lá, sua mãe estava parada, ao lado de sua montaria, com as mãos na cintura e visivelmente irritada:
“-Arthur, tu foi levar as ervas que eu te pedi?”
“-Mainha, tô indo lá agora...”-Ela o interrompeu.
“-Entra que quero conversar contigo agora.”-A doutora abriu a porta esperando ele entrar.
“-Mainha, me desculp...”
“-Não precisa mais levar as ervas pro sr. Nelson. Ele já veio aqui, acompanhado pelo neto. Tava cheio de dores nas pernas mas veio buscar as ervas que tu não levou pra ele. O que tá acontecendo contigo, Arthur? Tu tá me escondendo alguma coisa desde que chegou.”-Ela falou de uma vez, sem esconder sua irritação.
“-Desculpa, mãe...me sinto mal pelo sr. Nelson...desculpa mesmo, eu não queria...”
“-É bom que tu sinta muito, mas não muda o que aconteceu. Tu parece que tá com a cabeça em outro lugar. Vai me contar o que tá acontecendo contigo, filho?”-A doutora sentou-se ao lado dele.
“-É só que...a faculdade é diferente. Os meus colegas são muito mais inteligentes do que eu e até já sabem trigonometria. Mainha, eu passo noites em claro estudando feito louco e simplesmente não entendo...Eu não consigo me ajustar...”-Ele falava sem encarar sua mãe.
“-Filho, eu sei que a faculdade é assustadora no começo, mas não vai demorar pra que tu te acostume.”-Dra. Caetano falou calmamente.
“-Eu não sei se vou voltar...”-Ele falou baixinho.
“-O que quer dizer com isso, Arthur?”
“-Eu tenho trabalhado com Marília. Alguns dias que não tenho aula, eu ajudo-a a preparar o show. Preparo seus gargareijos e ajudo-a a aquecer a voz.”
“-Meu filho...tu tá tendo que trabalhar? O dinheiro que te mandamos não é suficiente? Arthur, tu tem que me falar essas coisas. Eu dou um jeito e te...”-Ele interrompeu sua mãe.
“-Não, mainha. O que vocês me mandam é suficiente. Eu precisava comprar uma coisa e tinha que ser com meu prórpio dinheiro. E tem o fato é que me sinto menos deslocado com Marília. Ela me faz lembrar de vocês. Quando ela conta as histórias que viveu, é como se eu estivesse em casa, te ouvindo contar tuas histórias. Por favor, mãe, não brigue com Marília. Ela tem me ajudado muito.”
“-Mas que conversa é essa de que não sabe se vai voltar pra faculdade?
“-Depois do show de amanhã, Marília vai fazer uma tour pela Europa. Vai cantar na Inglaterra, França, Alemanha, Itália e terminará na Grécia. Max me convidou para ir junto.”-A doutora não gostou muito.
“-Como assim? E o que tu respondeu? Tu vai embora com eles?”-Dra. Caetano já sentia seus olhos marejados.
“-Eu não respondi ainda...mas tô pensando em ir.”-Ela levantou-se rapidamente e andava de um lado para outro.
“-Mas Arthur, isso sempre foi teu sonho! Tu tava sempre montando aquelas geringonças malucas e dizia que queria estudar engenharia também para ajudar as pessoas. Tu vai desistir no primeiro obstáculo que tu encontrou?”-Ela falou levantando sua voz.
“-Talvez eu não seja tão inteligente assim, mainha...eu...”
“-É claro que é inteligente sim. Nunca diga e nunca deixe que digam que tu não é inteligente, porque tu é sim!”
“-Mãe...eu não quero mais falar disso agora...eu vou pra casa.”-Ele disse com a voz embargada, ao ver as lágrimas nos olhos de sua mãe.
Arthur saiu correndo, estrada à fora, sem rumo. Queria se esconder, não queria ter que tomar decisões. Caminhando e buscando suas lembranças, veio-lhe à memória de quando os mais velhos lhe perguntavam o que ele queria ser quando crescesse. Hoje, não lhe perguntam mais. Se perguntassem ele responderia que queria ser menino de novo. Mas a hora dele de criança já havia passado. Ele cresceu e descobriu que o mundo é assombrado por dúvidas onde não existe verdades. Existem apenas escolhas.
Foi quando deu-se por conta que estava no meio da floresta, andando a esmo e já escurecia. Como conhecia muito bem aquela parte da floresta, decidiu andar mais um pouco. Queria ir até o lago, observar as estrelas. Segundo ele mesmo, era o melhor lugar para admirar o céu.
Como a noite estava bastante agradável, ele retirou o casaco que estava vestindo e quando ia sentar-se, percebeu uma silhueta feminina flutuando de costas sobre as águas.
“-Gabi?”-Ele perguntou, chegando mais perto afim de identificar quem estava lá.
“-Arthur?”-A jovem amazona respondeu assustada. “-Que susto...”-Ela falou, chegando próximo à margem onde ele estava.
“-Gabi, tá muito escuro. Não consigo te ver.”-Ele tentou aproximar-se mais, porém já estava no limite da margem.”- Eu queria falar contigo hoje. Tu não me viu lá na cidade?”
“-Vi, mas pensei que tu tivesse ocupado com a tua amiga. Não quis atrapalhar.”-A Amazona deu algumas braçadas fortes na água, afastando-se dele.
“-Gabi, por favor...eu quero te ver...tô com saudades de tu...”-Ele falou baixinho, quase numa súplica.
Ele a viu mergulhar mas não a viu emergir. Arthur começou a desabotoar a camisa, apressado,  para mergulhar, quando um braço lhe pegou pela gola e puxou para dentro do lago.
Ele se debateu até que conseguiu subir à superfície. Alí, uma Gabrielle gargalhava da cara de desespero de seu namorado.
“-Gabrielle!”-Ele falou alto. “-Entrou água até nos meus ouvidos...”-Ele falava, um pouco tossindo, um pouco assoando o nariz. Gabrielle ria tanto que nem percebeu quando Arthur se aproximou e tomou-a em seu braços, roubando-lhe um beijo demorado.
“-Eu senti tua falta...”-Ela falou parando o beijo devagar. Gabrielle desceu seus beijos pelo pescoço do rapaz, que gemeu baixinho.
“-Gabi...”-Falou em um sussurro. “-Tu tá nua?”-Perguntou com a voz arrastada.
“-Eu sou uma índia. É claro que tomo banho nua.”-Ela continuava beijando-o e sentiu as mãos em sua cintura, a soltarem.
“-Gabi! Desculpa, eu não quis...”-Ela colou novamente nos lábios do rapaz, agarrando-o pela gola da camisa. A jovem amazona enlaçou suas pernas na cintura de Arthur, aumentando o contato entre seus corpos. Esfregava-se nele de forma lenta e tortuosa.
“-Tá gostando, Arthur?”-Ela falava ao pé do ouvido de seu namorado que já não conseguia mais esconder sua excitação. Quando ela percebeu que Arthur já estava quase explodindo, parou de rebolar em seu colo e afastou-se dele, flutuando até a margem.
O rapaz ficou ali, parado, olhando para sua namorada que saiu do lago, pegando uma toalha que deixara próximo às suas roupas e começou a enxugar-se.
“-Gabi...tu é má...”-Ele falou já mais próximo da margem. Gabrielle gargalhou, vestindo-se.
O rapaz, já menos constrangido, saiu da água e pegou seu casaco que havia ficado ali, pelo meio do caminho. Aproximou-se de sua amazona, sentando-se atrás dela. Colocou seu casaco nos ombros da namorada, pois começava a ventar. Pegou a toalha e pôs-se a enxugar os longos cabelos dela, quando esta perguntou:
“-Por que tu cortou teus cabelos?”
Ele parou por um minuto e então respondeu:
“-Alguns rapazes riam de mim por eu ser diferente. Às vezes por causa do meu cabelo, às vezes por que eu não usava barba...eu só queria me enturmar, Gabi...queria ser como eles...”-A amazona, que até então só escutava, virou-se, ficando de frente para ele:
“-Eu não sei quem são eles mas eles nunca serão metade do homem que tu é, Arthur. Não te diminua por causa deles. Eles não chegam nem perto. Tu é lindo. Não importa o ângulo que eu te olhe, tu é sempre lindo.”-Gabrielle passou sua mão no rosto do namorado, fazendo um carinho ali.
“-Por que tu não foi lá em casa ontem? Eu te esperei...”-Arthur falou segurando sua mão, ainda em seu rosto.
“-Eu fui, mas vi que tu tinha uma convidada importante e não quis incomodar.”-Ela falou com um tom triste na voz.
“-Gabi...Marília é a pessoa que me ajudou quando eu tava triste e sem rumo...ela é uma amiga. Só isso.”-O rapaz pegou a mão de sua namorada e beijou com devoção. “-Tu é tudo que eu sempre quis...sempre foi tu, Gabi.”-A bela índia chegou mais perto, puxando o rosto de Arthur para outro beijo ardente. No fundo, ela sempre soube que ele jamais lhe faltaria com respeito, traindo-a com outra mulher. Ela foi parando o beijo, deixando vários selinhos nele:
“-Não me peça pra fazer sentido. Eu tava com ciúmes...”-Ela confessou e ele riu, tímido.
“-Eu adorei o jogo de pincéis. Os meus estavam muito gastos. Obrigado.”
“-Eu fiz mais algumas tintas. Depois tu passa lá em casa pra pegar.”-Ela piscou e deu um sorriso de lado.
“-Gabi...eu também tenho uma coisa pra ti... pra nós...”-Ele colocou sua mão no bolso de seu casaco, que Gabrielle estava vestindo, e puxou uma caixinha: “-Gabi, tu quer casar comigo?”-Ele abriu a pequena caixa de veludo, revelando ali duas alianças.

Já eram quase onze horas da noite e Dra. Caetano esperava seu filho que não havia dito pra onde iria e nem que horas voltaria. Vitória fazia um chá para acalmar os nervos da esposa:
“-Toma o chazinho de camomila, Ninha. Logo menos nosso menino tá aí. Ele deve ter ido pra floresta. Ele sempre faz isso quando quer pensar.”-Vitória disse entregando a caneca à sua esposa.
“-Eu discuti com ele, amor. Não devia tê-lo pressionado. Faziam dois meses que ele não vinha pra casa e ao invés de eu deixar ele descansar, briguei com ele.”-A Dra. Caetano mal havia acabado de falar e Arthur entrava pela porta.
“-Boa noite...”-Ele falou baixo.
“-Meu filho, onde tu tava até essa hora?”-Vitória perguntou.
“-Eu fui acompanhar Gabi até em casa. Nos encontramos no lago. Eu tava com ela até agora.”-O rapaz não conseguia disfarçar o rosto corado, o brilho em seu olhar e seu sorriso enorme.
“-Hum...roupa molhada, cabelo bagunçado, bochechas coradas...o que te parece, Ninha?”-Vitória falava num tom divertido.
“-Me parece que o namoro ainda tá de pé.”-A Dra. Caetano falou mais animada.
“-Não. Nós não estamos mais namorando, mainha.”-Vitória e a Dra. Caetano levantaram-se para consolar o rapaz, quando ele continuou:”-Nós estamos noivos.”-Ele levantou sua mão direita mostrando sua reluzente aliança.
“-Meu Deus, meu filho!”-As duas pularam em cima do rapaz, fazendo-o gargalhar, abraçando suas duas mães, com carinho. “-Pra isso que tu precisava do dinheiro?”-Dra. Caetano perguntou e ele assentiu com a cabeça.
“-Eu conversei com a Gabi. Vamos nos casar depois que eu me formar e nem um minuto à mais.”-Ele falou convicto.
“-Eu tô tão feliz com essa notícia, filho. Obrigada por isso.”-Dra. Caetano beijava repetidamente o rosto de seu filho.
Vitória, com lágrimas em seus olhos, falou:
“-Aquela Gabrielle me paga. Vai levar meu menino embora. Vou amassar aquele projeto de amazona da próxima vez que vier treinar comigo.”-Ela falava, soluçava e os dois não conseguiam parar de rir da cacheada.
No dia seguinte, Arthur foi  à barbearia do Guto, raspar sua barba. Não percisava daquilo machucando o rosto de sua noiva. Depois, iria buscar sua amazona. Passariam o dia juntos e no fim da tarde, iriam ao concerto de Marília Mendonça.
A cidade estava agitada e recebia muitas pessoas de outras cidades que vinham assistir o concerto.
A cantora brilhou, usando seu novo vestido, rodado de cor carmim, e cantando seus grandes sucessos. Músicas românticas que emocionavam os espectadores.
Vitória foi uma das que mais se emocionou. Dra. Caetano ria e ao mesmo tempo tentava acalmar sua esposa que sofria junto com as músicas:
“-Não finja que eu não tô falando com você
Ninguém entende o que tô passando
Quem é você que eu não conheço mais
Me apaixonei pelo que eu inventei de você.”-Vitória cantarolava ao término do concerto.
A família Caetano Falcão, juntamente com Gabi, acompanhou a cantora e Max, seu empresário, até a estação de trem, depois da apresentação. A cantora ainda se apresentaria em Westfolk antes de partir em sua tour mundial:
“-Dra. Caetano, foi realmente um prazer conhecer uma mulher tão forte e inteligente como a senhora. Me sinto honrada.”-A cantora falou, abraçando a doutora.
“-Nossa, obrigada. Foi um prazer te conhecer também. O concerto foi muito lindo. Vitória tá emocionada até agora.”-Ela apontou para a esposa que ainda enxugava as lágrimas.
Nesse momento, Emily se aproximou para se despedir da cantora:
“-Sra. Mendonça, lhe desejo uma boa viagem. Obrigada por me escolher para fazer seu vestido.”-A moça falou tímida.
“-Menina, você tem muito talento. Só vi um vestido bonito igual ao teu lá em Paris. Aguarde notícias minhas.”-A cantora sorriu, piscando o olho para a garota, que não havia entendido. E nem teve tempo de perguntar, pois Jeff veio apressado em sua direção:
“-Emily! O que tu tá fazendo parada aí?! Tem uma fila enorme de mulheres na porta do armazém querendo encomendar vestidos contigo. Elas disseram que querem um vestido igual ao da sra. Mendonça. Vem rápido!”-Ele falou e os dois correram em direção ao mercado.
“-Bem, parece que o trem já vai sair. Arthur, obrigada por tudo, meu rapaz. Se cuide e parabéns pelo noivado. Me convide para seu casamento que virei com prazer para cantar algumas músicas.”-Ela despediu-se abraçando o jovem. “-E você, moça bonita, cuide muito bem desse menino. Ele reluz.”-Gabrielle assentiu sorrindo, vendo a cantora subir em seu vagão e partir.

Nota da Autora: Eu já chorei e já sofri mais que a Vitória com as músicas da Marília. Tô aqui só tentando sobreviver.
Dra. Caetano pra mim foi a luz nesses tempos tão sombrios e incertos. A Wattpad me disse que o primeiro capítulo foi publicado em dezenove de dezembro de 2020, porém eu havia começado a escrevê-la bem antes disso.
Quando essa doença maldita mostrou que tinha vindo pra ficar, eu quis contribuir um pouquinho pra que, leitores e leitoras (como eu) tivessem um tempinho pra desfocar do mundo real (que tá um saco) e mergulhar na cidadezinha de interior, cuja médica lutava para que todos tivessem os mesmos direitos.
Espero que tenham gostado.
Dito isso, o último capítulo que fecha nossa história, será publicado dia 02/10/2021, me dando uma semaninha de folga por que, gente, não é brinquedo não. Kkkkk
Então, já deixo de antemão meus agradecimentos à todas que comentaram, deram estrelinha ou que só leu mesmo, levantando assim as visualizações da fic. Muito obrigada. E só pra fechar com chave de ouro:

Não perca, dia 02/10/2021 o último capítulo de Dra. Caetano em: A Última Dança

Dra. CaetanoOnde histórias criam vida. Descubra agora