Se Você Ama Alguém

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Narrador PoV:
As manhãs eram tranquilas em Northfolk.
Agnes voltava, em seu cavalo, de uma ronda que fizera pela madrugada. Ela estava amarrando Caramelo, próximo à delegacia quando recebeu uma grata surpresa:
“-Oi, filha!”-Dra. Caetano, chegava com uma cesta em suas mãos.
“-Mãe! Que susto! O que a senhora faz tão cedo por aqui?”-Agnes falou sentando-se perto de sua mãe, em frente à delegacia.
“-Tua mãe tinha umas coisas pra fazer em Corre Ventos e levou Maria junto. Arthur ficou em casa estudando. Ele disse que quer entrar para faculdade de Engenharia em Westfolk ano que vem, quando ele fizer dezesseis anos, e tem estudado bastante para as provas. E eu vim tomar café contigo. Trouxe sanduiches e café quentinho.”-A doutora mostrou a cesta em suas mãos.
“-Parece ótimo”-A jovem xerife falou sorrindo.
“-Sabe, Agnes, eu tava pensando...tu podia ir jantar lá em casa mais vezes. Maria e Arthur sentem tua falta e Vitória e eu ficamos choramingando de saudades tuas.”-Dra. Caetano disse passando um sanduiche e uma caneca de café para sua filha.
“-É que eu estive muito ocupada ultimamente, mãe, desculpe. Logo eu passo lá pra passar um tempo com vocês.”-A jovem xerife disse e sorveu seu café.
“-Que tal sábado?”-Dra. Caetano perguntou esperançosa.
“-Ah...sábado eu preciso ajeitar algumas coisas lá em casa. Essa casa que foi designada para o xerife estava caindo. Eu estou arrumando-a devagarinho. Sábado é o dia que eu consigo ajeitá-la.”-Agnes falou mordendo seu sanduiche.
“-Bom, quero que tu te lembre que lá é tua casa e sempre terá um lugar pra ti.”
Elas tomaram seu café da manhã tranquilamente até a hora que Dra. Caetano precisou ir para sua clínica.
Agnes também foi cuidar de seus afazeres. Ela estava tratando de Caramelo quando uma voz suave lhe chamou à atenção:
“-Bom dia, xerife.”-A jovem Emily à cumprimentou.
“-Bom dia, Emily. Tudo bem? Não te vejo há algum tempo.”-Agnes respondeu.
“-Bem, sabe como é, lutando uma batalha por dia...”-Emily sorriu fraco. “-Sabe, Tiago me deu essa tarde de folga. Tô pensando em fazer um piquenique.”-A moça falou tímida.
“-Puxa, parece muito bom.”-Agnes comentou.
“-Eu vou indo então...tchau..”-Emily se despediu e saiu á passos lentos. Deu meia volta, se encheu de coragem e perguntou: “-Tu não quer ir comigo? Tu não tem que ir se não quiser, eu só pensei...”
“-Não é isso...eu...parece ótimo mas...”-Agnes não sabia o que responder.
“-Agnes..é só um piquenique, eu prometo.”-Emily disse segurando as mãos da xerife.
“-Eu acho que seria legal...”-Elas não perceberam mas Dra. Caetano, que havia esquecido sua cesta na delegacia, voltou e observava ao longe, a interação das duas.
“-Essa tarde? Às treze horas está bom pra ti?”-A jovem perguntou animada.
“-Sim. Está bom.”-Agnes confirmou.
“-Então até mais!”-Emily voltou animada ao Sallon. Dra. Caetano foi se aproximando de Agnes:
“-Sobre o que vocês tavam falando?”-A doutora quis saber.
“-Ah..nada..ela só veio dizer ‘oi’. Licença, mãe, que preciso ir.”-Agnes montou em Caramelo e saiu à galope.
Quando a tarde chegou, Emily e Agnes se encontraram em um local afastado e calmo, próximo à floresta para seu tão esperado piquenique:
“-Quer mais salada de batata?”-Emily perguntou servindo seu prato.
“-Quero sim, obrigada. Está ótima!.”-A xerife elogiou.
“-É a única coisa que eu sei cozinhar. Meu irmão ama essa salada.”-Emily disse saudosa.
“-Minha mãe, Vitória, cozinha divinamente. Eu, por outro lado, só cozinho pra não morrer de fome. Sou péssima mesmo ela me ensinando.”-As duas gargalharam com a observação de Agnes.
“-Bem, cozinhar eu não sei, mas costurar, costuro muito bem. Eu mesma faço meus próprios vestidos. Vou abrir minha loja qualquer dia desses.”-Emily disse orgulhosa de si.
“-Verdade?”-Agnes perguntava interessada na história da moça, enquanto comia sua salada de batatas.
“-Sim. Eu já tenho tudo planejado. Estou guardando cada centavo. Ainda vai levar algum tempo, mas eu vou mostrar à eles.”-A jovem falava com ímpeto.
“-Mostrar à quem?”
“-Minha mãe, por exemplo. Ela diz que só sirvo para ser prostituta.”
“-Tua mãe disse isso?”-Agnes falou parando de comer.
“-Ela dizia que via o demônio em mim.”-Emily falou com tristeza. “-Mas enfim... Estou planejando isso há muito tempo. Sem planos não se chega à lugar algum.”
“-Não sei nada sobre isso. Eu já fiz planos e não cheguei à lugar algum...”-Agnes disse pensativa.
“-Do que tu tá falando? Tu é a xerife! Já chegou à algum lugar!”-Emily falou divertida.
“-Bom, meu plano era diferente.”-Agnes falou e deu um sorriso fraco.
“-E qual era?”
“-Era viajar conhecendo o mundo com a pessoa que eu amava e quando estivéssemos cansadas de aventuras, adotaríamos crianças de várias raças e formaríamos nossa família mas infelizmente isso não é mais possível.”-Agnes suspirou e mudou de assunto: “-Esse vestido que tá usando, foi tu que fez?”
“-Sim! Gostou?”-Emily para aliviar o clima entre elas, levantou-se e deu uma voltinha.
“-Sim, é lindo. Parece saído de um editorial de moda.”-Agnes elogiou.
A tarde passou tão rápida como uma flecha. Elas encerraram seu piquenique e voltaram para suas vidas.
Agnes foi consertar a cerca do galinheiro que estava construindo ao redor do grande terreno onde ficava a delegacia:
“-Droga!”-Agnes reclamou depois que martelou seu dedo.
“-Precisa de uma mão?”-Perguntou Vitória, chegando de surpresa.
“-Preciso de duas ou três mãos, mãe.”-Agnes disse abraçando Vitória.
“-Esse lugar tá ficando muito bom. Tá bastante limpo e vejo que tu plantou umas árvores também.”-Vitória olhava ao redor, admirada.
“-Sim, mãe. O terreno é grande. E não é porque é uma delegacia que precisa ficar atirado. O sr. Jeff disse que vai me dar duas galinhas. Tô tentando construir um galinheiro mas o trabalho como xerife às vezes não me dá tempo.”-Agnes explicou.
“-Hum..tô vendo...e tu não tem socializado com o pessoal da tua idade? Tua mãe me disse que te viu conversando com a moça do Sallon...”-Vitória perguntou.
“-Ela é só uma amiga, mãe.”-Agnes sentou-se para beber um pouco de água, seguida por Vitória que sentou-se ao seu lado. “
E eu acho ótimo, Agnes. Ninguém tá te pressionando à nada. Faça as tuas coisas no teu próprio tempo, filha.”-Vitória dizia afagando os cabelos da xerife.
“-Mãe, como saber se você ama alguém? Quero dizer, quando eu tinha Belle era tudo bastante claro. Eu queria estar com ela e tudo era colorido. Depois que a perdi, parece que todos os dias são iguais e em preto e branco. Tenho medo de não sentir aquela felicidade novamente...”-A jovem deitou sua cabeça no colo de sua mãe.
“-Olha, filha, é complicado. Provavelmente tu não vai sentir o mesmo que sentia com Belle, pelo simples fato que não será ela. As pessoas são diferentes e o amor também será diferente.”
“-E como eu vou saber que é amor?”
“-Escuta teu coração, filhote, mas tenha certeza que é ele que está falando.”-Vitória deixou um beijo na testa de sua filha.
Elas logo voltaram ao trabalho e com a ajuda de Vitória, Agnes conseguiu terminar seu galinheiro. Durante a noite, ela ficou pensando na conversa que tivera com sua mãe e resolveu arriscar. No dia seguinte, foi até o Sallon conversar com Emily:
“-Um jantar? Com a tua família?”-Emily perguntou assustada com o convite que recebera.
“-Aham!”-Agnes assentiu animada.
“-Por que?”
“-Porque tu vai gostar deles. São pessoas boas.”-A xerife afirmou.
“-Mas tuas mães não vão gostar de mim.”-Emily disse receosa.
“-Claro que vão! E eu quero que tu conheça minha mainha, a Dra. Caetano. Ela é muito inteligente e tem um monte de ideias interessantes.”-Agnes disse com ternura.
“-Tem certeza que não vão se importar de receber alguém como eu?”
“-Dra. Caetano gosta de todos os meus amigos. Tu vai ver. Não precisa ter medo dela.”
“-Não é medo..é mais por respeito mesmo...mas eu gostaria muito de ir jantar na tua casa sim.”-Ela disse tímida.
“-Ótimo. Quando posso marcar o jantar?”
“-Eu tenho a noite de hoje livre.”
“-Passo às vinte horas no Sallon pra te buscar. Vamos juntas.”-Agnes e Emily se despediram e voltaram aos seus afazeres. Ambas estavam animadas pelo jantar.
No horário marcado, Agnes estava lá para buscar sua convidada. Elas chegaram e o jantar já estava na mesa:
“-Bem na hora, Agnes. Tô tirando o assado do forno.”-Vitória falava colocando as saladas na mesa.
“-Oi, moça, seja bem-vinda à nossa casa.”-Arthur se direcionou à Emily, cumprimentando-a e logo em seguida abraçando sua irmã.
“-O que é isso no teu rosto?”-Agnes disse incrédula, passando a mão no que parecia ser os primeiros fios de barba do rapaz.
“-Eu não tive tempo de tirar, mana. Tô estudando a semana toda.”-Ele disse encabulado e com sua voz ficando mais grave.
“-Hum, sei...e Gabrielle sabe que tu cortou os cabelos?”-Agnes falou provocando seu irmão que agora estava com seus cabelos pelos ombros.
“-Eu cortei por que é mais fácil de cuidar deles nesse comprimento. E o que Gabrielle tem a ver com meus cabelos?”-O rapaz falou confuso.
“-Nada. É que ela gosta bastante de trançar teus cabelos.”-Agnes falou com um sorriso malicioso nos lábios. Ela continuou a conversa: “-E Maria cadê?”-Agnes perguntou, puxando a cadeira para Emily sentar-se à mesa.
“-Tá lá na vó Isabel. Disse que vai treinar com AnaB. Ela veio com uma conversa que ela vai ser a amazona mais braba que Corre Ventos já viu. Eu posso com isso? Fez dez anos e acha que sabe alguma coisa.”-Vitória disse, gargalhando em seguida.
O jantar corria tranquilo e a conversa, animada:
“-Nossa, dona Vitória, esse assado está muito bom.”-Emily falou repetindo a comida em seu prato.
“-Pois coma. Pegue mais. Eu mesma não como carne mas não me importo de cozinhar pra eles. O povo aqui ama. E nada de ‘dona’ Vitória. É só Vitória mermo.”-Ela disse servindo mais carne assada para a moça. Logo em seguida, serviu para Dra. Caetano, que não havia pedido mas a conexão entre elas, dispensava palavras muitas das vezes.
“-Posso ser indiscreta e perguntar como vocês se conheceram? Me perdoem a curiosidade mas é que vocês duas são muito diferentes e mesmo assim, parece que se completam.”-Emily perguntou encantada com a cumplicidade entre elas.
“-Ana Clara caiu em meus braços.”-Vitória falou arrancando risadas de todos que estavam à mesa. Ela continuou: ”-É verdade! Ana Clara havia recém chegado na cidade. Ela andava distraída pela rua quando um cavalo se soltou e disparou na direção dela. Eu a puxei, tirando-a do caminho do animal, envolvendo-a dentro de um abraço. Algo dentro de mim estremeceu quando fitei esses olhinhos de jabuticaba. Acho que foi ali mesmo que percebi que não queria deixá-la ir.”-Vitória pegou a mão de sua esposa, beijando-a e deixando  Dra. Caetano com um leve rubor em seu rosto.
“-Então, Agnes disse que tu pretende abrir uma loja...de vestidos, é verdade?”-Dra. Caetano imediatamente mudou de assunto tentando esconder que estava como rosto corado..
“-Algum dia. Eu quero muito.”-A moça respondeu timidamente.
“-Por que você não trabalha como modista agora mesmo? Assim não precisaria mais trabalhar pro Tiago.”-Arthur falou.
“-Arthur, eu não acho que...”-Dra. Caetano tentou repreender Arthur por ser invasivo mas foi interrompida por Emily.
“-Está tudo bem, Dra. Caetano, não se preocupe.”-Ela continuou explicando ao rapaz: “-Ser uma modista é um ótimo trabalho, Arthur, mas eu preciso guardar mais algumas economias antes de abrir meu próprio negócio. E trabalhando no Sallon eu consigo esse dinheiro mais rápido.”
O jantar continuou com mais algumas histórias e com um Arthur ligeiramente preocupado. Já passavam das vinte e três horas quando Agnes e Emily foram embora.
Dra. Caetano foi para o banheiro fazer sua higiene e Vitória e Arthur tiravam a mesa:
“-Mãe, posso te fazer uma pergunta?”-Arthur falou limpando a mesa.
“-Claro, filho. Tu parecia preocupado no jantar. Aconteceu alguma coisa?”-Vitória quis saber.
“-É que...mãe, tu gostou da Emily?”-O rapaz falou sentando-se próximo à sua mãe.
“-Ela parece uma boa moça.”-Vitória respondeu tomando o chá que preparou para sí.
“-Parece que sim...mas agora que Agnes é xerife...sabe, as pessoas podem começar a falar...por que é uma moça que trabalha no sallon e...”-Vitória olhou para Arthur, franzindo sua sobrancelha. “-Mãe, não me interprete mal, mas eu não gostaria que as pessoas falassem mal de Agnes por aí...ela já passou por tanta coisa...”-Arthur falou meio sem jeito.
“-E o que tu acha? Como tu te sente sobre elas duas?”-Vitória questionou.
“-Eu só quero que minha irmã seja feliz.”-Ele falou fitando sua mãe com seus belos e tristes olhos.
“-Então talvez nós devemos dar uma chance à Emily. Só por que ela trabalha pro Tiago, não quer dizer que ela esteja feliz com essa situação.”-Vitória disse terminando seu chá.
“-Tem razão, mãe. Boa noite.”-Ele levantou-se eu deu um beijo em sua mãe.
“-Boa noite, filhote.”
Vitória terminou de lavar a louça do jantar e encaminhou-se ao seu banho.
Chegando em seu quarto, parou na porta e ficou admirando sua esposa que dormia recostada na cama, com seu livro caído em seu colo. Vitória não pode evitar de sorrir ao lembrar de tudo que passaram até hoje e, mesmo que a vida às vezes lhes passasse uma rasteira, o amor que sentia por ela continuava inabalável.
Vitória chegou devagar e retirou o livro do colo de sua esposa, tendo o cuidado de deixar um marcador na página que ela havia parado a leitura. Em seguida retirou, com cuidado, seus óculos deixando-os na mesinha ao lado da cama. Com calma, se ajoelhou na cama para ajeitar sua esposa que dormia sentada. Ela deitou a doutora corretamente e quando puxou o lençol para cobrí-la, percebeu um sorriso de canto nos lábios da esposa. Vitória rapidamente montou sobre o corpo da esposa e disse:
“-Tu tava acoradada esse tempo todo?”
“-Tava”.-A doutora assentiu rapidamente com a cabeça e tapando sua boca para não rir alto.
“-Tu me paga, NaClara!”-Vitória começou uma sessão de cócegas abaixo das costelas da Dra. Caetano que lutava sem êxito para sair de baixo de sua esposa.
“-Chega, Vi, chega...eu tô passando mal...”-Vitória parou, colocando suas mãos sobre o colchão, próximo à cabeça de Ana Clara, debruçando seu corpo e ficando com seu rosto próximo ao dela:
“-Eu paro, mas vou te beijar agora.”-Ela desceu sua boca lentamente em direção à de sua amada, começando um beijo lento. As mãos de Caetano percorriam as costas de sua bela esposa, causando-lhe arrepios. Vitória, lentamente parou o beijo e fitou os olhos de jabuticaba:
“-Eu te amo, Vitória.”-Palavras não eram necessárias entre as duas, porém elas faziam questão de mostrar seu amor ao Universo por que amor tão grande tem que ser vivido à todo instante.
“-Tu ainda vai me amar mesmo quando eu não tiver nada além da minha alma dolorosa?”-Vitória esperou ansiosa pela resposta.
Dra. Caetano ajeitou uma mecha de cabelo de sua esposa atrás de sua orelha e falou:
“-Amar é mais do que dizer do amor, Vi. A gente se escolhe todo dia e eu te escolheria mais milhões de vidas. Vou te amar até quando eu não lembrar mais do meu própio nome. Vou te amar mesmo quando eu começar a trocar os nomes dos nossos netos pelos nomes dos nossos bichos, eu prometo.”-Vitória sorriu grande e voltou a capturar os lábios da esposa.

Nota da Autora: Bom dia, amorecas. Hoje não tem tiro, nem porrada, nem bomba. Capítulo curtinho mas cheio de amor de mãe e filha, de irmão e irmã e de parceirinhas. Tivemos alí um pequeno salto temporal só pra mais ou menos a gente (principalmente eu que sou perdida no tempo) se situar em que ponto estamos na história.
E aí? Curtiu a nova música das AnaVitória com o Jovem Dionísio, Aguei? Confesso que tô no chão ainda com esse clipe. Elas arrasam muito. Bora lá tacar stream nas lendas. Um beijo e um excelente final de semana pra vocês ;)

Dra. CaetanoOnde histórias criam vida. Descubra agora