Troca Equivalente

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Eu já tinha traçado uma estratégia para trazer Vitória de volta e tomara que dê certo.
Pedi a Sabrina, mais uma vez, a roupa que ela me emprestara para o combate contra Tâmara: um corselet de couro preto e uma saia com tiras de couro, que era ótima para se movimentar e as sandalhas de amarrar até a canela. Sabra fez uma maquiagem escura em meus olhos esfumando minhas pálpebras. Eu estava a prórpia escuridão. Peguei uma garrafa de aguardente e coloquei no coldre. Dona Isabel veio me desejar boa sorte e colocou seu manto vermelho sobre meus ombros.
“-Aninha, traga Vitória, mesmo que sem vida, de volta pra casa.”-Um arrepio me percorreu a espinha. Eu sequer tinha cogitado essa possibilidade.
“-Não se preocupe, dona Isabel, vou trazer nossa Vitórinha, eu prometo.”- Acendi uma tocha e montei em Trovão.
Flávia, Bárbara e Tâmara me acompanharam até a tribo das canibais. Era uma estrada longa de chão de pedras. Passamos por um penhasco e chegamos na tribo já era madrugada.
Descemos dos cavalos e contei a elas meu plano.


Vitória’s PoV:
Eu estava derrotada. Difícil acreditar que tudo acabaria aqui. Eu queria ter me casado com Ninha. Queria ter podido formar uma família com ela. Talvez numa próxima vida.
Estou nua, ajoelhada, amarrada em um tronco no centro da tribo, toda arrebentada e com um ombro deslocado. Não entendo o que elas estão falando, mas provavelmente estão discutindo como vão cozinhar minha carne. Colocaram um caldeirão enorme no centro da aldeia e estão fazendo algum tipo de ritual satânico. Espero que a Deusa salve minha alma.
“-Mãe, me perdoe por te deixar.”-Falei em voz alta e recebi mais um soco no estômago.
Eu estava de cabeça baixa e com muitas dores quando escutei passos vindo em minha direção. Todo som da tribo cessou.
“-Levanta, Vitória!”-Acho que estou alucinando. Escutei a voz de Ninha.
Os passos continuavam se aproximando quando levantei a cabeça e vi Ana Clara, com o manto da minha mãe e uma tocha na mão. Era real?
Ana pegou uma garrafa que trazia no coldre, bebeu um gole do líquido, posicionou a tocha próximo à sua boca e soprou o líquido fazendo sair uma enorme labareda de fogo. As canibais corriam e gritavam alguma coisa que eu não consegui entender. Ana continuou fazendo as labaredas até chegar perto de mim. Ela tirou o manto de seus ombros e colocou sobre mim.
“-Eu vim te buscar, minha rainha”-Ela me disse tranquilamente enquanto beijava minhas mãos. As canibais corriam assustadas de um lado para outro, enquanto sua líder observava.
“-Ana, vai embora! Essa tribo é muito violenta.”-Falei preocupada.
“-Só vou embora contigo. E hoje, sou uma Bruxa da Noite.”-Falou sorrindo e exalando o cheiro do aguardente.”-Vou ensinar uma coisa pra essa aí e já volto pra colocar teu ombro no lugar.”-Falou e se levantou indo em direção à lider.
Pelo caminho ela espalhava o aguardente pelo chão e ateava fogo, fazendo assim as canibais correrem de perto dela. Acho que elas pensaram ser magia. Como é que Ana pensou nessas coisas?
Tâmara, Flávia e Bárbara entraram escondidas no meio do tumulto e vieram me resgatar.
“-Venha, Capitã, vamos te tirar daqui.”-Disse Flávia cortando as cordas enquanto Bárbara e Tâmara protegiam a retaguarda.
“-Mas e Ana? Não vou deixá-la aqui.”-Protestei.
“-Vamos Vitória, olha o estado que tu tá. Tu vai atrapalhar. Ela consegue.”-Disse Tâmara ferindo meu orgulho.
“-Eu vou ficar. E se ela precisar de ajuda, vocês vão lá intervir.”-Dei a ordem.
Enquanto isso, Ana se aproximava da líder da tribo.
“-Ei, moça, vou te dizer uma coisa: não saia por aí sequestrando as pessoas.”-Disse Ana bebendo o resto do aguardente, jogando a garrafa contra a líder que esquivou. Ana retirou seu cinto e enrolou na mão como se fosse uma bandagem.
A líder canibal falou alguma coisa e sua guerreira traduziu:
“-Vou arrancar sua cabeça e oferecer a Satã.”-A tradutora mal terminou de falar e a líder correu em direção à Ana. Ana Clara esperou e esquivou da pegada, deixando uma de suas pernas no caminho, derrubando a líder no chão. Correu para suas costas, desenrolou rapidamente o cinto e passou pela garaganta da canibal, enforcando-a. Ana estava de pé atrás da canibal que estava de joelhos tentando se livrar da cinta em seu pescoço. Uma guerreira da tribo se lançou sobre Ana, mas Tâmara que estava bem posicionada, arremessou a machadinha derrubando a gruerreira e se posicionou protegendo as costas de Caetano. Ana agora tinha colocado o joelho nas costas da lider deitando ela de bruços no chão, esfregando o rosto dela na terra, e continuava enforcando-a. Ela não estava mais se mexendo quando gritei:
“-Ana, chega! Ela apagou!”-Parece que ela saiu do transe em que estava e soltou o cinto.
Ana ainda virou a líder de barriga para cima, deu uns tapas no rosto dela para acordar e disse:
“-Isso é uma troca equivalente.”-Pisou no ombro da líder e puxou o braço dela para cima tirando o ombro fora do lugar. A canibal urrava de dor. “-Se tu for atrás de Vitória de novo eu  te mato, eu prometo. Pode traduzir mas acho que ela entendeu.”-Ana Clara virou as costas e veio até nós.
“-Vitória, vou colocar teu ombro no lugar.”-Ana me deu um galhinho de árvore que estava no chão pra eu morder e abafar o grito de dor. Ela contou até três e empurrou meu ombro para o lugar. Que alívio! Ana levantou meu braço, agora bem melhor,  colocou em volta de seu pescoço e me abraçou. “-Eu tive tanto medo de te achar mor...”-Não conseguiu continuar e começou a chorar em meu peito.
“-Calma, Ninha, tô aqui, tô viva. Tu veio me buscar. Vamos pra casa.”-Fomos nos direcionando aos cavalos. Era uma longa cavalgada até em casa. Permaneci abraçada em minha bruxa da noite que guiava Trovão.
O caminho foi silencioso, até Ninha romper o silêncio.
“-Ei, tu sabia que Letícia dormiu lá na tua aldeia? Acho que ela tá de namoro com alguém lá. Com quem será?”-Ana falou curiosa e dei risada do cometário que ela fez.
“-Só tu Ninha pra perceber essas coisas no meio do caos.”-Pelo menos esse comentário me fez relaxar um pouco os ombros. Bom saber que Letícia não vai mais ficar flertando com Ninha, pelo menos eu espero.
O dia estava amanhecendo quando chegamos à Corre Ventos. Entramos em silêncio para não acordarmos a aldeia.
“-Vamos lá falar com tua mãe, ela tá muito preocupada. Com certeza nem dormiu.”-Disse Ana Clara e nos encaminhamos até dona Isabel.
“-Eu sabia que tu ia trazer ela pra mim de volta, Aninha! Muito obrigada! Fia, tu tá bem?”-Minha mãe me abraçando em lágrimas, perguntou.
“-Sim, mãe. Vou pra casa limpar os ferimentos e dormir. Ninha vai cuidar de mim.”-Falei dando um meio sorriso pra ela que colocou a mão no peito, por algum motivo.
Chegamos em casa e eu precisava terminar o que eu tinha começado.
“-Ana, antes de qualquer coisa, eu preciso te falar uma coisa.”
“-Não quer descansar primeiro, Vi?”
“-Não, já demorei tempo demais.”Respirei e continuei. “- Ninha, eu quero fazer uma troca equivalente contigo.”
“-Que tipo de troca equivalente? Como assim, Vitória?”
Peguei sua mão, coloquei em meu peito e disse:“-Eu quero te dar o resto dos meus dias mas em troca, eu quero os teus. Eu vou te dar meu coração mas quero que tu me dê o teu.  Eu vou  te dar todo meu amor então, por favor, me dê o teu em troca. Tu quer casar comigo?”-Fui até minha cômoda, tirei a aliança de dentro e estendi a mão pra ela.
“-Vitória, meu coração, assim como meu amor e o resto dos meus dias, já não são mais meus faz tempo. Eles te pertencem desde que te conheci. É claro que aceito.”-Ela me abraçou, me deu sua  mão direita e coloquei o anel de minha mãe em seu dedo.
“-Esse foi o pedido de casamento mais lindo de todos.”-Falou admirando o anel. “-Que anel mais lindo Vitória, eu amei!”-Me agarrou pela cintura e me beijou me pressionando contra seu corpo. “-Vitória, tu só com esse manto por cima do corpo, me pedindo em casamento, me deixou cheia de fogo.”-Mordeu seu lábio inferior e deixou seus beijos em meu pescoço, subindo pelo meu queixo e chegando em meus lábios. Deixou uma mordida no meu lábio inferior, que estava machucado, e gemi.
“-Ninha, eu amo teus carinhos mas tô meio acabada. Queria tomar um banho e deitar.”-Falei passando o nariz em seu rosto.
“-Vou cuidar de ti, minha Vitórinha, eu prometo.”-Disse me beijando e me deitando na cama.
Retirou meu manto demorada e delicadamente, encheu uma bacia com água e começou a limpar meus machucados. Passou o pano úmido pela minha perna e subiu deixando seus beijos nela. Limpou meus ferimentos da barriga e torso e subiu arrastando sua lingua pelo meu corpo. Ana começou a se despir sem tirar seus olhos dos meus. Seus olhos escuros estavam brilhando como um céu à noite iluminado pelas estrelas. Me perdi naquele céu.
“-A...Ana...”-Já estava completamente molhada quando ela chegou em meus seios e os chupou com calma e devoção.
Coloquei meu braço na boca afim de abafar meus gemidos. Ela retirou meu braço de onde estava e o colocou acima de minha cabeça, entrelaçou seus dedos nos meus, colocou o joelho entre minhas pernas e começou a movimentar delicadamente enquanto dançava em minha perna.
Ana trocou seu joelho por seus dedos, me estocando devagar enquanto me beijava com paixão.
“-Geme meu nome, Vitória. Quero que todo mundo saiba que tu é minha.”-Ana falou e continuou as estocadas, dessa vez, mais rápidas e fortes.
“-Ana Clara...”-Gemi alto e ela mordeu meu queixo.
“-Eu te amo, Vitória.”-Ela falou olhando em meus olhos. Me deixei em seus dedos naquele momento.
Ana me beijou calmamente e me disse ao pé do ouvido: “-Vira que vou limpar tuas costas.”
Me virei de bruços na cama e ela começou a limpar meus ferimentos. Cada vez que passava o pano, deixava um beijo no local e me arrepiava inteira. Desceu seus beijos até minha região lombar.
“-Abre as pernas, Vitória.”- Me falou com a voz rouca enquanto eu me agarrava aos lençóis.
Abri minhas pernas e ela ergueu um pouco meu quadril. Afastou meus glúteos e enfiou a língua no meu sexo, lambendo e chupando desesperadamente.
“-Ana...mais forte...”-Supliquei e ela atendeu.
“-Fica de quatro, Vitória.”-Atendi imediatamente.
Ana trocou a língua por seus dedos, colando seu corpo no meu e enfiando com força enquanto massageava meu seio com a outra mão. Ana colocou velocidade nos dedos enquanto mordia meu pescoço e eu me agarrava na cabeceira da cama.
“-Amor, eu vou...”-Faltava pouco.
“Ainda não...”-Ana disse gemendo no meu ouvido. “- Quero que tu goze dentro de mim.”-Num movimento súbito, Ana me virou e caí deitada com o peito pra cima. Ela colocou sua perna direita embaixo da minha esquerda e sua perna esquerda em cima da minha direita. Me puxou pra junto dela e colamos nossos sexos. Me trouxe pra cima e me abraçou se esfregando em mim rapidamente. Me beijava e lambia e eu não conseguia mais nem pensar. Mordiscou meu lóbulo da orelha e disse:
“-Deságua em mim, amor.”-Apenas joguei minha cabeça para trás e gozei dentro dela.
Caí deitada, ofegante e com o coração batendo mais rápido que os tambores da aldeia.
“-Tu ainda me mata, pequena.”-Falei pra ela que me observava.
“-Só se for de amor, minha rainha”-Debruçou-se sobre mim me beijando. Deitou em meu peito e fez carinho nos meus cachinhos até que adormeci.

Dra. CaetanoOnde histórias criam vida. Descubra agora