O Incidente - Parte 1

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Aquele era o dia mais feliz da minha vida, até o momento. Me casei com a mulher mais maravilhosa que existe e o Universo nos presenteou mandando nossa menina de volta para nossos braços.
“-Vitória, me dá ela que vou examinar lá dentro pra ver se tá tudo bem. Tira o leite pra gente dar pra ela.”-Peguei Maria dos braços de Vitória e entrei enquanto minha esposa ordenhava o alimento para a pequena.
Felizmente o único problema que Maria Vitória tinha era fralda suja. Aqueci a água para seu banho enquanto Vitória aquecia o leite.
“-Ninha, não tô acreditando nesse dia de hoje. Sou muito abençoada.”-Vitória disse enquanto alimentava Maria em seus braços e me deu um beijo.
“-Olha como ela tá magrinha, Vi. Pobrezinha, tava com fome, olha como mama.”-Maria segurava a mamadeira com as duas mãozinhas e eu me derretia vendo ela no colo de Vitória.
Depois de um tempo me olhando, Vitória perguntou:
“-Ninha, eu quero ficar com Maria. Tu quer?”-Me perguntou com medo da minha resposta.
“-Lógico, Vitória! Prometi te dar uma família e eu nunca quebro uma promessa.”-Vitória se iluminou num sorriso enorme e me deu um beijo ardente. Foi parando lentamente o beijo e disse:
“-Parece que Maria dormiu. Vou colocá-la na cama e já volto pra gente terminar o que comecei.”-Vitória me deixou aquele meio sorriso que me tomba toda vez e levou Maria para um dos quartos.
Enquanto Vitória colocava Maria para dormir, fui até o celeiro tratar de Trovão, de Nelori (minha vaquinha) e das galinhas. Ventania havia ficado em Corre Ventos.
Dei ração e água à eles, peguei alguns ovos e tirei um pouco mais de leite para quando Maria acordasse e voltei para casa.
Entrei em nosso quarto e Vitória já estava nua, porém dormindo. Tadinha, o cansaço pegou. Tentei não fazer muito barulho enquanto retirava meu vestido. Era um belo vestido mas pela agitação do dia de ontem, estava até com algumas manchas de sangue por causa do parto que realizei. Agora, parando pra pensar, parece que o dia de ontem teve quarenta horas de tanta agitação que passei. Vitória faz meu mundo bambo girar.
Peguei as fotos que o Sr. Reis nos deu e coloquei nos porta-retratos que ganhamos de presente. Fiquei um tempo admirando os retratos e pensando nas aventuras que já passamos e imaginando as que iremos passar. Sem dúvida, sermos mães será a nossa maior aventura.
Vesti minha camisola e deitei devagar para não acordar minha esposa. Cheguei perto dela e deixei um beijo em sua bochecha. Já ia me virar para dormir quando senti dois braços agarrando minha cintura.

Vitória’s PoV:
Agarrei minha esposa pela cintura e virei rapidamente, me posicionando sobre ela.
“-Que susto, Vitória! Tu não tava dormindo?”-Me perguntou sorrindo.
“-Tu não me escapa, NaClara. Não vou perder nossas núpcias.”-Falei segurando seus braços sobre sua cabeça e ataquei seu pescoço.
“-Vitória, sem barulho pra não acordar nossa filha.”-Falou sorrindo com os olhos. Parei os movimentos e fiquei observando-a um momento. “-Que foi, Vitória?”
“-Repete, Ninha, fala de novo: nossa filha.”-Meus olhos se encheram d’água.
“-Ela é nossa filha, Vitória, e ninguém vai tirar ela da gente de novo, eu prometo.”-Me disse mirando suas duas pérolas negras direto em meus olhos.
Comecei os beijos lentamente entregando todo meu amor à ela. Quero beijá-la até o fim dos meus dias. Retirei sua camisola, fitei seu corpo e salivei.
Minhas mãos passeavam por seu corpo como se fosse a primeira vez que eu a tocava e as mãos dela massageavam minha nuca, entranhando em meus cabelos. Meu coração acelerava, descompassava quando eu estava com ela. Toda vez era como se fosse a primeira para mim.
Ana alisava minhas costas, descendo as mãos até minha bunda enquanto eu lambia seu pescoço e massageava seu seio esquerdo.
“-Vitória...quero teus dedos em mim...”-Ana falou com a voz arrastada pela luxúria, me olhando com olhos lascivos. Tremi com a pressão que seu olhar exerceu.
Desci com dois dedos, como se fossem duas perninhas, percorrendo por seus peitos, barriga e chegando em sua coxa. Escorreguei a mão por sua virinha e senti seu sexo completamente molhado.
“-Amo o jeito que tu tá sempre pronta pra mim, amor”-Falei enquanto beijava seu seio e tocava de leve seu clitóris.
“-Vitória, eu tô pronta desde a hora que te vi quando cheguei aqui, nesse lugar. Te amo desde a primeira vez que te vi, quando eu tinha onze anos e nem sabia o que era amor ainda.”-Falou com lágrimas de emoção. “-Não precisa bater, que eu esqueci de me trancar.”-Disse com sua boca colada na minha e mordeu meu lábio inferior. Sequei suas lágrimas com meu polegar e deixei um beijo em cada um de seus olhos.
“-Tu é tudo que eu sempre quis, Ninha.”-Encerrei a conversa com um beijo quente e penetrando meus dedos nela. Ana rebolava, se contorcia enquanto eu a penetrava olhando em seus olhos. Ela acelerou o movimento dos quadris e eu acompanhei com meus dedos e antes dela atingir o ápice, susurrei em seu ouvido:
“-Eu sou tua.”-Ana gemeu alto e se derramou em mim.
Deixei leves mordidas em seu pescoço e desci meus beijos por sua clavícula, seios e barriga, me posicionando de joelhos entre suas pernas. Fiquei ali ajoelhada por um momento observando Ana enquanto ofegava e diminuia seus batimentos. Parecia uma obra de arte. Acariciei sua perna esquerda com as pontas dos meus dedos, passeando por sua coxa e panturrilha. Ergui sua perna e coloquei em meu ombro. Fiz o mesmo com sua perna direita, ergui seu quadril e aproximei meu rosto de seu sexo. Seu cheiro era enebriante e eu a queria em mim. Lambi seus grandes lábios sem pressa, queira fazer durar o prazer que daria à ela. Lentamente, chupei sua intimidade, enquanto passava meus dedos em suas costas. Vi seus pêlos arrepiarem aos meus toques. Ana se retorcia e queria se afastar de mim, mas a segurei com força. Eu jamais a deixaria fugir de mim.
“-Vitória...me deixa gozar...eu não aguento mais...”-Falou com as mão no rosto. A súplica de Ana me deixou extremamente excitada. Naquela altura eu já não conseguia mais me controlar. Penetrei-a com minha língua, enfiando com força e esfregando meu polegar em seu clitóris. Lambia, chupava e enfiava a língua nela até que Ana mordeu sua mão para abafar seus gemidos. Tirei minha língua de dentro dela e a puxei, colocando-a sentada no meu colo.
“-Eu quero te ver gozando.”-Segurei ela pela nuca e enfiei meus dedos nela. Ana rebolava em meu colo, jogando seu quadril para frente e para trás. Emaranhei meus dedos em seus cabelos, puxando sua cabeça um pouco para trás e abocanhei seu pescoço, lambendo e beijando.
“-Vitória, eu vou gozar...”-Ana disse revirando os olhos de prazer.
“-Vem pra mim, amor.”-Ana gozou com força, gemendo em meu ouvido me arrepiando a espinha.
Ana caiu de costas na cama, com os braços abertos, ofegante e de olhos fechados. Me deitei ao lado dela e comecei a mapear seu rosto com as pontas dos meus dedos, acariciando-a.
“-Vitória, acho que dessa vez tu me levou até Marte.”- Disse e deu uma risada, com a mão na boca pra não fazer muito barulho.
“-Pra Marte eu não sei, mas que a gente passeou por essa cama aqui, isso foi mermo.”-Falei e ela deu risada. Ela fica tão linda com aqueles olhinhos pequeninhos e mostrando aqueles dentinhos. Me perco só de olhar pra ela. Me debrucei sobre ela novamente e comecei a beijá-la quando ouvimos um chorinho vindo do quartinho ao lado.
“-Ih, Vitória, tua filha acordou.”-Ana disse sorrindo
“-Me espera que vou ali buscar tua filha.”-Deixei um beijinho nela e fui buscar a pequena.
Maria estava vermelhinha por causa do choro. Era coisa mais linda até chorando. Deixei ela na cama com Ana enquanto preparava o leite para ela.
Quando cheguei no quarto, me deparo com Ana brincando com a pequena de esconder o rosto. Ela cobria seu rosto com as mãos e depois aparecia, fazendo a pequena gargalhar.
“-Vi, como ela é inteligente. Tem só quatro meses e já entende as brincadeiras.”-Ana falou admirada.
“-Mas também, Ana, com essas caretas que tu faz é impossivel não dar risada.”-Falei dando a mamadeira para Maria.
A manhã corria agradável quando escutamos uma batida na porta.
“-Quem será? Não tenho nenhum atendimento hoje.”-Falou Ana desconfiada.
Ana se vestiu e foi ver quem era.

Ana Clara’s PoV:
Vesti um casaco sobre a camisola e fui atender a porta.
“-Mas será possível que não se tem sossego nem na Lua de Mel?”-Falei indignada.
Abri a porta e entraram Tiago, Guto e Vítor. Vítor estava com uma flecha atravessada no braço.
“-Mas o que foi isso?”-Perguntei horrorizada. “-Como é que tu levou essa flechada, Vítor?”
“-Bem...”-Vítor tentou falar mas foi interrompido.
“-Nós estávamos na floresta, caçando e amazonas apareceram do nada e nos atacaram. Foi uma emboscada.”-Guto se intrometeu na conversa.
“-Como assim, amazonas atacaram vocês? Elas não atacariam sem motivo.”-Vitória veio do quarto trazendo Maria que dormia novamente. “-Quantas eram?’- Vitória quis saber.
“-Seis...”-Guto disse ao mesmo tempo que Tiago disse: “-Dez..”
“-Desculpe, Drª Caetano. Não sabíamos que a senhora estava acompanhada.”-Vítor foi muito educado.
“-Não se preocupe, Vítor, e já vão se acostumando. Vitória e eu nos casamos ontem. Ela vai viver aqui comigo. Quero que a tratem com respeito.”-Falei já cortando a ponta da flecha para retirá-la do braço de Vítor. Guto e Tiago se olharam mas não disseram nada, felizmente.
“-Ninha, isso tá muito estranho, preciso ir lá pra aldeia e ver o que aconteceu.”-Falou Vitória preocupada. “-Elas não podem sair por aí atacando os homens, do nada.”-Vitória falou e foi se arrumar para sair.
“-Me espera terminar aqui e vou contigo, Vitória.”-Falei enquanto suturava o ferimento causado pela flecha em Vítor. “-Vítor, amanhã passa lá na clínica pra eu trocar esse curativo.”-Coloquei o braço dele apoiado em uma tipóia e liberei os rapazes.
Vitória amarou uma tira larga de pano em seu corpo, acomodando Maria dentro dela, A pequena dormia aconchegada contra o corpo de minha esposa. Vitória é muito boa nessa coisa de ser mãe.
Subimos em Trovão e rumamos para Corre Ventos. Vou conversar com Vitória sobre comprarmos uma charrete.
Chegando na aldeia, os ânimos estavam alterados. Sabra reuniu as amazonas no centro da aldeia e estava visivelmente alterada.
“-Não vamos mais tolerar isso! Esses homens vem nos matando há anos. Agora de manhã, mais uma de nossas se foi. Gabriela foi assassinada por homens do vilarejo. Ela levou um tiro pelas costas.”-Sabra discursava inflamando as amazonas.
“-Sabra, o que tá acontecendo?”-Vitória retirou Maria e entregou para dona Isabel. “-Mainha, essa é Maria Vitória, sua neta. Depois nós contamos a história para senhora.”-Vitória não faz cerimônia na hora de dar os recados. Dona Isabel abraçou Maria e levou para dentro de sua casa.
“-Um grupo com quatro amazonas saiu para caçar hoje pela manhã, lá perto do riacho, e Gabriela foi assassinada, à sangue frio, por um dos homens do vilarejo. Levou um tiro pelas costas. Flávia conseguiu atingir um deles com uma flecha, mas não foi ele que atirou. Quem fez o disparo foi um homem com a barba cerrada, cabelo castanho e montava um cavalo preto.”-Sabra disse já pronta para mandar as amazonas atacarem a vila.
“-Foi Guto, o barbeiro.”-Vitória concluiu.
“-Preparem os arcos e flechas e as lanças.”-Sabra deu a ordem para as amazonas.
“-Espera, Sabra, me deixa falar com Guto primeiro. Quero ouvir o que ele tem a dizer sobre isso.”-Vitória pediu tentando apaziguar os ânimos. “-Não podemos tratar essa situação de cabeça quente. Isso pode virar um incidente de proporções que não conseguiremos controlar.
Deixamos Maria aos cuidados de dona Isabel e de meus pais, que estavam hospedados na casa da líder as amazonas, e fomos para Vila.
Chegando lá, nos direcionamos até a barbearia onde Guto aparava a barba do reverendo Simas.
“-Pobre Vítor, emboscado por dez amazonas.”-Disse o reverendo. Parece que as notícias correram rápido e aumentaram um pouco também.
“-Não foi emboscada. Guto atirou em Gabriela. E não eram dez, eram quarto.”-Disse Vitória com fúria.
“-Do que você está falando?”-Guto se fazia de desentendido.
“-Tu sabe muito bem, Guto. Tu matou ela!”
“-Eu não matei ninguém! Eram as amazonas que estavam procurando confusão.”-Guto quis se defender.
“-Foi uma emboscada.”- Disse Tiago adentrando a barbearia.”- Você viu por acaso?”-Completou Tiago defendendo o amigo.
“-Não vi, mas minhas amazonas me contaram.”-Explicou Vitória.
“-E você vai acreditar naquelas selvagens?”- Falou Guto.
“-É lógico que vai, ela é uma selvagem também.”-Disse Tiago com ar de desprezo.
“-E por que você acha que fui eu?”-Guto perguntou à Vitória.
“-Elas me deram a tua descrição e até a cor do teu cavalo.”-Vitória já estava cerrando os punhos de raiva.
“-Poderia ser qualquer um. Muitos homens tem cabelo castanho, barba e montam um cavalo preto.”-Disse Guto enquanto barbeava o reverendo como se estivesse tranquilo.
“-Eu conheço minhas amazonas e te conheço, Guto Oliveira.”-Vitória saiu da barbearia me puxando pela mão e batendo a porta.
Estávamos prestes a vivenciar um incidente de proporções que não imaginávamos.

Nota da Autora: Pensaram que elas teriam um minuto de paz? Pensaram errado. Kkkkk até semana que vem 😘

Dra. CaetanoOnde histórias criam vida. Descubra agora