A Mulher do Ano

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Narrador PoV:
Os dias começavam cedo em Northfolk. E para a família Caetano Falcão, era um dia especial. Hoje, após sete anos de estudos na Universidade de Medicina de Westfolk, Sabrina (filha de Sabra e AnaLu) voltaria ao lar, já formada. Dra. Caetano e Vitória acordaram cedo para irem recebê-la, junto com Sabra e AnaLu.
Chegaram muito animadas à estação de trem pois não viam Sabrina há quase um ano:
“-Ai, Vitória! Tô tão feliz que Sabrina voltou. Que saudades que eu tava dessa pequena.”
“-Eu também, Ninha. Que orgulho pra família ter a primeira médica na Família dos Falcão. Analu tá que nem se cabe de tanta alegria, óia.”-O rosto de AnaLu esboçava um sorriso enorme.
O trem chegou e Vítor pegou alguns malotes que vieram junto:
“-Dra. Caetano, chegaram uns medicamentos endereçados à senhora.”-O rapaz do telégrafo avisou.
“-Obrigada, Vítor. Eu vou buscar uma carriola para pegar a carga.”-Se ofereceu a esposa da doutora.
Logo, avistaram Sabrina descendo do trem:
“-Minha filha! Que saudade!”-AnaLu saltou na frente de Sabra, dando um abraço apertado em sua filha. Logo Sabra juntou-se ao abraço.
“-Também morri de saudades, mãe! Agora não vou mais embora!”-Disse a jovem índia.
“-Bem-vinda de volta, Sabrina.”-Dra. Caetano foi em direção à ela, abraçando-a.
“-É bom estar de volta, tia Ana. E tia Vitória? Cadê?”-Ela perguntou olhando para os lados.
“-Já cheguei!”-Gritou Vitória chegando com um carrinho de mão.
Nesse momento, Tiago passou correndo por Vitória, indo em direção ao desembarque do trem:
“-Vovó! A senhora fez boa viagem?”-O dono do Sallon perguntou à uma senhora de pequena estatura que estava desembarcando. Eles ficaram um tempo por ali, num abraço e logo se dirigiram ao restaurante da Greice.
“-Oxi, Tu sabia que Tiago tinha avó?”-Vitória perguntou à sua esposa, observando a cena.
“-Nuca soube que ele tinha parentes.”-Dra. Caetano disse e separava suas caixas.
Elas ficaram mais um tempo por ali conversando enquanto Vitória e Dra. Caetano separavam os medicamentos e colocavam no carrinho. Nesse momento, uma jovem senhora, que acabara de descer do trem, abordou a doutora:
“-Com licença, a senhora é Ana Clara Caetano? Dra. Caetano?”-Perguntou.
“-Sim,sou eu mesma.”-A doutora respondeu cordialmente.
“-Oh! É uma honra conhecê-la!”-A mulher estendeu sua mão para cumprimentar a doutorar que apertou sua mão.
“-Sou Beatrice Carter, da filial de Westfolk da Liga Sufragista Feminina.”-A mulher se apresentou.
“-Ah! Conheço o movimento sufragista. Vocês reivindicaram os direitos políticos para as mulheres. O direito de votarmos e sermos votadas. É um prazer conhecê-la! Essa é minha esposa, Vitória Caetano Falcão.”
“-Sim, claro! A mulher das montanhas!”-Beatrice estendeu sua mão para Vitória que lhe apertou a mão. “-Posso ser a primeira a oferecer à sua esposa minhas congratulações pessoais?”-Vitória ficou sem entender o que a mulher lhe falava.
“-Congratulações?”-Perguntou intrigada.
“-Ninguém notificou á vocês?”
“-Nos notificaram de quê?”-Dra. Caetano perguntou.
“-Dra. Caetano!”-Lucas vinha correndo com Nahoa em seus braços.
“-Com licença, Beatrice.”-Dra. Caetano se virou e foi até Lucas.
“-Ela estava saltando e tropeçou nos trilhos do trem. Caiu e machucou o joelho.”-Lucas falava aflito e Nahoa chorava em seu colo.
“-Ah, eu mesma já tropecei neles.”-Dra. Caetano falou passando a mão nos cabelos da pequena. “-Nahoa, a tia Caetano vai olhar teu joelhinho tá, pequena?”-A pequena indiazinha acentiu com seus olhinhos brilhando de lágrimas.
“-Não me parece profundo. Tu vai entrar pro meu clube, Nahoa.”-Dra. Caetano falou.
“-O que?”- A pequena não entendeu o que a doutora falava.
“-Olha, tá vendo aqui no meu queixo?”-Dra. Caetano chegou perto para a pequena ver a pequena cicatriz que ela tinha em seu queixo. “-Eu era pequenininha também quando eu caí e machuquei meu queixo. Vou te dar dois pontinhos e tu vai ter uma cicatriz pequeninha igual a minha.”-Enquanto ela falava, a pequena se acalmou. “-Lucas, leva ela lá pra clínica que já, já atendo vocês.”
“-Tia Ana, vou pra Corre Ventos ver  minha vó e a tia Bia e à noite vou jantar com vocês, posso?”-Sabrina se preparava para ir com suas mães.
“-Sabrina, desculpa não falar contigo agora. O dia começou bem agitado. Vá lá em casa hoje a noite. Vitória vai fazer uma comida boa pra gente.”-Ela abraçou Sabrina que partiu com suas mães.
Dra. Caetano voltou-se para Beatrice e falou:
“-Sinto muito, Beatrice, preciso atender uma paciente. Se tu ficar na cidade, podemos te visitar depois.”
“- E eu espero que sim. Você é o motivo de eu vir até aqui. Eu vim observá-la por uns dias.”
“-Observar?”-Vitória falou lançando um olhar mortal para a mulher.
“-Dra. Caetano, a senhora é uma das candidatas à ‘Mulher do Ano’ dos territórios de Northfolk e Westfolk.”-Dra. Caetano olhava incrédula tentando absorver a informação.
“-Ninha, vai pra clínica atender a pequena que eu levo a Sra. Carter até a pensão pra ela se instalar.”-Vitória deixou um beijo na testa de sua esposa e pegou as bagagens da Sra. Carter, acompanhando-a.
Enquanto a Dra. Caetano atendia a pequena Nahoa, as notícias já corriam pela cidade:
“-Mulher do Ano! Acham que ela tem chance de ganhar?”-Manoela perguntava à seu pai e Vítor, que acabara de trazer a notícia fresquinha.
“-Por que não? Ninguém merece mais esse prêmio que minha mãe.”-Agnes disse quando se aproximou de Jeff para pagar o pacote de feijão que viera comprar.
“-Ela deve estar tão nervosa.”-Jeff falou.
“-Esse prêmio é uma publicidade de grande honra que pode refletir em nossa cidade também..”-Manoela acrescentou.
Nesse meio tempo, Vitória ajudou a Sra. Carter a se acomodar na pequena pensão no centro da cidade. Elas voltavam caminhando até o consultório da Dra. Caetano e Beatrice puxava assunto:
“-Estão casadas há quanto tempo, Sra. Vitória?”-Beatrice perguntou e anotava algo em seu caderninho.
“-Ah, me chame apenas de Vitória. Bom, nós estamos casadas há dez anos. Mas tiveram uns anos ai de namoro. Acho que ao todo, estamos juntas há uns treze anos, pelo menos.”-A amazona respondeu.
“-Deve achar emocionante, quero dizer...dividir sua vida com uma mulher tão profissional como a Dra. Caetano. Seus feitos na medicina correm pelos jornais à fora.”
“-Isso é uma entrevista, Sra. Carter?”-Vitória perguntou desconfiada.
“-Preciso descobrir o que eu puder sobre a Dra. Caetano. É o único jeito de fazer uma indicação justa.”
“-Mãe! Acabei de saber sobre mainha!”-Arthur chegou correndo e abraçou Vitória por trás, seguido de Maria que abraçou as pernas de sua mãe.
“-Sra. Carter, esse é Arthur e essa é nossa pequena Maria. Temos mais uma filha. A nossa mais velha, Agnes, é a xerife da cidade.”-Vitória falou orgulhosa de suas crianças enquanto Beatrice anotava tudo em seu caderninho.
“-Muito prazer, Arthur. Olá, Maria.”-Falou com gentileza.
“-A senhora vai ver que minha mãe é a mulher mais inteligente dessa cidade. Ela é a melhor!”-Arthur falava muito animado sacodindo a mão da mulher que estendeu para que ele a cumprimentasse.
Nesse momento, a porta da clínica se abriu e Dra. Caetano saiu dando as recomendações finais à Lucas e sua filha:
“-Quero que mantenha meu lindo trabalho de costura seco tá bem, pequena?”-Falou para Nahoa que assentiu com a cabeça, chupando o pirulito que ganhou da doutora.
“-Eu gostaria de lhe pagar com dinheiro, Dra. Caetano.”-Lucas falou.
“-Lucas, eu adoro essa compota de ameixas que tu faz. Já é o suficiente pra mim. Obrigada.”- A doutora deixou um beijo no rosto da pequena e apertou a mão de seu amigo.
“-Me desculpe tê-la deixado lá na estação, Sra. Beatrice, mas eu precisava atender essa pequena.”-Dra. Caetano se aproximou de Vitória, ganhando um abraço apertado de seus filhos.
“-Eu que peço desculpas por não ter anunciado minha chegada, Dra. Caetano. Talvez o conselho pense que uma visita espontânea me permita uma observação mais justa.”
“-Isso é muito amável da parte de vocês, mas minha vida é muito comum. Como pôde ver, eu atendo muitas febres, arranhões de joelhos...”-Dra. Caetano falou tímida.
“-Ela já fez bem mais que isso, Sra. Beatrice. Já cuidou de epidemias e já fez todo tipo de cirurgia. Minha mãe é incrível!”-Arthur falou abraçando Dra. Caetano pelos ombros.
“-Arthur, tenho certeza que a Sra. Carter tá cansada da viagem.”
“-Na verdade, eu estou com fome. Podemos continuar conversando enquanto comemos?”-Beatrice falou empolgada.
A família Caetano Falcão levou a Sra. Carter para almoçarem no restaurante da Greice. Aguardavam os pedidos enquanto Beatrice explicava:
“-A Liga Sufragista reconhece a perseverança de uma mulher em todos os aspectos de sua vida. Criar uma família enquanto trabalha, construir os fundamentos de sua comunidade.”
“-Sra. Carter, o fato da Liga considerar meu nome é impressionante pra dizer o mínimo.  Devem haver tantas mulheres merecedoras...”-Ela falava quando foi interrompida pelo pastor.
“-Dra. Caetano! Que ótima notícia!”-Simas falou apertando as mãos de Caetano. “-A senhora não poderia ter escolhido uma pessoa melhor!”-O reverendo falou animado, agora cumprimentando Beatrice.
“-Obrigada reverendo, mas eu...é só uma indicação.”-Dra. Caetano falou.
“-E é modesta também! Se quiser saber sobre os milagres que essa mulher opera, espero que me procure. Minha igreja fica no final dessa rua.”- o pastor apontou o local para Beatrice. “-Estamos muito orgulhosos de ti, Caetano.”-O reverendo falou e saiu com um sorriso grande em seu rosto.
“-As novidades correm rápido em cidade pequena.”-A doutora falou meio sem graça.
“-Tudo bem. Pretendo falar com seus amigos também. Dra. Caetano, percebo que seguí-la é uma intromissão, mas estou aqui meramente para observar e não interferir.
“-Vitória, o que tu acha disso?”-A doutora perguntou à sua esposa.
“-Acho que tu já ganhou meu voto faz tempo.”-A amazona estendeu seu braço e pegou a mão de sua esposa.
“-Eu soube que deveria parabenizá-la, Dra. Caetano!”-Greice veio até nossa mesa trazendo nossos pedidos.
Enquanto almoçavam, Beatrice Carter puxava algum assunto:
“-Eu soube que você é agente indígena desse distrito, Vitória.”-Ela falou saboreando uma sobre coxa de frango assado.
“-Sim, está certa.”-Vitória confirmou.
“-Esses estão sendo tempos terríveis para as tribos daqui. Por sorte elas tem uma boa amiga como Vitória.”-Dra. Caetano explicou.
“-Essas batatas estão ótimas.”-Arthur elogiou a comida. “-Mas a senhora deveria ir jantar lá em casa para provar as batatas que minha mãe faz, Sra. Beatrice. Mainha cozinha muito bem.”-Arthur falou.
“-Acho que Arthur quis dizer que eu descasco bem as batatas. Quem cozinha muito bem é Vitória.”-Dra. Caetano disse sorrindo.
“-Eu adoraria jantar em sua casa qualquer dia, Dra. Caetano.”-Disse Beatrice.
“-Que tal amanhã?”-Arthur falou animado.
“-Infelizmante amanhã não dá, filho. Vitória e eu precisamos ir até a reserva.”-Dra. Caetano explicou.
Eles terminaram sua refeição e os Caetano Falcão voltaram para seus afazeres do dia.  Beatrice voltou até o centro da cidade para continuar suas entrevistas sobre a doutora. Chegando na Gazeta, foi conversar com Manoela:
“-Então senhorita Gavassi, me conte mais sobre a Dra. Caetano. Ela vai à reserva indígena com frequência?”-Beatrice perguntou já pegando seu caderninho.
“-Ah sim, ela vai sempre que pode. Ana Clara tem sido amiga das índias desde que chegou aqui. Ela nunca fez distinção de raça nem cor de seus pacientes. Ela é assim. Nunca desiste.”-Manoela falava enquanto imprimia a edição diária da Gazeta.
“-E vocês sempre foram amigas?”-Srta. Carter perguntou.
“-Bem, nossa amizade teve altos e baixos mas sempre existiu, firme como uma rocha. Sabia que ela concorreu à prefeitura da cidade?”
“-Verdade? Me conte mais sobre isso.”-Ela anotava rapidamente.
“-Bem, nós estávamos tendo um problema sério de falta de administração da cidade. Estava tudo um caos. Então ela foi indicada para concorrer à prefeitura, juntamente com Guto, o atual prefeito. Ela conseguiu que nós tivéssemos direito ao voto. Foi a primeira eleição que participamos e agora, podemos participar das próximas. Foi uma grande vitória para as mulheres desse distrito.”-Manu contava animada.
“-Entendi. Bom, senhorita Gavassi, muito obrigada. Irei conversar com mais algumas pessoas. Muito obrigada pela entrevista.”-Ela agradeceu e se retirou.
Beatrice Carter saiu da Gazeta e se encaminhou até a delegacia para entrevistar a xerife da cidade:
“-Boa tarde, xerife. Meu nome é Beatrice Carter. Estou aqui para fazer algumas perguntas sobre a Dra. Caetano. Você tem tempo?”-Beatrice falou apontando seu lápis e abrindo seu caderninho.
“-Boa tarde, senhora. Eu sou Agnes. O que a senhora quer saber sobre minha mãe?”- A xerife falou organizando alguns papéis em sua mesa.
“-Bem, quero saber se ela teve grande influência sobre você.”
“-Ela ainda tem uma grande influência sobre mim. Ela me inspira de tantas formas que nem sei lhe explicar. Mas com certeza ela tem grande sobre quase todo mundo por aqui.”-Agnes falou com um grande sorriso em seu rosto.
“-Hum, certo...e..como ela se sente sobre você ser xerife?”-Beatrice quis saber.
“-Ela não gostou nada da ideia no começo e ficou muito preocupada. Mas agora ela acabou aceitando.”-Beatrice assentia com a cabeça, anotando tudo o que a xerife dizia. “-Pensando bem, ela foi uma das razões para eu querer esse emprego. Para ajudar as pessoas.”-Agnes falou com ternura.
“-Obrigada, xerife Agnes. Foi de grande ajuda.”-Beatrice se despediu dela e partiu em direção ao armazém para entrevistar o proprietário, Jeff:
“-Quando a Dra. Caetano chegou aqui na cidade, muita gente teve problemas com ela. Por ela ser...uma mulher, sabe...”-Jeff falava enquanto ensacava e pesava alguns grãos.
“-Hum..claro..mas você não teve problemas com ela, certo?”-Beatrice falava num tom divertido com o dono do armazém.
“-Não! Claro que não. Eu soube que era uma ótima médica no momento que coloquei meus olhos nela.”-Jeff falou dando um sorriso amarelo e tentando disfarçar o nervosismo.
“-Dra. Caetano! Por favor! Me ajude!”-Tiago corria aos gritos carregando sua avó em seu colo.
Beatrice ouviu os gritos e correu em direção ao consultório da Doutora:
“-Tiago, o que aconteceu?”-Dra. Caetano perguntou abrindo a porta e fazendo sinal para que ele entrasse.
“-Minha vó, Ana Clara! Nós estávamos passeando. Eu tava mostrando a cidade pra ela quando ela desmaiou. Por sorte consegui segurá-la.”-O dono do Sallon falava aflito.
“-Entre e coloca ela na maca, por favor.”-O dono do sallon fez o que a doutora pedira, colocando gentilmente sua avó deitada. Sem que eles percebessem, Vitória, Beatrice e Arthur estavam lá dentro observando-os.
“-Ela já desmaiou outras vezes?”-A doutora perguntou á Tiago, ascultando o coração de sua avó.
“-Eu não sei...Ela vai ficar bem?”-Tiago perguntou abatido, segurando a mão da senhora.
“-Vou dar um pouco de amônia para ela acordar.”-Dra. Caetano pegou um pequeno frasco e colocou próximo ao nariz da senhora que despertou assustada.
“-Calma, vó. Ela é a doutora. A senhora desmaiou.”-Tiago falava calmamente, tranquilizando sua avó.
“-Como se sente agora?”-Dra. Caetano indagou-a.
“-Me sinto melhor.”-A senhora respondeu bastante lúcida.
“-Já desmaiou antes? Está sentindo alguma tontura?”-A senhora apenas negava com a cabeça às perguntas da doutora.
“-Eu já me sinto bem. Posso ir embora?”- A avó de Tiago quis se levantar mas ele a impediu.
“-Calma, vó, deixe a doutora lhe examinar direito. Ela precisa descobrir o que aconteceu.”-Tiago falou colocando a mão no ombro da avó.
“-Tudo parece bem agora, Tiago. É possível que o desmaio tenha sido ocasionado pelo cansaço da viagem. Mas eu gostaria de um exame completo e seu histórico médico. Vou monitorá-la por alguns dias. Não se preocupe, Tiago, sua avó me parece muito forte.”-Dra. Caetano tranquilizou-os deixando que ele levasse sua avó.
Alguns dias se passaram e a senhora Carter continuava à observar a rotina da doutora, que vivia sempre muito ocupada, às vezes atendendo seus pacientes, às vezes aconselhando sobre algo na comunidade e sempre cuidando de sua família. Era domingo e todos se encontravam no culto:
“-Antes de concluir o culto de hoje, eu gostaria de agradecer as presenças de duas visitantes aqui em nossa cidade: A sra. Louise Iorc, que veio visitar seu neto Tiago e a sra. Beatrice Carter. Claro que todos sabemos por que ela está aqui e nós certamente esperamos que sua visita seja proveitosa. Vão em paz.”-Reverendo Simas encerrava assim, o culto.
A comunidade levantava-se em silêncio e deixava a Igreja aos poucos.
“-Mãe, nós vamos ao riacho pescar.”-Disse Agnes, levando Arthur e Maria consigo.
“-Boa pescaria e não demorem. Vitória quer fazer peixe frito pro almoço de hoje, mas ela precisa dos peixes.”-Dra. Caetano falou divertida.
Logo os irmãos saíram e Carlinhos se aproximou da doutora que conversava com Beatrice:
“-Dra. Caetano, eu gostaria de lhe agradecer por ajudar à mim e Arthur com a matéria sobre Eletricidade. Nós não pediríamos ajuda à mais ninguém.”-Ele falava olhando diretamente para a sra. Carter. “-A Dra. Caetano é a pessoa mais inteligente da cidade toda.”-Ele frisou.
“-Bom, eu fico feliz em ajudar vocês, Carlinhos. Ajudarei vocês mais tarde. Pode passar lá em casa umas sete da noite que explico pra vocês.”-Dra. Caetano avisou.
“-Vó!”-Todos ouviram a voz de Tiago que levantava sua avó que desmaiara novamente. “-Ana Clara! Ajude por favor!”-Dra. Caetano correu até ele.
“-Não se preocupe, Tiago. Vou fazer tudo que eu puder.”
Eles correram apresados até a clínica. Tiago, Beatrice, Vitória e o pastor Simas ficaram do lado de fora aguardando notícias sobre o estado de saúde de dona Louise. Alguns minutos se passaram e a doutora saiu para comunicá-los:
“-Sua avó está bem agora, Tiago. Ela está se trocando.”-A doutora falou chegando próximo ao dono do Sallon.
“-Tem certeza? Tu disse que ela tava bem antes...”-Tiago falou preocupado.
“-Eu a examinei agora e seus sinais vitais estão normais.”-Dra. Caetano tentou tranquilizá-lo.
“-Algo não está certo...”
“-Eu concordo. Tua avó me confessou agora que já desmaiou várias vezes.”
“-Várias vezes?! Ela nunca me disse nada...”
“-Dessa vez eu pude detectar um batimento cardíaco irregular. Isso poderia ter ocasionado o desmaio. Eu lhe dei um remédio e um calmante para desacelerar seu coração e...espero que resolva o problema.”-Dra. Caetano falou com uma ponta de dúvida.
“-Espera que resolva? Quer dizer que não sabe se vai resolver? Talvez eu deva levá-la num desses médicos especialistas lá em Westfolk.”-Tiago falou começando a se alterar.
“-Tiago, eu fiz todos os exames nela. No meu melhor julgamento os remédios que dei à ela ajudarão à prevenir coisas piores.”
“-Então ela vai ficar bem mesmo?”-Ele perguntou mais uma vez.
“-Por que não vai lá vê-la. Pode entrar.”-Dra. Caetano falou confiante.
“-Eu queria levar a vovó para fazer um passeio de charrete mais tarde. Ainda podemos ir?”-Tiago perguntou cauteloso.
“-Não vejo porquê não.”-Ela falou e Tiago entrou sorridente para ver sua avó.
“-Um passeio de charrete parece muito boa ideia. Vai ter lua cheia hoje e podemos ir até o lago, o que acha?”-Vitória falou chegando perto de sua esposa.
“-Vitória, não posso. Prometi pros meninos que vou ajudá-los com a matéria sobre Eletricidade. Arthur já me pediu há dias.”-Dra. Caetano deixou um beijo casto nos lábios de sua esposa. “-Sra. Carter, gostaria de almoçar conosco hoje?”-Ela perguntou já entrando em seu consultório.
“-Eu adoraria!”
“-Ótimo. Vitória vai levá-la e logo menos eu já vou também. Vejo vocês depois.”-Ela se despediu fechando a porta da clínica.
Vitória e Beatrice chegaram na residência dos Caetano Falcão e os irmãos que haviam ido pescar, já estavam de volta. Arthur estava no celeiro limpando os peixes e Agnes já havia começado os preparativos para o almoço. A sra. Carter, muito curiosa, dirigiu-se até o celeiro para ver a limpeza dos peixes:
“-Isso parece difícil.”-Ela observou.
“-Não é muito. Eu me atrapalhava um pouco no início mas com a prática, ficou mais fácil.”-Disse o jovem estripando uma truta.
“-E me diga, é muito difícil viver entre tantas mulheres?”-Ela perguntou divertida e ele riu.
“-Às vezes é um pouco barulhento, mas eu não poderia pedir por família melhor. Minhas mães e irmãs me enchem de amor. Sou um rapaz de sorte.”-Ele disse com o rosto corado.
“-Ah, vocês estão aí! Parece que a pesca rendeu”-Dra. Caetano olhava dentro do balde de Arthur.
“-Já limpei todos mãe.”-Arthur disse secando as mãos.
“-Corre e leva lá que Vitória já colocou as batatas no fogo.”-Ele pegou o balde e saiu em disparada até a casa.
“-Já ordenhou uma vaca, sra. Carter?”-Dra. Caetano perguntou e sorriu.
“-Infelizmente eu perdi essa experiência. Juntamente com a alegria de estripar trutas.”-Elas riram. Dra. Caetano se dirigiu até sua vaca, Branquinha.
Dra. Caetano ordenhava sua vaquinha e Beatrice puxava assunto:
“-Seus filhos são maravilhosos, Dra. Caetano. Agnes e Arthur são muito inteligentes e Maria é um encanto.”-A sra. Carter elogiou.
“-Ah, obrigada. Eles são nosso maior presente. Arthur quando chegou aqui, não falava mas hoje em dia, tem assunto pra tudo. Agnes era arisca e arredia. Parecia uma gata do mato. Hoje é xerife da cidade. Deram um pouco de trabalho, mas a senhora sabe, filhos criados, trabalho dobrado. Maria por enquanto tem se mostrado tranquila, mas o tempo dirá. Mas o que eu sei de verdade é que não teria conseguido sem Vitória. É minha parceira da vida e eu faria tudo de novo se ela quisesse.”-Beatrice ficou observando a doutora acabar a ordenha.
“-Nós não tivemos muito tempo para conversar, não é?”-Beatrice comentou.
“-Eu sinto muito. Geralmente os meus dias não são assim tão corridos.”-A doutora se desculpou.
“-Pelo que eu soube por aí, eles são sim.”
Elas não se demoraram muito e logo Agnes veio chamá-las para almoçar.
A tarde correu normalmente, entre conversas amenas e a histórias, incluindo a de como Dra. Caetano conheceu Vitória, a qual elas não aguentavam mais contar. Logo a noite veio e Carlinhos chegou para a lição de física:
“-Bem, meninos, vamos começar pela eletricidade estática. Eletricidade estática é o desequilibrio das cargas elétricas. Olhem o que eu vou fazer.”-Dra. Caetano pegou um pedaço de papel e picou em aguns pedaços bem miúdos. Pegou seu lápis e esfregou em sua cabeça.”-Agora, prestem atenção.”-Ela pegou o lápis e colocou próximo aos pedacinhos de papéis picados que foram atraídos para a base do lápis. Os meninos olharam curiosos. “-Isso aconteceu por que a eletricidade que produzi esfregando o lápis nos meus cabelos, descarregou produzindo uma corrente elétrica.”-Os rapazes aplaudiram o experimento apresentado pela doutora.
Eles faziam a experiência quando alguém bateu à porta. Vitória levantou-se e foi atender:
“-Desculpem incomodá-los mas a  avó do Tiago desmaiou de novo.”-Pastor Simas falou apressado.
“-Perdeu os sentidos? Tem certeza?”-Dra. Caetano levantou-se e pegou sua maleta.
“-Ela cortou a cabeça quando caiu e Tiago não consegue acordá-la.”-o reverendo disse.
“-Estou indo pra lá agora mesmo.”-A doutora falou vestindo seu casaco.
“-Nós vamos junto.”-Vitória disse já pegando Maria pela mão.
“-Eu vim na carroça de Vítor. Vão vocês duas nessa carroça que é mais leve e mais rápida que eu levo as crianças na de vocês.”-O pastor Simas sugeriu e assim fizeram.
Dentro de poucos minutos, Ana e Vitória estavam em frente a clínica. Tiago estava lá e andava de um lado para outro, nervoso:
“-Ela está acordada mas não graças a ti.”-Tiago disse jogando seu cigarro no chão.
“-Tiago, eu lamento isso ter sido uma provação pra ti mas eu acreditei que a condição dela ficaria estável com o medicamento que eu ministrei. Não estabilizou ainda, mas com o tempo...”-A doutora falava e foi interrompida por Iorc.
“-De quanto tempo mais tu precisa? Tu nem sabe o que é mas é teimosa demais pra admitir.”-Tiago disse revoltado.
“-Eu não acho que...”
“-Admita, Caetano!”-Ele falou num tom mais alto.”-Não pode, não é? Por que tu é a grande Dra. Caetano que tem todas as respostas”-Ele disse e ficou encarando-a.
“-Eu gostaria de ver minha paciente agora.”-A doutora disse num tom sério.
“-Vá em frente. Você não qier perder seu grande prêmio.”-Ele afastou-se da porta para ela entrar. Tiago ergueu a cabeça e viu que Beatrice presenciara toda a discussão.
Doutora Caetano examinou a cabeça de dona Louise e conseguiu parar o sangramento. Ela decidiu deixá-la em observação aquela noite. Ela e sua família também passariam a noite na clínica.
Já era madrugada e Caetano ainda estudava, tentando achar uma resposta para os desmaios da avó de Tiago. Vitória, que não conseguiu dormir, desceu para ver como sua esposa estava:
“-Ninha, vem deitar...tá tarde.”-Ela falou baixinho massagenado os ombros da esposa.
“-Agora não Vitória, eu preciso ler esses artigos. Há tantas coisas que ainda não sabemos sobre o coração.”-Ela respondeu sem levantar os olhos dos papéis.
“-Peça ajuda, Ninha..tu já fez isso antes.”-Vitória disse erguendo o queixo da esposa para que ela a olhasse.
“-As respostas estão aqui, Vi. Só não achei ainda.”
“-Talvez Tiago esteja certo.”-Vitória provocou.
“-Como tu pode dizer isso?”-A doutora levantou-se e foi pegar um de seus livros, ficando de costas para sua esposa.
“-O que aconteceria se não tivessem te escolhido? O que aconteceria se a Liga Sufragista Feminina disse que tu não é a ‘Mulher do Ano’?”-Vitória aproximou-se da esposa, virando-a para sua direção.
“-Eu desapontaria todo mundo. Manoela, o reverendo, a cidade toda...Arthur...eles esperam tanto. Sempre esperam que eu seja forte e decidida. Que eu saiba tudo sobre tudo...Eles só vêem a metade de mim.”-Dra. Caetano falou com seus olhos tristes e baixos.
“-Eles vêem o que tu deixa que eles vejam.”-Vitória disse puxando Dra. Caetano para um abraço.
“-Sei que é bobagem...”-Ela falou abafado contra o peito de sua esposa.
“-Não é bobagem, Ninha.”
“-Tem dias que eu só queria ficar na cama, escondida embaixo das cobertas. Ou pegar uma charrete e ir pra o lago...sem que ninguém saiba quem eu sou. Deixar a vida continuar sem ser a ‘Dra. Caetano’.”-Ela desabafou.
“-E a vida continuaria, Ana. Tu tem que resolver primeiro contigo essa questão e depois nós vemos o que vamos fazer. Se tu quiser parar, nós damos um jeito. Tu sempre vai ter meu apoio em qualquer condição. Mas não quero que tu tome qualquer atitude de cabeça quente e sem dormir. Nosso julgamento fica comprometido quando estamos cansadas. Já passamos por isso antes.”-Vitória abraçava sua esposa e nem percebeu que ela dormira de pé, em seus braços. Vitória riu baixinho. Deixou um beijo no topo de sua cabeça e pegou-a no colo, levando-a para um dos quartos.
No outro dia, Vitória acordou cedo porém saiu da cama sem movimentos bruscos para não acordar Ana Clara. A amazona deixou as janelas fechadas e desceu para dar o café da manhã aos seus filhos.
Ela foi até o restaurante a Greice buscar o desjejum para sua família. Na volta para a clínica, encontrou Tiago e sua avó saindo de lá. Tiago disse que levaria sua avó para tomar café e depois retornariam. Ela apenas assentiu.
Vitória improvisou uma mesa para colocar os alimentos e logo chamou Arthur e Maria. Eles tomavam café, sem fazer muito barulho mas Ana Clara já havia acordado.
“-Por que não me chamaram.”-Ela disse se espreguiçando.
“-Ninha, vai deitar que tá cedo. Não são nem nove da manhã. Eu ia te deixar dormir até as dez hoje.”-Vitória disse mordendo seu pedaço de pão.
“-Não, Vi, preciso fazer uma coisa importante hoje. Vou tomar café e já vou examinar dona Louise.”-A doutora disse servindo uma xícara de café amargo.
“-Ela e Tiago foram tomar café na Greice. Tem problema?”-Vitória perguntou.
“-Não, problema nenhum. Vou fazer uma coisa agora e depois vou até lá falar com eles.”-A doutora terminou de sorver seu café e foi até o restaurante conversar com Tiago e sua avó.
Chegando no restaurante, viu Manoela e Beatrice conversando:
“-Ana Clara, bom dia! Estava contando para a sra. Carter sobre o dia que tu participou de uma corrida de cavalos e ganhou do Tiago.”-Manoela falava animada.
“-Manoela, me desculpe interromper. Poderia vir comigo? Tem algo que eu quero que tu escute. Pode vir tmbém, Manu.”-A doutora pediu á Beatrice.
Elas se direcionaram até a mesa onde Tiago tomava café com sua avó:
“-Posso me unir á vocês por um momento?”-Dra. Caetano disse sentado-se á mesa de Tiago, acompanhada por Manoela e Beatrice.
“-Claro, doutora. Fique à vontade, por favor.”-Dona Louise falou cordialmente.
“-Como se sente hoje?”-A doutora indagou.
“-Ah, eu estou ótima. Às vezes é bom bater a cabeça de vez em quando.”- A idosa disse rindo.
“-A senhora teve sorte de não se machucar seriamente. Agora, antes de vir pra cá, eu telegrafei para um colega especialista em problemas do coração. Ele sugere que seus desmaios estão relacionados aos seus batimentos irregulares. Mas ele também disse que os remédios que lhe dei não vão resolver. Ele recomendou outros remédios que felizmente eu tenho aqui, Sulfato de Quinidina.”-A doutora falava e todos á mesa lhe escutavam atentos.
“-Isso vai parar os desmaios da vovó?”-Tiago perguntou.
“-O remédio vai estabilizar os batimentos até que ela possa ver o médico certo. Há um em Westfolk que teve grande sucesso. Se a senhora partir no trem que sai hoje à tarde, chegará lá amanhã à noite.
“-Precisa ver esse médico, vó. Eu te levo.”
“-Eu cheguei aqui sozinha, meu amor. Posso ir sozinha ver esse médico. Eu vou ficar bem.”-Dona Louise acariciava o rosto do neto.
“-Sra. Iorc, foi um mal julgamento médico o meu não procurar um conselho antes. Espero que aceite minhas desculpas.”
“-A senhora pensa demais, Dra. Caetano.”-A idosa falou achando graça.
“-Obrigado por ajudá-la, Caetano.”-Tiago agradeceu pegando no braço de sua avó e voltando para a clínica.
Dra. Caetano virou-se para Beatrice e falou:
“-Eu permiti que eu mesma arriscasse um paciente por orgulho profissional. Eu estava errada.”-Caetano disse envergonhada.
“-Sim, você estava errada. Meu trabalho aqui terminou. Partirei no próximo trem.”-A sra. Carter respondeu. Dra. Caetano assentiu com a cabeça e suspirou frustrada.
“-Bem, eu vou indo...tenho remédios para preparar, com licença.”-A doutora retirou-se dali com a certeza de que havia perdido o prêmio mas havia ganhado de volta sua paz de espírito. Permitiu-se deixar cair uma lágrima de alívio por saber que aquela pressão toda foi-se embora.
A tarde passou rápido e logo a avó de Tiago e a sra. Carter se despediriam de Northfolk. A comunidade toda foi até a estação despedir-se das visitantes:
“-Vó, a senhora pegou os remédios que a doutora lhe deu?”-Tiago perguntava segurando as mãos de sua avó.
“-Não se preocupe, meu neto. Eu peguei tudo.”
“-Eu queria ir com a senhora ver esse médico.”
“-Você tem um negócio pra administrar, Tiago. Fique tranquilo. Eu te conheço bem aqui, filho, e é só o que importa pra mim.”-A idosa falava com a mão no peito de seu neto.
“-Vovó, venha de novo me visitar, mas na próxima vez, venha pra ficar.”-Tiago abraçou sua velha avó, deixando que suas lágrimas caíssem sem se importar com o julgamento alheio.
“-Bom, eu espero que a senhora tenha gostado da nossa cidade, sra. Carter.”-Dra. Caetano disse abraçada em sua esposa.
“-Ah, sim, eu gostei muito. O ar aqui é muito puro e as pessoas foram muito cordiais comigo. É bastante diferente de Westfolk onde todos andam apressados e ninguém se conhece. Mas eu também fiquei impressionada como aqui as pessoas fazem tanto com tão pouco recurso.”-Beatrice chegou perto de Arthur e falou:”-Meu jovem, eu te desejo muito sucesso com a eletricidade e com a escola de Engenharia.”-Ela apertou a mão de Arthur que devolveu o cumprimento sorrindo.
“-Obrigado. Espero que a senhora faça uma boa viagem.”-O rapaz disse educado.
Beatrice voltou-se para Vitória, para despedir-se:
“-Sabe, Vitória, eu poderia facilmente dizer que precisamos de mais mulheres como a Dra. Caetano aqui em Northfolk mas não irei dizer isso. Nós precisamos de mais mulheres como ela em todos os lugares e é por tudo o que observei que vou premiá-la como “Mulher do Ano’. Espero você e sua família lá em Westfolk para receber o prêmio, Dra. Caetano."
No momento em que Beatrice parou de falar houve uma comoção geral. Muitos gritavam o nome da doutora, batiam palmas, ouvia-se gritos de que ela merecia e até barulhos de espumantes sendo abertas.
“-Meu Deus! Muito obrigada!”-A doutora despediu-se de Beatrice com um abraço.
A sra. Carter embarcou no trem que logo partiu.
Vitória abraçava sua esposa por trás e disse ao pé de seu ouvido:
“-Que tal passearmos de charrete até o lago e jantar sob a lua?
“-O que, Vitória? Como? E as crianças?”
“-A esposa da Mulher do Ano já arranjou para que eles ficassem essa noite com a jovem que mantém a lei e a ordem nessa cidade.”-Ela selou os lábios de sua esposa em um beijo.

Nota da Autora: E aí? Vocês esperavam por esse Tiago netinho da vovó? Esse aí nunca me enganou. Kkkkkk Um excelente final de semana pra vocês ;)

Dra. CaetanoOnde histórias criam vida. Descubra agora