Trem Para Westfolk

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Oi, gente bonita! Feliz 2021 pra todes!
Pra quem ainda não ouviu, ouça o novo disco das AnaVitoria intitulado Cor. Sério, passei dois dias presa na música Abril. É de uma delicadeza que só Ana Caetano pra escrever aquilo mesmo.
Quero aproveitar e mandar um grande beijo pra MeninaAmor que tá sempre aqui me incentivando. Se tu não conhece as obras dela, vai lá dar uma espiada ;)
Sem mais delongas, bora pra mais um capítulo.
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Acordei cedo e não demorei à me levantar. Precisava ir até a vila conseguir uma carona até a estação férrea. Não conseguiria ir andando por causa do peso da mala. Agora que percebi: minha vida toda cabe dentro de uma mala. Dei risada da minha percepção tardia. Seria sempre assim? Pulando de cidade em cidade? Pensei que meu coração faria morada por aqui. Ter uma casinha com um jardim florido e alguém pra quem voltar. Parece que não. Acho que li romances demais.


Fui andando até a vila conversar com Lucas, o ferreiro.


"-Sr. Lucas, bom dia."


"-Bom dia, Drª Caetano. Em que posso lhe ajudar?" Perguntou muito simpático.


"-Preciso de uma carona até a estação férrea. Estou indo embora."-Chega de mentiras.


"-Mas por que, doutora? Precisamos da senhora!"- Me falou com pesar na voz.


"-Recebi uma proposta para trabalhar em Westfolk."-Isso era verdade. Havia recebido uma carta há duas semanas atrás de um importante hospital de lá que ficou sabendo como tratei a epidemia de gripe aqui em Northfolk.


"-Puxa, doutora, fico triste em saber. Vitória vai com a senhora?"-Por que tinha que falar nela, Lucas?


"-Infelizmente não. Ela tem trabalho pra fazer aqui."-Falei com a voz embargada.


"-Entendo. Que horas a senhora quer que a busque?"


"-Meu trem sai ao meio-dia. Pode passar lá em casa umas onze horas, por favor."-Me despedi e voltei para casa esperar o horário.



Vitória's PoV:


Não aguento mais de saudades da Ana Clara. Essa missão sem pé nem cabeça que minha mãe inventou. Vim pra cá e não tinha nada. Não entendi o que ela pretendia com isso.


Cheguei à Corre Ventos um pouco mais de onze horas da manhã. A aldeia estava estranhamente quieta. As amazonas passavam por mim me olhavam como se soubessem de algo que eu não sabia. O que estava acontecendo?


Cheguei em casa, tirei a roupa cheia de poeira e quando ia tomar banho, Sabra entrou em meu quarto.


"-Tu tá fazendo o que aqui ainda, Vitória? Vai buscar tua mulher!"-Gritou Sabra muito alterada. O que estava acontecendo?


"-Espera, Sabra, não entendi. O que eu perdi?"- Perguntei vestindo a roupa de novo.


"-Se tu não correr, vai perder Ana Clara. Ela tá indo embora. Muita coisa aconteceu desde que tu saiu. Mainha mandou Ana Clara embora. Traz ela de volta, Vitória!"-Sabra me deixou de pernas bambas com essa notícia. Me apoiei na mesa e senti um zumbido nos ouvidos. Parecia que tinham disparado uma arma do lado da minha cabeça. Não escutei mais nada. Senti uma laceração no peito. Coloquei a machadinha no coldre, saí correndo porta à fora assoviando para Trovão que veio imediatamente. Montei no mustang e Sabra gritou:


"-Trem para Westfolk"-Consegui ouvir em meio aos gritos de guerra das amazonas enquanto eu disparava à galope em Trovão.


Ana Clara's PoV:

Dra. CaetanoOnde histórias criam vida. Descubra agora