Ter Tudo

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Nota da Autora: Oi, gente! Como estão? Espero que bem. Bom, primeiramente venho aqui dizer que Dra. Caetano está entrando na sua fase final. Esse é o primeiro capítulo de despedida da fic. Depois desse, teremos mais três e um epílogo, totalizando 55 capítulos.
Eu escrevi sobre tudo que me propus a escrever: Feminismo, racismo, xenofobia, religião e fé, intolerância, empoderamento, certo e errado, machismo entre outros assuntos relevantes. Estou bastante satisfeita de alcançar esse objetivo.
Bom, eu tenho muito pra agradecer mas farei nas considerações finais do último capítulo.
No final desse, vou deixar um pequeno teaser do próximo capítulo pra vocês surtarem. Eu amo quando vocês surtam. Eu surto junto. Kkkkk Aproveitem e tenham um excelente final de semana ;)

Narrador PoV:
O tempo caminhava a passos largos e mais um ano havia se passado. A cidade de Northfolk crescia exponencialmente mas sem perder seu charme de cidade de interior.
Muitos negociantes haviam se estabelecido na cidade e novas oportunidades de trabalho apareciam para quem quisesse trabalhar.
Agnes, a xerife da cidade, havia conversado com Jeff, o dono do mercado e pediu-lhe que alugasse um espaço em seu armazém, para Emily. Ela comprara uma máquina de costura para confeccionar e vender  seus vestidos, porém não conseguia um lugar para trabalhar. Havia muito preconceito sobre a menina do Sallon mesmo que ela não trabalhasse mais lá.
Depois de muito pedir e suplicar, Jeff se compadeceu da garota e alugou um pequeno espaço em seu mercado para Emily instalar sua máquina de costura e começar sua confecçao, porém ela ainda não havia conseguido nenhuma cliente.
Arthur, por sua vez, havia terminado a escola e trabalhava fazendo alguns bicos para ganhar algum dinheiro. Ele vendia seus desenhos na estação do trem para os turistas e também, fazia caricaturas quando lhe pediam.
Ele estava sentado, próximo à estação de trem, desenhando as caricaturas de um jovem casal que lhe pedira, quando seu amigo, Carlinhos, chegou correndo:
“-Arthur, Arthur! O sr. Vítor pediu pra eu te entregar esse telegrama. Vem lá da Universidade.”-Carlos falou tudo em um fôlego só.
Arthur pegou o envelope e ficou olhando.
“-Não consigo abrir...tô muito nervoso...”-Ele falou paralisado.
“-Abre logo, cara! Vamos ver o que eles te disseram”-Carlinhos empurrou o ombro do amigo de leve.
Arthur rasgou o envelope ainda trêmulo e leu em voz alta:
“-Prezado Sr. Arthur Caetano Falcão, a Universidade de Westfolk tem o prazer de lhe informar que o senhor foi aceito no curso da Faculdade de Engenharia...”-Carlos começou a pular e abraçou seu amigo.
“-Eu sabia! Parabéns, Tutu!”-O rapaz falou orgulhoso de seu amigo.
“-Preciso contar pra minha família mas tenho que terminar o desenho desse casal primeiro.”-Arthur se focou em acabar o desenho rapidamente, juntou seu material de desenho e correu para casa.
Na casa dos Caetano Falcão, Vitória e Maria jogavam uma partida de damas, sentadas na varanda:
“-Hum, damas...quem tá ganhando?”-Dra. Caetano, que estava saindo de casa, perguntou.
“-Eu!”-As duas responderam juntas.
“-Mãe! Mainha! Maria!”-Arthur chegou correndo e ofegante.
“-Quê isso, meu filho? O que aconteceu?”-Dra. Caetano perguntou preocupada, tirando os cabelos do rapaz de seu rosto enquanto ele puxava novamente o ar para seus pulmões.
“-Eu fui aceito, mãe! A Universidade de Westfolk me aceitou!”-Ele falou levantando sua mainha do chão.
“-Que maravilha!”-Dra. Caetano falou animada, ainda nos braços de seu filho.
“-Parabéns, filho!”-Vitória levantou-se e foi abraçá-lo juntamente com Maria.
“-Eu sabia que iam te aceitar, Tutu!”-Maria falou abraçada em Arthur.
“-Ainda não acredito! Reli várias vezes!”-Ele falou sem tirar seu sorriso do rosto.
“-Vai ser ótimo pra ti, Arthur! Tu vai conhecer jovens inteligentes de todas as partes do país. Nós precisamos encontar um lugar pra ti ficar, filho.”-Dra. Caetano falou orgulhosa.
“-No envelope, mandaram uma lista de pensões que ficam próximas à Universidade.”-Ele mostrou o papel á sua mãe.
“-Mas aqui diz que tu tem que te apresentar na Universidade semana que vem.”-Vitória falou, lendo um dos papéis que continha no envelope.
“-Já, tão cedo?!”-Dra. Caetano exclamou. Arthur pegou o papel da mão de Vitória e continuou a ler:
“- Por favor, chegue no dia quatorze para completar a matrícula. As aulas começam dia dezessete. ”-Ele pensou e disse: “-Meu Deus, eu não tô pronto!”
“-Não te preocupa, filho. Nós vamos preparar tudo à tempo.”-Dra. Caetano disse, abraçando-o.
“-Vamos jantar, ou tu tá empolgado demais?”-Vitória perguntou puxando-o para dentro para começarem o jantar.
Antes de entrarem, Arthur parou com sua mãe na porta e disse:
“-Mãe, eu vou pra faculdade!”-E tirou Vitória do chão, que gargalhava.
Eles preparavam o jantar e Agnes chegou para celebrar com sua família a entrada de seu irmão na faculdade. A noite foi animada e cheia de expectativas por parte de Arthur, que estava ansioso. Vitória tentava disfarçar seu rosto preocupado mas isso não passou despercebido por sua esposa.
Agnes já havia ido embora e os irmãos estavam em seus quartos. Vitória resolveu deixar a louça para o outro dia e, chegando em seu quarto, percebeu que sua esposa devia estar no banho.
Ela recostou-se na cama e voltou a ler os papéis que a Universidade mandara ao seu filho. Ela nem reparou quando sua esposa entrou no quarto, enxugando seus cabelos.

Ana Clara’s PoV:
Coloquei minha toalha sobre o encosto da cadeira e vesti minha camisola. Sentei-me aos pés da cama, peguei um dos pés de Vitória e comecei a massageá-lo.
“-O que tu tem, Vi? Tô te achando triste.”
“-Eu tô triste, Ana...não acredito que nosso menino tá indo embora...”
Escalei o corpo de minha esposa, afastei suas pernas e me encaixei entre elas.
“-Vi, a gente já tinha conversado sobre isso. Nós sabíamos que esse dia ia chegar.”-Falei e fiz um carinho no rosto dela.
“-Eu sei, Ninha, mas eu não sabia que esse dia chegaria tão cedo... “
“-Amor, Westfolk é logo ali. Se a gente morrer de saudades, pegamos o trem e vamos visitá-lo, combinado?”-Disse chegando meu rosto próximo ao de Vitória.
“-É verdade. Combinado.”-Vitória sorriu e eu roubei-lhe os lábios num beijo calmo e delicado junto com a troca de carícias. Nossos beijos foram ficando mais urgentes e os carinhos mais ousados.
Coloquei minha mão por baixo da blusa de Vitória, arranhando de leve a lateral do corpo da minha amazona que gemeu baixinho. Ela me enlouquece com esses gemidos roucos. Sem perder mais tempo, desci minha mão até o cós da calça de Vitória. Eu estava descendo meus beijos por sua barriga, quando ouvimos uma batida na porta:
“-Mamãe, posso entrar?”-Era a voz de Maria. Justo agora?
Vitória levantou rápido da cama e ajeitou sua roupa, abrindo a porta para a pequena entrar.
“-Que foi, pequena? Teve um pesadelo de novo?”-Vi perguntou e eu bufei frustrada, enterrando meu rosto no travesseiro.
“-Tô triste que o mano vai embora.”-Seus olhinhos estavam vermelhos. Acho que estava chorando.
“-Deita aqui, Maria.”-Bati minha mão no colchão, chamando-a.
“-Posso dormir aqui essa noite?”-Perguntou tímida.
“-Pode.”-Vitória assentiu.
Ela deitou-se entre nós e logo, pegou no sono.
No outro dia, cedo, Vitória preparou nosso café e logo que terminamos, levei Arthur até o ateliê improvisado de Emily:
“-Bom dia. Jeff. Bom dia Emily.”-Cumprimentei-os logo que cheguei ao armazém.
“-Bom dia, Dra. Caetano. Precisa de algo?”-Emily falou disposta.
“-Sim. Preciso de dois ternos e duas calças para esse rapaz que irá para Universidade semana que vem.”
“-Parabéns, Arthur. Agnes me contou que tu vai estudar fora.”
“-Obrigado, Emily. Eu nem dormi direito essa noite. Tô muito nervoso. Nunca saí daqui de Northfolk.”-Ele falou animado.
“-Bem, meu forte não são ternos e calças mas não posso recusar uma encomenda ainda mais sua, Dra. Caetano.”
“-Tem certeza que consegue terminar até sexta-feira?”
“-Consigo. Não tenho mais trabalho nennhum. A senhora é a primeira pessoa que me encomenda roupas.”
“-Fico feliz de ser teu primeiro cliente. E quando virem o teu trabalho, tu nem vai conseguir fazer teus vestidos. Aposto que todos os homens virão encomendar tuas roupas.”-Arthur falou com bondade e Emily achou graça.
“-Aqui, achei os sapatos tamanho quarenta que tu me pediu, Arthur. Um par de sapatos pretos e um par de sapatos marrom.”-Jeff falou entregando os calçados para Arthur.
“-Filho, leva um par só. Compra o outro par lá em Westfolk. Talvez tenha algo mais jovem e moderno.”-Sugeri.
“-Mas mãe, eu não vou ter tempo de sair pra fazer compras.”
“-Ah, vai sim. Quero que tu reserve um tempo pro teu lazer. Não precisa viver com a cara enterrada nos livros.”
“-Mas foi o que tu fez quando estudava. Tu mesma contou.”-Ele falou experimentando os sapatos.
“-Fiz e me arrependo. Lá em Westfolk tem ótimos teatros. Quero que tu reserve um tempo e vá com teus colegas assitir peças, musicais, concertos e que tu experimente os restaurantes. Isso faz parte da educação também.”
Arthur ficou pensativo por um momento:
“-Me sinto um pouco mal por deixar vocês, mainha.”
“-Nós vamos ficar bem, Arthur, não se preocupe, meu filho.”
“-Mas quem vai cuidar de Maria quando tu ou a mãe estiverem ocupadas?”-Ele perguntou preocupado.
“-Filho, parece que nunca é momento certo para partir. Algo sempre nos pressiona e parece que sempre há uma razão pra gente adiar as coisas. Então, tu simplesmente deve respirar fundo...e ir.”-Aconselhei.
Deixei Arthur com Emily para que ela tirasse suas medidas e fui para clínica.
Depois que Sabrina retornou formada em Medicina, eu convidei-a para trabalhar comigo. Ela trabalha comigo algumas horas na semana e me ajuda bastante:
“-Bom dia, Dra. Falcão.”-Cumprimentei minha sobrinha.
“-Bom dia, Dra. Caetano. Pensei que não viesse hoje. E Arthur, como está?”
“-Uma pilha de nervos. Deixei ele ali com Emily pra ela tirar as medidas dos ternos pra ele.”
“-Eu me lembro quando parti para estudar fora. Por fora eu não transparecia mas por dentro eu estava apavorada. Arthur sempre foi muito sincero. Ele não consegue esconder nada.”
“-Sim, ele é um rapaz muito simples.”
Conversávamos enquanto eu limpava meus instrumentos, quando Tiago entrou no consultório espirrando e com o rosto inchado:
“-Doutora, pode me ajudar?”-Ele perguntou à Sabrina pois me viu ocupada.
“-Claro, sr. Iorc. Sente-se na maca que irei examiná-lo.”-Sabrina falou colocando o estetoscópio em seu pescoço.
“-Nunca me senti tão mal. Sinto como se não pudesse respirar.”-Disse Tiago espirrando novamente.
Sabrina ascultou seu coração e seus pulmões:
“-Bom, a melhor cura para asma é se afastar da vegetação.”-Ela concluiu.
“-Como?”
“-Vá para as montanhas ou o oceano.”-Ela disse eu eu disfarcei meu riso.
“-Oceano? Não posso sair assim, de repente.”-Ele falou achando graça.
“-Outra coisa boa é estramônio. Já tentou?”-Tiago me olhou desconfiado e dei de ombros.
“-Nem sei o que é isso, doutora.”-Ele falou achando graça.
“-Aqui, você pode fumar as folhas secas em um cano ou em forma de cigarro. Tente isso e me avise se não funcionar.”-Ela disse entregando o pacote com folhas para ele.
“-Isso dá?”-Tiago alcançou o dinheiro para Sabrina.
“-Sim, obrigado.”
Logo Tiago saiu e continuamos nossa rotina no cosultório.

Narrador PoV:
Emily acabara de tirar as medidas de Arthur e ele estava voltando para casa quando foi abordado por Carlinhos:
“-Cara, nem acredito que tu tá indo estudar fora. Isso é demais!”-Carlos falou admirado.
“-Por que tu não vem comigo estudar fora, Carlinhos? Eu consegui uma bolsa de estudos e tu pode conseguir também.”-Arthur disse.
“-Eu não sei, Tutu...não tenho as notas tão boas como as tuas.”
“-Isso não importa se tu for bem nas provas. Poderíamos ficar na mesma pensão e sermos vizinhos de quarto.”-Arthur falou animado.
“-Eu não sei... eu meio que tenho vontade de ficar aqui, sabe? Vou sentir tua falta.”-Eles sentaram num banquinho próximo ao armazém do sr. Jeff.
“-Tu vai lá me visitar? Eu vou vir muitas vezes pra cá.”
“-Aposto que não. Tu vai fazer amigos novos, conhecer pessoas interessantes e um monte de coisas novas...não vai mais se interessar por uma cidadezinha de interior.”-Carlos falou melancólico.
“-Isso não é nenhum pouco verdade. Tu vai continuar sendo meu melhor amigo.”-Arthur abraçou o amigo de lado e deu tapinhas nas costas dele.
“-Não se atreva a esquecer da gente aqui do interior.”-Carlinhos falou num tom divertido fazendo Arthur dar risada.
“-E tu? O que pretende fazer ficando aqui na cidade?”
“-Acho que vou trabalhar com meu pai, sabe, como sapateiro. E quero arranjar uma boa moça pra me casar. Quero ter muitos filhos. Uma casa cheia de crianças.”-Carlos falava esperançoso.
“-Me parece um bom plano.”-Arthur disse sorrindo.
Eles conversavam sobre assuntos aleatórios quando Gabrielle passou por eles, carregando um saco de grãos que suas mães enviaram para que ela negociasse com o dono do mercado:
“-Oi, Carlos. Oi, Arthur.”- Ela cumprimentou os rapazes com um sorriso largo em seu rosto e logo entrou no mercado.
“-Oi, Gabi!”-Os dois responderam juntos.
“-Cara, a Gabi é muito linda! Se ela me desse bola, eu casava.”-Carlos falou com seu rosto corado.
“-Ela é muito linda mesmo.”-Arthur suspirou.
“-Mas agora, me conta uma coisa:”-Carlos puxou Arthur pela camisa para que seus rostos ficassem próximos. “-Até onde tu já foi com a Gabrielle?”-Carlos falou sussurando.
“-Como assim até onde nós fomos?”-Arthur perguntou confuso.
“-Ah, cara, tu sabe...uns beijinhos, uma mão boba aqui, outra ali...até onde vocês já foram?”-Carlos perguntou baixinho.
“-O que é isso, Carlos! Eu tenho o maior respeito por Gabrielle! E além do mais, ela não me vê desse jeito. Somos amigos.”-Arthur fitou o chão, pensativo. “-E também, ela deve ter um namorado. Deve querer um homem mais velho do que eu.”-Arthur falou cabisbaixo.
“-Ah, pára com isso, Arthur. Eu já vi o jeito que ela te olha. Ela te devora com os olhos. E a diferença entre vocês nem chega à três anos. Duvido que vocês nunca fizeram uma ousadia.”-Carlos falou divertido.
“-Tenha mais respeito com as mulheres, Carlinhos. Gabrielle não é mulher pra se ficar com ‘ousadias’. “-Arthur falou sério com seu amigo.
“-Desculpa, Arthur, não foi minha intenção ofender. É que vocês tavam sempre juntos quando tu era mais novo.”-Carlos falou se desculpando.
“-Eu sempre ia lá pra casa dela. Como ela é filha única, era sempre silencioso lá. Eu gosto de silêncio, às vezes. Eu ficava desenhando as flores do quintal dela e ela sentava atrás de mim, trançando meu cabelo. Esses momentos eram muito valiosos pra mim. Mas ano passado ela meio que se afastou. Toda vez que eu ia lá pra Corre Ventos, ela nunca estava e como eu estava focado nos estudos, o ano passou e a vi só umas três vezes, ao todo. Nós estamos caminhando em direções opostas...enfim, acho que é a vida, né?”
“-Ela te deixava dormir na casa dela, plantava flores pra ti desenhar e trançava teu cabelo?”-Carlos perguntou intrigado.
“-Sim.”
“-E tu ainda acha que ela não te quer? Arthur, tu é lerdo.”-Carlos terminou sua frase soltando uma gargalhada. Arthur riu junto com ele.
Eles se despediram pois a noite já estava chegando e Arthur ainda precisava organizar o que levaria em sua bagagem.
Dra. Caetano já estava em casa e separava alguns livros para ele levar:

Ana Clara’s PoV:
“-Aqui, filho, tenho esse livro de Cálculo que era da biblioteca do teu avô. Já coloca na tua mala. E leva essa foto nossa também, pra tu não sentir tanta saudades.”-Entreguei uma de nossas fotos de casamento.
“-É lógico que vou sentir saudades, mãe. Mas aceito levar a foto de vocês.”-Ele guardou com cuidado em sua mala.
“-Qualquer hora a gente precisa tirar uma foto de família. Só temos uma de quando vocês eram pequenos.”
“-É..temos sim...”-Ele falou pensativo.
“-Algum problema, Arthur? Tô te achando meio abatido. Tu tá nervoso?”- Arthur assentiu com a cabeça. “-Eu entendo, filho, também me senti assim. Eu só pensava se estaria bem preparada e se conseguiria continuar.”
“-Não é isso...digo, eu sei que vou ter que trabalhar muito duro nos estudos...é que...e se eu quiser casar e ter uma família?”
“-É claro que tu pode casar, Arthur. Muitas pessoas estudam e se casam depois de concluir os estudos, como eu, por exemplo.”
“-Isso eu entendo, mãe. Mas se a pessoa não puder me esperar e se casar com outro?”-Arthur falava nervoso.
“-Meu filho, tu quer me contar alguma coisa? Tu tá namorando alguém?”- Perguntei desconfiada.
“-Não, mãe...eu não tenho ninguém...acho que só tô nervoso...”
“-Tu quer desistir, Arthur?”
“-Não. Eu não vou desistir.”-Ele falou decidido. Peguei nos ombros de seu filho e o fiz olhar para mim.
“-Filho, tu vai ser um engenheiro, marido e pai. Vai ajudar as pessoas e terá tua família, eu prometo.”-Tranquilizei meu rapaz, abraçando-o.
“-Gente, vamos jantar que Maria já colocou a mesa. Mas antes eu também quero participar desse abraço.”-Vitória chegou nos envolvendo em seus braços.
O jantar correu tranquilamente. Arthur estava um pouco mais calmo mas esse nervosismo é natural.
Nós estávamos conversando à mesa e tomávamos nosso chá após a refeição, quando alguém bateu à porta:
“-Quem será essa hora?”-Vitória levantou e foi abrir a porta.
“-Boa noite, pessoal. Descupem incomodar essa hora.”-Era Zeca, um senhor humilde que trabalhava como carpinteiro.
“-Zeca, entre. Sente-se e tome um chá conosco.”-Convidei.
“-Obrigado, Dra. Caetano, a senhora é muito gentil. Mas eu vim por causa do meu neto. Ele caiu do telhado do celeiro. É um menino muito levado, a senhora sabe como são os garotos. Ele está bem, mas acho que vai ter que levar alguns pontos por que cortou um pouco o rosto. ”-Ele falava torcendo a aba de seu chapéu em suas mãos.
Me levantei procurando minha maleta mas Vitória já havia pegado e me alcançou.
“-Não devo demorar.”-Deixei um beijo em cada um e fui com Zeca até sua casa.
Chegamos em sua casa e Léo, seu neto, estava deitado com o rosto coberto por bandagens:
“-Oi, Léo, eu soube que tu andou aprontando né, menino. Eu vou tirar essas bandagens pra dar uma olhada.”-Peguei minha tesoura cirúrgica e fui cortando as bandagens com cuidado. Ele gemeu de dor em alguns momentos quando eu retirei a bandagem que estava grudada no sangue. “-Tu é um rapaz muito corajoso, Léo. Há um corte profundo desde a bochecha até a orelha. Vai precisar de vários pontos.”-Falei para Zeca.
Seria um trabalho delicado e demorado. Como era no rosto do menino, usei uma linha bastante fina e uma agulha menor para que a cicatriz ficasse imperceptível. Demorou bem mais que o esperado mas o resultado ficou excelente e, com o tempo, não ficaria nem a marca.
Zeca me deixou em casa passando de duas horas da manhã. Entrei em silêncio para não acordar a casa toda. Cheguei em nosso quarto e Vitória ainda me esperava acordada:
“-Demorou, Ninha.”-Ela falou recostando-se na cama. Suspirei de cansaço e troquei minha roupa, vestindo a camisola.
Deitei-me ao lado dela e fiquei olhando para o teto.
“-Que foi, Ana? Algo errado?”
“-Tenho pensado nisso já faz algum tempo, Vi...”.
“-Pensado sobre o que?”
“-Eu me apeguei numa fé cega de que eu conseguiria ter tudo. Conseguiria dar conta do trabalho, de criar nossos filhos e de cuidar de ti. Mas eu tô cansada, Vi. Eu não consigo fazer tudo. Olha pro Arthur, parece que foi ontem que eu ajudava ele com a ortografia e com as redações. Eu só pisquei e ele tá indo pra faculdade. Eu mal vi esse menino crescer. Não quero cometer os mesmos erros com Maria.”-Desabafei.
“-Ninha, o que tu tá querendo dizer?”
“-Eu tô dizendo... que estou pensando em deixar minha clínica pra Sabrina.”
“-Ana, tu tem certeza? Quem sabe tu diminui o ritmo ao invés de parar?”-Ela amenizou.
“-Arthur tá preocupado em ir estudar e não conseguir formar sua própria família. Fiquei pensando se eu não tenho uma parcela de culpa sobre a insegurança dele. Eu não consegui ser tão presente pra ele e pra Agnes ...”-Falei e Vitória fechou a cara.
“-Eu não quero mais que tu diga essas coisas, Ana Clara. Tu cuida muito bem da gente, sempre cuidou. Quando eu tava paralítica numa cama, foi tu que carregou, por meses, nossa família nas costas. Quando Agnes quis ir embora, tu nunca desistiu dela. Tu nunca desistiu da gente. Então, Ana Clara Caetano Falcão, nunca mais quero te ouvir dizendo que não foi bom exemplo pros nossos filhos. Tu nunca errou.”-Vitória falava com raiva, segurando meus pulsos com força e uma lágrima escorria de seus olhos.
“-Desculpa, Vi. Não chora...eu acho que tô melancólica pela partida de Arthur...desculpa.”-Deixei beijinhos no seu rosto. Ela acomodou-se na cama e me deitei, abraçando-a. Continuei: ”-Amanhã vou falar com Sabrina e fazer uma proposta pra aumentar os dias dela de consulta e eu vou tentar diminuir os meus, tá?”-Falei, apaziguando nossos ânimos. Ela assentiu com a cabeça e deu um beijo em minha testa. Logo em seguida, adormecemos.
No outro dia, cedo, fui para minha clínica disposta a conversar com Sabrina. Cheguei e ela já estava manipulando alguns medicamentos:
“-Bom dia, Dra. Caetano. Não trouxe Maria hoje?”-Ela perguntou.
“-Bom dia. Hoje deixei Maria com Arthur e Vitória. Ela tá mais agarrada com o irmão do que nunca.”-Vesti meu avental e cheguei próximo à ela. “-Sabe, Sabrina, tem uma coisa que eu queria discutir contigo.”
“-Claro, pode falar.”-Ela parou o que estava fazendo e prestou atenção em mim.
“-Eu...tô pensando em fazer umas mudanças...”
“-Mudanças?”
“-Sim, eu não virei mais todos os dias e ficarei apenas atendendo por algumas horas nos dias que eu vier. Tu poderia atender nas horas que eu não estiver aqui?”-Falei de uma vez.
“-Claro, doutora. É apenas essa semana ou...?”
“-Nessa semana sim e depois...”-Fomos interrompidas por Tiago entrando apressado e com o rosto mais inchado que antes.
“-Vejam isso. Eu mal consigo abrir os olhos. Meu rosto está completamente inchado, meu nariz parece um rio que não pára de escorrer, não paro mais de espirrar e não consigo respirar direito.”-Ele realmente estava muito pior que antes.
“-Tomou a Belladonna que te dei?”-Sabrina perguntou.
“-Tomei. E fumei aquelas folhas como tu me orientou, mas não funcionou. Eu estou pior”-Ele olhou pra mim conseguindo abrir apenas um de seus olhos.
“-Poderíamos tentar stricnina mas precisaríamos ter cuidado...”-Sabrina falava olhando para mim como se pedisse uma opinião.
“-Eu tenho uma coisa que vai ajudar.”- Me dirigi até a estante dos medicamentos e peguei um pacote de folhas secas.
“-E o que é?”-Tiago disse e espirrou.
“-Urtigas. Tu faz um chá com elas e bebe de hora em hora. Vai ter um alívio imediato.”-Separei algumas folhas e embalei para ele levar.
“-Urtigas? Iguais as que minha mãe planta?”-Sabrina perguntou confusa.
“-Sim. Foi lá da tua casa que eu peguei essas.”-Respondi e entreguei o pacotinho à Tiago.
“-Obrigado. Tento qualquer coisa que me ajude a respirar.”-Ele pagou pelo remédio e saiu apressado.
Esperei Tiago ir embora e puxei Sabrina para sentar-se comigo:
“-Sabrina, é importante que tu não perca tuas origens. Tu foi pra Universidade, te formou, aprendeu medicina mas a medicina não é só o que se aprende na escola. Aqui eu aprendi muita coisa com Nayara e vou te passar esse conhecimento pra que continue vivo, honrando a memória das Chayenne.”
“-Entendi, Tia Ana. Vou aprender tudo que a senhora quiser me ensinar. E vocês tem notícias de Nayara?”
“-Sim. Ela está escondida nas montanhas. Vitória vai visitá-la três vezes por semana para levar alguns mantimentos e para mantê-la informada sobre Nahoa.”-Falei sussurando para não correr o risco de alguém de fora me escutar.
“-E quando vamos começar nossa aula sobre os remédios naturais?”-Ela perguntou animada.
“-Próximo final de semana, depois que Arthur partir, vou passar um tempo contigo em Corre-Ventos e vou te ensinar tudo o que eu sei.”-Falei e ela abriu um largo sorriso.
...
Dois dias se passaram desde que atendi Tiago. Sabrina disse que atenderia o resto dos dias da semana para que eu ficasse mais um tempo com Arthur, antes de ele viajar.
Estávamos no quintal de casa, Maria, Arthur e eu plantando algumas hortaliças e Tiago chegou à cavalo:
“-Oi, Ana Clara. Oi, crianças.”-Ele nos cumprimentou.
“-Oi, Tiago. Vejo que tu já tá bem melhor.”
“-É. Aquele remédio índio funcionou. Depois de dois dias eu consegui respirar de novo.”-Ele inspirou forte enchendo seus pulmões de ar.
“-Isso é ótimo mas tu veio aqui só pra me dizer isso?”
“-É que eu..tava passando aqui por perto...sabe, e eu não conseguia nem montar no cavalo sem cair. Respirar é uma dessas coisas que só se dá valor quando fica sem. Eu agradeço muito o que tu fez por mim.”
“-Que bom que eu pude ajudar.”
“-Tu foi a única que conseguiu.”-Ele falou gentil e continuou: ”-Eu...ouvi dizer que tu vai trabalhar menos.”
“-Sim, é verdade. Vou me dedicar mais à minha família.”
“-Eu tava pensando que se tu quiser levar Maria para clínica, minhas garotas podem cuidar dela quando o movimento estiver fraco.”
“-É muita gentileza tua. Na verdade, tu nunca foi tão gentil assim comigo, Tiago. Obrigada por oferecer ajuda.”- De fato, depois que sua avó veio lhe visitar, Tiago mudou drásticamente.
“-Bom, um homem pode querer melhorar, não é?”-Ele falou e soltou uma risada.
“-Claro, Tiago, todos merecem uma segunda chance.”
“-Bom, eu vou indo. O pessoal da vila vai sentir tua falta.”-Ele montou em seu cavalo e saiu galopando.
A tarde já estava se despedindo e a noite vinha chegando. Arthur partiria amanhã.
Entramos e fomos até o quarto de meu filho, guardar em sua mala os ternos e as calças que Emily fizera e conferir se ele não esquecera de nada.
“-Filho, tu vai levar essa camisa? Tá pequena pra ti.”-Mostrei pra ele a peça de roupa.
“-Vou levar. Eu gosto de dormir com ela.”-Falou olhando pela janela.
“-O que foi, filho?”
“-Tive dor de estômago noite passada. Não consegui dormir direito. Ele tem doído à cada dia conforme a sexta-feira se aproxima. Como eu posso ir se tudo que eu amo está aqui? Eu sinto que tudo vai ser diferente depois que eu partir.”- Ele disse sentando-se na cama, próximo à mim.
“-Sei o que quer dizer.”-Falei afagando os cabelos de meu filho.
“-Mas eu quero tanto ir! Mas...”
“-Tu tá com medo. Isso é por que tu vai rumo ao desconhecido.”-Levantei-me e fui até sua cômoda pegar a escova de cabelos: “-O desconhecido também pode ser uma grande aventura. Se seguir teu coração e confiar.”-Falei escovando seus cabelos.
“-Nada mais será como antes.”-Ele falou com os olhos tristes.
“-É verdade. Nada será como antes. Tudo muda mas mudanças podem ser boas.”-Continuei escovando seus cabelos.
“-Eu lembro da primeira vez que tu escovou meu cabelo. Foi quando vocês nos trouxeram pra casa. Eu tava tão assustado e tu me deu tanto amor que eu ficava me perguntando se vocês eram de verdade ou eram um sonho.”-Ele levantou-se da cama e me abraçou com força dizendo: “-Mãe, eu te amo tanto!”-Suas lágrimas escorriam pelo meu ombro.
“-Eu te amo, meu menino, muito, muito, muito. Fique tranquilo. Tudo vai ficar bem.”-Beijei seu rosto e enxuguei suas lágrimas.
Já estava quase na hora do jantar e Vitória ainda não havia chegado. Deixei Arthur descansando e fui para cozinha começar a janta.

Narrador PoV:
Arthur estava deitado em sua cama, olhando para o teto e pensando que nada mais seria como antes. Amanhã ele partiria em busca de seu sonho. Ficou pensando nas pessoas que ele conheceria e se faria amigos rapidamente.Tudo era novo, excitante ao mesmo tempo, lhe deixava aterrorizado.
Ele estava perdido em seus pensamentos quando escutou barulhos, de como se estivessem arremessando pedrinhas, em sua janela. Arthur abriu o vidro e ficou observando seu quintal que estava iluminado pela luz da lua. Ele estreitou os olhos e percebeu uma silhueta feminina, a qual ele conhecia bem. Ele rapidamente pulou a janela, indo ao encontro da moça:
“-Oi, Gabi. Tu quer entrar? Tá meio frio aqui fora. Vem jantar com a gente.”-Ele falou esfregando os braços para se aquecer.
“-Não vou demorar, Arthur. Só vim te desejar boa viagem.”-Ela falou se aproximando dele.
“-Que bom que tu veio. Eu ia ficar triste se não pudesse me despedir de ti.”-Ele falou tentando parecer alegre.
“-Tu sempre foi diferente, Tutu. Tu é grande demais pra essa cidade.”-A amazona colocou sua mão no rosto do rapaz, acariciando-o. “-Promete que não vai me esquecer?”-Ela perguntou receosa.
“-Jamais vou te esquecer, Gabi.”-Ele pegou a mão da garota, beijando-a.
“-Aqui, eu fiz uma coisa pra ti.”-Ela remexeu em sua pequena bolsa, tirando um pacote.”-Abre.”
“-São tintas?”-Ele perguntou animado.
“-Sim, eu mesma fiz. Consegui fazer um azul da cor do nosso céu. Sei que o teu curso não tem muito a ver, mas sei que tu gosta de pintar quando está nervoso.”
“- Eu nunca consegui um azul que reproduzisse o nosso céu. Todas as cores são lindas. Obrigado, Gabi, vou usar todas!”-Ele disse admirando os olhos da amazona.
“-Gostou?”-Ela disse aproximando-se mais dele.
“-É linda...quero dizer..são.. são lindas...as cor...”-Ele foi interrompido pelos lábios da amazona que invadiram os seus num beijo urgente e errático.
Arthur não sabia bem o que fazer então deixou que Gabrielle o guiasse. Com cuidado para não derrubar suas tintas, ele abraçou a cintura da amazona trazendo-a mais para perto de seu corpo. O beijo ficou sincronizado e um calor subiu pelo corpo do rapaz que não sabia o que estava acontecendo, porém estava gostando muito. Gabrielle foi parando o beijo aos poucos:
“-Agora mesmo que não vou embora.”-Ele disse sorrindo contra os lábios dela.
“-Promete que vai voltar pra mim?”-Gabrielle suplicou.
“-Prometo.”
“-Juradinho de dedinho?”-Ela ergueu seu dedo mindinho e ele entrelaçou-o com o seu.
“-Juradinho de dedinho”-Era o que eles faziam quando pequenos para encobrirem suas travessuras. Eles foram interrompidos por um barulho de galope. Gabrielle puxou Arthur rapidamente para que se escondessem antes que Vitória os vissem.
“-Eu preciso ir, Arthur, daqui á pouco tuas mães vão dar por tua falta.”-Gabrielle disse assim que viu Vitória entrar pela porta.
“-Quando eu voltar, eu vou falar com a tia Bárbara e a tia Flávia. Eu quero te namorar direito. Não quero fazer nada escondido. Tu vai me esperar?”-Ele perguntou e ela selou seus lábios novamente, num beijo, agora, ritimado e harmonioso.
“-Te espero o tempo que for.”-Ela beijou-o mais uma vez antes de montar em seu cavalo e voltar para Corre-Ventos.
No outro dia cedo, na estação de trem a família toda se despedia de seu filho pródigo. A primeira a se despedir, foi Agnes:
“-Mano, Westfolk é um lugar grande. Tem muita gente estranha lá.”-Agnes falava nervosa.
“-Eu sei, mana.”-Ele respondia divertindo-se com a preocupação de sua irmã.
“-O que eu quero dizer é que se tu precisar de alguma coisa, qualquer coisa, me telegrafe que irei, no primeiro trem, pra te buscar.”-Ela disse abraçando seu irmão.
“-Obrigado, mana. Tu é a melhor irmã do mundo. Obrigado por cuidar sempre de mim.”-Ele beijou a testa de sua irmã que estava aos prantos.
Ele direcionou-se à sua irmã menor:
“-Maria, lembre-se de escovar bem os dentes e obedecer nossas mães. Cuide bem delas enquanto eu estiver fora, tá bom? Eu volto logo. Jamais te deixarei.”-Maria apenas concordava com a cabeça, escondendo seu rosto entre suas mãos para que seu irmão não a visse chorando mas mesmo assim, abraçou seu irmãozão.
Ele foi até Vitória que chorava compulsivamente:
“-E vê se vem nos visitar. Se tu não vier, eu vou lá te buscar.”-Ela abraçou seu filho, deixando muitos beijos em seu rosto.
Ele enxugou as lágrimas e foi até a Dra. Caetano:
“-Tome. Isso é pra ti.”-Dra. Caetano deu ao rapaz uma caixinha comprida.
“-O que é, mãe?”
“-Abre.”
“-Uma caneta tinteiro! Que linda!”-Arthur olhava admirando a caneta dourada que ganhara de sua mãe.
“-Eu ganhei do teu avô quando entrei na Universidade. Agora ela é tua. Nós todos estamos orgulhosos de ti, filho.”-Ela abraçou seu menino e lhe abençoou, fazendo o sinal da cruz na testa dele.
“-Obrigado por tudo! Eu amo muito vocês.”-O apito do trem anunciava que partiriam em breve mas antes, uma voz gritando seu nome, chamou-lhe a atenção:
“-Arthur!”-Gabrielle gritou chegando em seu cavalo que corria como o vento.
“-Gabi!”-Ele sentiu o corpo da jovem índia chocar-se contra o seu e ela tomou-lhe os lábios em um doce beijo de despedida. Mas não seria uma despedida, seria um até logo.
“-Boa viagem.”-Ela disse e ele correu para pegar o trem que já estava saindo da estação, vagarosamente.
Elas ficaram ali vendo o trem sumir no horizonte.
Gabrielle suspirou e sentiu duas mãos em seus ombros. Virou-se e viu Ana e Vitória que lhe olhavam com o semblante fechado. Olhou para o lado e viu Agnes e Maria com os braços cruzados em frente ao peito, lhe observando com olhos de julgamento.
“-Gabi, vamos ali em casa ter uma conversa.”-Dra. Caetano falou e a amazona sentiu que seria um longo dia.


No próximo capítulo de Dra. Caetano: O cansaço pode nos levar a cometermos erros? A morte de um bebê ameaça a carreira e a licença médica da Dra. Caetano, levando-a à julgamento.
Não perca as emoções finais de Dra. Caetano, no capítulo ‘Negligência’.

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