capítulo trinta e quatro;

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D A P H N E

Je te laisserai des mots soava nos meus fones de ouvido enquanto eu brincava com a água da piscina, tocando-a com a ponta dos meus dedos e provocando ondinhas. O dia havia ido de ladeira abaixo considerando que fiquei pensando demais sobre a conversa que tive com Daniel e não tive nada pra me ocupar. Eu tinha um hábito não muito bom de escolher músicas deprimentes quando eu me sentia meio pra baixo e, obviamente, como consequência, eu me sentia mais triste ainda.

Queria ser do tipo que conseguia chegar em alguém e desabafar, porque isso está literalmente me comendo por dentro, mas não sou esse tipo de pessoa. O Daniel era a pessoa com quem eu estava conseguindo me abrir mais, ele fazia parecer fácil.

As meninas também eram legais o suficiente para que eu tentasse, mas Bárbara e Carolina são melhores amigas, quase irmãs, e chegar nelas pra contar coisas mais pessoais fazia eu sentir que estava tentando me enfiar no meio das duas com os meus problemas; era estranho. Foi como quando elas me perguntaram sobre a noite da festa, quando Bak quis saber sobre o meu ex e eu contei vagamente que ele esteve lá e o garoto me ajudou a expulsá-lo. Já Milena... Pra desabafar ela era carta totalmente fora do baralho, não conversávamos quando as meninas não estavam a nossa volta sem ser o básico.

Às vezes eu observava a amizade da Babi e da Voltan e sentia inveja; eu queria poder ter o que elas tinham. Alguém pra confiar de olhos fechados, pra confidenciar segredos e compartilhar momentos bons. E eu quase consegui, dessa vez, com Daniel, mas parece que nunca estava destinado a ser. Talvez eu devesse simplesmente aceitar isso.

—— Problemas no paraíso? —— Eu me assustei quando um corpo parou atrás de mim, fazendo sombra na água da piscina.

Olhei para cima pra ver Gabriel com uma mochila pendurada no ombro, a sobrancelha arqueada. Em segundos o meu perímetro se preencheu com o seu cheiro característico de loção masculina e perfume.

Eu não o via desde a manhã em que nos soltaram. Soube pelas meninas que ele havia passado o fim de semana em casa.

—— Está mais pra inferno —— respondi, vendo ele levantar a outra sobrancelha, parecendo levemente curioso com a minha declaração mas decidindo se calar.

Quando ele virou o rosto para observar a piscina, eu notei que seu cabelo parecia um pouco diferente. Ele havia cortado um pouco e também fez um risco na lateral do mesmo. O maxilar dele contraiu quando ele engoliu, fazendo seu pomo de Adão subir e descer. Eu desviei o olhar antes que começasse a pensar no quão atraente aquilo foi.

Me surpreendendo, Gabriel colocou a mochila no chão e se sentou ao meu lado, a uma distância considerável de pouco menos de um metro, levando os joelhos para perto do tronco e envolvendo as pernas com os braços.

Eu o encarei em confusão explícita, sentindo o vento daquela noite esfriar minhas bochechas.

—— Por que está sozinha? —— ele questionou, contemplando o jardim.

Encolhi os ombros, não sabendo o que responder.

—— Isso quer dizer que tenho um adversário pra ter espaço na piscina? —— ele prosseguiu, olhando divertidamente pra mim por uma fração de segundos. —— Eu gosto de vir pra cá de noite porque sei que não tem ninguém. É silencioso e o céu fica limpo, dá pra ver boa parte das estrelas.

Eu levantei o rosto para confirmar que era verdade o que ele disse. O céu de noite ficava bastante estrelado e talvez fosse possível identificar constelações, isso se eu conhecesse alguma.

Secrets (loud bak)Onde histórias criam vida. Descubra agora