capítulo vinte e oito;

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D A P H N E

Não.

Não.

Não.

Não.

—— Gabriel! —— eu chamei, sacudindo as nossas mãos com o intuito de acordá-lo. O garoto mal se mexeu, apenas franzindo as sobrancelhas suavemente.

Eu olhei em volta, sentindo uma pontada horrível se concentrar na minha têmpora. Gemi, fechando os olhos com força como se aquilo fosse amenizar a dor e então voltando a sacudi-lo, mais forte desta vez.

O que tinha acontecido na noite passada? O quanto eu tinha bebido para minha própria sanidade?

Muito. Mais do que uma pessoa que não é acostumada com álcool deveria.

Em uma fracção de segundos eu tive um flash de mim dançando em cima de uma mesa (?) enquanto ouvia a galera comemorando.

Oh, não.

—— Porra... —— Finalmente ouvi o murmúrio ao meu lado; ele estava despertando.

Gabriel tombou a cabeça pro meu lado, soltando uma lufada de ar enquanto levava a mão disponível pra ponta do nariz, apertando-o e parecendo sentir muita dor.

Ele abriu completamente as pálpebras, dando de cara com a minha face. O rosto dele se converteu em um ponto de interrogação, mas antes que abrisse a boca os olhos dele caíram para as nossas mãos. Teria sido engraçado se eu não estivesse desesperada: ele fitou nossas mãos, fitou meu rosto, e depois nossas mãos de novo.

—— Que merda é essa aqui? —— Sua voz saiu mais rouca e arrastada do que eu estava acostumada.

Gabriel arrastou a coluna até que estivesse um pouco mais confortável e gemeu, fechando os olhos.

—— Não sei —— balbuciei. —— Eu acordei e... a gente já estava assim.

Ele ficou tanto tempo sem responder que eu achei que tinha voltado a dormir. Ainda de olhos fechados, murmurou:

—— Caralho, minha cabeça vai explodir. —— Ele pareceu se esquecer que tinha a mão algemada a minha e tentou levá-la até a cabeça, me fazendo inclinar em sua direção.

—— Pare de mexer a mão, você está me machucando! —— reclamei.

Gabriel fechou os olhos, respirando fundo como se procurasse algum resquício de paciência.

—— Não estou acreditando nisso —— murmurou. —— Eu vou matá-lo.

—— Matar quem?

—— Quem mais você acha que pôde ter feito isso?

—— Não sei, não sou advinha.

Ele olhou para mim, parecendo intrigado. Provavelmente não esperava minha resposta seca ou achava que era o único que podia ser daquela forma, mas meu humor não estava o melhor quando eu tinha passado trinta minutos algemada a ele e sentindo a minha bexiga cheia.

Secrets (loud bak)Onde histórias criam vida. Descubra agora