Gabriel
Horas atrás
Eu deixei Daphne no quarto e sequer olhei para trás.
Eu queria resolver as coisas, eu iria resolver as coisas, mas minha mãe era prioridade. Sempre foi.
Meu peito disparava a mil por hora, claramente mais acelerado que o carro enquanto eu ia pro hospital. Pensar nas possibilidades que fizeram com que eu recebesse a ligação resultavam em um velocímetro estourado e num estômago revirado.
Ela está bem, eu repetia a cada curva, me convencendo de algo que a mulher se recusou a confirmar.
Puta que pariu.
O pneu cantou no asfalto quando travei, descendo do carro e correndo pelo estacionamento molhado enquanto ativava o alarme.
Minhas pernas doíam enquanto eu pulava os degraus subindo para o andar que ela estava, já que a merda do elevador não chegava.
À frente da porta dela uma enfermeira e o médico conversavam.
— O que aconteceu? — perguntei quando me aproximei, percebendo o olhar deles no meu traje encharcado. Que se dane, pensar em um guarda-chuva era a menor das minhas preocupações. Bufei quando continuaram me encarando. — Só me fale o que houve. Minha mãe está bem?
Ele fez um gesto para a mulher, que se retirou após me cumprimentar silenciosamente.
— Ela estava se queixando de uma forte dor no peito e no estômago — explicou. — Demos analgésicos, ela adormeceu. Acontece que... durante esse tempo ela teve uma parada cardíaca. — Meu sangue gelou. — Conseguimos trazê-la de volta — ele acrescentou quando provavelmente viu a minha expressão. — Isso foi há duas horas. Ela acordou novamente há menos de vinte minutos e pediu para vê-lo.
Soltei o ar denso em meus pulmões.
— Uma parada cardíaca? Isso é normal?
O médico encarou a prancheta em suas mãos.
— É um cirurgia complicada, eu disse desde o começo.
Sacudi a cabeça, não percebendo quando meus pés começaram a andar de um lado para o outro.
— Ela estava bem — recordei, conseguindo finalmente travar minhas pernas inquietas. — Ela está bem. Eu estive aqui algumas horas atrás e ela... ela estava bem.
— Eu entendo como se sente...
— Não, você não entende! Sabe o que eu tive de fazer pra que ela esteja aqui? Recebendo essa merda de tratamento? Fazendo essa cirurgia? — questionei, suspirando ao ver seu olhar confuso. — Ela vai ficar bem?
— O corpo dela está lutando pra tal. Ela está lutando pra isso.
— E o que isso quer dizer?
— Quer dizer que já fizemos tudo o que estava ao nosso alcance. Agora precisamos esperar pra ver como ela vai reagir a cirurgia.
A pergunta estava entalada em minha garganta.
Eu sabia que teria de fazê-la, mas dizer tornaria tudo aquilo real, palpável, e eu não queria. Não queria que aquela fosse uma possibilidade; ela estava bem até horas atrás.
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Secrets (loud bak)
FanfictionGabriel é um jogador famoso no cenário do Free Fire. Jovem, e de temperamento forte, repele a maioria das pessoas ao seu redor. A chegada de uma nova integrante na guilda se torna para ele uma oportunidade de ajudar sua família, no entanto, as cois...