Secrets (loud bak)

capítulo quatorze;

D A P H N E

—— As fotos saíram bem legais, eu edito e coloco no feed ainda hoje —— Jesus disse enquanto a gente saía do estúdio, clicando nos botões da sua câmera fotográfica.

Eram provavelmente duas da tarde e tínhamos acabado de gravar um vídeo pro canal —— o meu primeiro vídeo oficial. Quase todo mundo apareceu, menos o Arthur, que surgiu inesperadamente antes do tempo e não estava escalado pro vídeo.

—— Essa. —— Carolina apontou para a tela quando curvamos o pequeno corredor e entramos na sala de estar. —— Você precisa colocar essa Jesus, o meu cabelo está maravilhoso.

—— Mas você é uma velha folgada mesmo, viu —— Bárbara reclamou, aproximando-se para observar a foto. —— Credo! Ele não vai colocar essa não! Olha como meu rosto está horrível nesse ângulo!

Elas estavam opinando sobre quais fotos eram melhores desde que acabamos a sessão de fotos, e isso tinha uns trinta minutos. Todo mundo se dispersou mais rápido do que eu pude perceber, deixando apenas nós três analisando o resultado.

Aquilo me deixou um pouco surpresa, porque eu achei que depois das gravações eles meio que sei lá... ficassem jogando conversa fora?

Mas mal terminamos as fotos cada um seguiu um caminho diferente para fora do cômodo, e eu percebi que eles tratavam aquilo como um trabalho mesmo, onde quando termina o expediente você não quer ficar nem mais um segundo.

E conversa vai, conversa vem, eu descobri que o Jesus não morava na mansão. Algumas vezes (quando havia muita coisa pra fazer) ele passava uns dias dormindo aqui. Tirando essas ocasiões ele vinha trabalhar e voltava pra casa.

—— Ok, meninas. Se fosse por vocês eu não postaria nenhuma —— ele brincou quando chegamos a outra sala, essa que era a mais usada por todos por ser perto da cozinha e levar diretamente ao andar de cima, onde estavam os quartos. —— Vou me trancar no meu espaço especial. Qualquer coisa já sabem, é só bater.

E com "espaço especial" ele queria dizer sua sala sofisticada, mobiliada com equipamentos de filmagem e coisas tecnológicas que eu nunca tinha visto na vida. O cômodo grita modernidade.

Paradas no meio da sala, nós observamos o moreno de cabelos que chegavam até aos ombros subir as escadas, deixando para trás a áurea calma que sempre existia quando ele estava ao redor.

—— Caramba! Eu podia comer um boi vivo agora de tanta fome que tenho! —— Bárbara gemeu, colocando a mão sobre a barriga e inclinando a cabeça para trás, dramaticamente.

—— Eu bem falei pra você que devia tomar o pequeno almoço antes, mas não... Nunca me ouve! —— Carolina acusou, levantando as sobrancelhas.

Bárbara bufou.

—— Eu não estava com fome naquela altura —— ela enfatizou. —— Deixei meu celular carregando no quarto. Vou pegar e pedir algo no iFood —— ela avisou, girando os calcanhares e começando a subir o lance de escadas. —— Pizza de novo? —— perguntou, olhando sobre o ombro esquerdo.

—— Pode ser —— concordamos.

Carolina começou a andar.

—— Vocês sempre pedem algo pelo iFood? —— questionei em seu encalço, percebendo que estávamos indo em direção à cozinha.