capítulo cinquenta e seis;

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G A B R I E L

Minha mãe tinha entrado na sala de cirurgia fazia duas horas, trinta e dois minutos e três segundos, mas para mim parecia uma eternidade.

Minha bunda provavelmente já estava quadrada por causa do desconforto que aquele banco me causava, e meu humor não melhorou após ter tentado conversar com Daphne. Não sei por que achei que era uma boa ideia fazer isso nesse momento, mas eu precisava pensar em outra coisa que não fosse a demora.

Ela ficou offline e eu migrei para outras redes sociais, me aborrecendo rapidamente. Bufei, puxando os fones de ouvido do meu bolso e conectando eles no meu celular. Dei play em Ghost Stories e apoiei minha nuca na parede atrás de mim, fechando os olhos.

Estava no meio do álbum quando ouvi passos se aproximando.

Abri os olhos para localizar um homem de cabelos grisalhos e jaleco parar a minha frente, segurando uma prancheta.

Eu tirei os fones e me levantei.

— E aí? — perguntei.

— Ela acabou de sair da sala de cirurgia — Dr. Helmar disse. — Correu tudo bem.

Soltei o ar que nem sabia que estava prendendo em meus pulmões, sentindo meus ombros mais leves. 

Porra.

— Ela já está pronta pra ir? — quis saber, ansioso, e o olhar sério que ele me deu por cima dos óculos fez a minha animação diminuir um pouco.

— Ela vai precisar ficar uns dias em observação. Não muitos, no máximo dois.

Franzi o cenho.

— Pensei que ela poderia ir embora logo após a cirurgia — recordei, pois foi o que ele nos garantiu algumas vezes.

Era uma cirurgia de no máximo três horas e  que não necessitava que ela ficasse internada ou algo parecido. Então... Que porra era aquela agora?

— Sim, é assim na maior parte dos casos — ele disse, voltando a consultar sua prancheta. — A cirurgia correu bem, mas minutos depois os batimentos dela oscilaram um pouco mais do que deveriam. Apesar de podermos mandá-la embora agora, achamos que é melhor mantê-la em observação até termos total certeza de que ela está bem.

Eu assenti, tendo uma sensação estranha se apossando do meu peito. Era como se alguém estivesse o apertando no punho. Nunca tinha sentido aquilo, e já de cara, não gostava.

Inspirei devagar, molhando os lábios antes de perguntar cuidadosamente o que eu não queria:

— Mas isso é algo normal... Não é? Tipo... Significa algo ruim ou...?

Ele sacudiu a cabeça, não negando nem afirmando.

— Não necessariamente — disse. — Ela está longe de perigo. Isso é só por segurança.

Um enfermeiro surgiu ao nosso lado de repente (ou eu apenas não prestei atenção nele se aproximando) e trocou algumas palavras com o médico.

— Posso vê-la? — perguntei quando o outro foi embora.

— Neste momento ela está desacordada por causa da anestesia, mas assim que for possível mando uma enfermeira chamá-lo.

Secrets (loud bak)Onde histórias criam vida. Descubra agora