G A B R I E L
Tudo bem.
Eu podia fingir que ela não existia na mansão. Podia evitá-la em todos os cômodos e agir como se sua presença fosse indiferente, mas não podia negar que ela estava gostosa demais naquele vestido hoje.
Meus olhos certamente não estavam preparados quando eu abri a porta do banheiro e a vi com algo diferente dos moletons largos que estava usando sempre. Consegui disfarçar a surpresa, no entanto.
Não era muito difícil distrai-la.
Eu desci as escadas uns minutos depois, não a encontrando em lugar nenhum e cumprimentando algumas pessoas. O local estava um pouco mais cheio do que eu gostaria, e a cada foto que eu tirava com os outros, tendo que colocar um sorriso forçado no rosto e fingir que estava me divertindo, eu sentia vontade de me jogar de uma ponte por saber que eu havia me submetido àquilo.
—— Espere um pouco que vou chamar o Cerol e alguns caras da KOF. Aí cortamos o bolo e você está livre —— PH informou e eu revirei os olhos, indiferente.
Peguei uma taça de champanhe de um garçom que passava e virei aquilo na garganta.
Não fez nem cócegas.
Depois de tirar as tais fotos, jogar conversa fiada por mais um pouco e cortar o maldito bolo, finalmente me vi livre do Playhard e de todas aquelas câmeras. Fui até o bar, pedindo uma cerveja e tomando um susto quando senti dois braços rodeando meu tronco.
Era a loira do banheiro.
Porra, quando eu falei que a encontrava aqui embaixo não estava falando sério. Pensei que ela já soubesse que o nosso assunto estava resolvido assim que a fodi naquela pia.
A dispensei sem ser nem um pouco gentil, vendo ela sumir no povo da pista de dança.
Eu tinha acabado de conversar com uns caras e pedia mais uma bebida ao barman quando uma mão tocou meu ombro:
—— Eu nunca fiquei tão louco assim. —— Since parou do meu lado, sorrindo mais do que o costume para mim. —— Isso aqui está do caralho.
Ergui uma sobrancelha, bebendo um pouco da cerveja.
—— E aí, anão rebolante. Que animação é essa? —— perguntei, vendo ele sorrir mais ainda, se é que era possível. —— Chapou?
Ok. Aquilo era assustador.
—— Na verdade, sim —— afirmou. —— Eu, Dantes e uma galera estamos lá no jardim nos divertindo, se é que você me entende. —— Piscou. —— Você devia ir.
Franzi o cenho.
—— Definitivamente não. —— Forcei uma risada. —— O Dantes está aqui?
—— Você não sabia? —— Since questionou, curioso.
Dei de ombros, sabendo que aquilo era obra do PlayHard. Havia gente que eu sequer conhecia por ali.
—— Tanto faz. Não sabia que você tinha virado maconheiro também —— alfinetei, mudando de assunto.
—— Eu não virei.
Ele pediu um drink e sentou em uma das banquetas.
— Qual é o nome dela mesmo? —— Since perguntou e eu me voltei confuso pra ele. — A que chegou na guilda?
— A Daphne?
— Ela mesma. Ouvi que deu um fora no Strong.
Eu ri, essa imagem se formando em minha mente, mas eu não culpava o cara por ter tentado: ela não estava passando despercebida naquela noite, tanto pelo fato de ser nova aqui quanto pelo fato de estar a puta de uma gostosa.
E porra, só eu sabia o quanto eu socava meu próprio rosto na imaginação por ter de admitir isso sempre que me lembrava daqueles quadris balançando suavemente na medida em que ela ia embora.
Fiquei ali com o Since enquanto ele me contava as coisas que perdi enquanto estava com o pau você sabe onde. E o que aquele anão não tinha de altura, ele tinha de fofoqueiro. Pelo amor de Deus, o cara não calava a boca.
Ele eventualmente foi embora e uma morena ocupou o seu lugar, inclinando o decote pra mim e sorrindo sugestivamente. Retribui o gesto, animado até o momento em que sua boca abriu e a voz aguda atingiu meus ouvidos.
Dei um perdido nela e soltei uma respiração profunda enquanto analisava o ambiente; irritado sem um motivo aparente.
Talvez porque eu não havia fumado faz mais de seis horas.
Com esse pensamento eu caminhei para fora do salão, indo até o meu carro estacionado do outro lado da rua propositadamente. Era certo que no final da noite eu levasse alguma garota pra um motel ou algo assim. Ou talvez até a fodesse no banco de trás.
Desativei o alarme, entrando no veículo e procurando pelo maço. Após tirar uma unidade eu me sentei na poltrona e deixei a porta aberta pro ar passar enquanto acendia o cigarro.
Uns dez minutos devem ter se passado, até que percebesse um movimento diferente no portão dos fundos, um pouco longe de onde os convidados entravam.
Tirei a cabeça do encosto da cadeira e soltei a fumaça, sentindo meus ombros endurecendo quando reconheci o vestido esverdeado em meio à penumbra.
Daphne não estava sozinha, e conversava de uma forma que parecia nada amistosa com um cara um pouco mais alto que ela.
Solto um suspiro, desviando os olhos e tentando ignorar a cena, sabendo mais do que bem que em briga de casal eu não devia meter a colher.
Mas sei que não vou conseguir fazer isso, pois vejo como ele segura seu braço, e de forma involuntária pressiono a ponta do cigarro no cinzeiro ao meu lado; meu corpo criando comandos que eu não quero ter de obedecer no momento.
Eu odiava admitir, mas PlayHard tinha razão: eu não era tão egoísta assim.
Saí do carro e fechei a porta, ativando o alarme.
E era ali que eu tomava o primeiro passo para o que seria a minha ruína, meses depois.
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Secrets (loud bak)
FanfictionGabriel é um jogador famoso no cenário do Free Fire. Jovem, e de temperamento forte, repele a maioria das pessoas ao seu redor. A chegada de uma nova integrante na guilda se torna para ele uma oportunidade de ajudar sua família, no entanto, as cois...