capítulo oitenta e dois;

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Gabriel

Olha só, quem imaginaria! — Daphne disse atrás de mim. — Kasumi tentando roubar meu namorado!

A cadela abanou a cauda, se debruçando sobre minhas pernas para receber mais carinho.

Eu ri, me levantando.

— Isso nunca vai acontecer — garanti e envolvi sua cintura, beijando o biquinho que ela fez com os lábios. — Ela teria de ser você, gatinha.

— Acho bom mesmo. — Senti seus dedos mergulharem nos cabelos da minha nuca, me arrepiando. — Você é todo meu.

— Sim, senhora.

— E que fique bem claro pra você também, falsa. — Inclinou a cabeça para o lado, dizendo para o animal.

Kasumi, que estava sentada e nos observando, arrastou a cauda para um lado e para outro no chão, mostrando animação e sua inocência naquela ameaça.

— Cadê minha sogrinha? — perguntei quando entramos na casa e não vi sinal dela.

Hoje era domingo, e domingo era dia de comer o macarrão maravilhoso que ela fazia.

— Foi pro mercado, comprar algumas coisinhas pro almoço — Daphne respondeu. Concordei, vendo ela abrir um dos armários para tirar a louça. Me aproximei para ajudá-la a colocar a mesa.

— Certo.

Começamos a arrumar as coisas nos lugares, deixando que o barulho da televisão ao fundo fosse o nosso ambiente.

— Na terça, quando o PH veio... — Daphne disse, parando ao meu lado para pousar o copo à frente do prato. Eu fiz o mesmo, finalizando a arrumação. — Ele trouxe um contrato de rescisão.

O comentário dela me fez perceber que eu tinha me esquecido de falar com ela sobre isso; que precisaria fazer um caso quisesse entrar em uma outra guilda com o nome limpo.

— Certo. — Pelo menos para algo aquele infeliz servia. — Foi mal, esqueci de comentar com você sobre isso.

Daphne abanou a cabeça, indicando que estava tudo bem. Sua mão pousou na cadeira, onde seus dedos batucaram repetidamente na madeira.

Minha curiosidade despertou, pois eu conhecia aquele olhar.

— Eu só estive pensando... — começou, com aquele tom aveludado de quando queria me pedir alguma coisa. Arqueei uma sobrancelha. — Talvez... Você devesse fazer um.

Um riso seco saiu automaticamente da minha garganta.

Nem fodendo.

— Fora de questão — declarei.

Ela suspirou.

— Eu sei. Eu também nunca ia querer olhar na cara dele depois de tudo o que aconteceu, mas pensa comigo. — Pisquei, inspirando profundamente. — É um direito seu. Só precisa fazer a carta e dar pra que ele assine, depois disso nunca mais terão contato. Se não faz isso, quem sai perdendo é você. Gab, você tem milhões nas costas.

— Eu não estou nem aí pra isso, Daphne — afirmei, e não estava. — Posso muito bem continuar como estou, fazendo live por conta própria. Meu público não caiu, pelo contrário. E se demorar um ano ou mais pra uma organização boa me chamar, que seja! Não vou morrer de fome.

Sem contar que eu nem conseguia me imaginar no mesmo ambiente que PH.

Queria distância.

— Eu sei que não vai passar fome. E sei que você consegue fazer isso sozinho, não estou insinuando o contrário — ela disse, me obrigando a encará-la quando segurou no meu rosto. — Mas não precisa mais ser assim, percebe? Não precisa mais fazer as coisas sozinho, muito menos deixar que ele tenha esse tipo de poder sobre você: de ser um atraso no seu sucesso. Porque... querendo ou não, se você não for até ele, se permitir que seu ego seja maior que a vontade de seguir em frente, ele vai indiretamente atrasar sua vida.

Secrets (loud bak)Onde histórias criam vida. Descubra agora