capítulo cinquenta;

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D A P H N E

Eu já estava tão acostumada a dormir em um quarto totalmente escuro na mansão que, mesmo ainda com um pouco de sono, a claridade no cômodo me acordou.

Abri os olhos, identificando um guarda-roupa branco de frente para mim. Alguns metros à direita estava uma porta da mesma cor.

Um braço rodeada minha cintura, me mantendo junto do corpo atrás de mim. Olhei sobre o meu ombro, vendo as cortinas abertas balançando suavemente por causa da brisa e o rosto sereno de Gabriel dormindo. A boca entreaberta soprava contra a minha pele, e os cabelos morenos caiam sobre a testa, parando nas pálpebras fechadas. As linhas faciais relaxadas davam a ele um ar angelical (quem visse até pensava).

Suspirei, amaldiçoando-o por ser tão lindo; até dormindo.

Eu me desfiz dele com cuidado, vendo-o rolar e ficar de costas, apoiando a mão esquerda na barriga e soltando uma respiração prolongada. Havia uma trilha de pêlos no seu abdômen, que era parada pelo lençol azulado que nos cobria, marcado pelo contorno da ereção matinal dele.

Ver aquilo me lembrou da noite passada, e os deuses que me perdoem, mas que homem com pegada gostosa. Eu já deveria saber que os magrelos eram os piores, mas ele me surpreendeu. Se me esforçasse, ainda conseguia sentir os tapas que ele deu na minha bunda, ou sua língua na minha parte íntima.

Que ódio. Ele sabia o que estava fazendo, e sabia muito bem.

Me sentei, levando a minha mão para o pescoço, tentando aliviar a leve coceira ali. Quando olhei, me recordei que não havia passado a pomada na noite anterior (como se eu pudesse ter me lembrado), mas felizmente, a minha pele não estava descascando.

Após consultar as horas no relógio digital em cima da cabeceira e ver que eram oito da manhã, coloquei os meus pés no chão amadeirado, me levantando e sentindo minhas pernas bambas. Eu nunca admitiria para ele, pois não queria que seu ego inflasse, mas eu estava com uma leve ardência na minha parte íntima.

Eu sabia que era perigoso, mas dormi com a bexiga cheia ontem, pois o garoto literalmente apagou e não deu tempo de perguntar onde era o banheiro.

Mas no momento eu precisava urgentemente me aliviar, então catei a camiseta dele jogada no chão e me vesti, depois de colocar sua cueca, já que não sabia onde estava a parte de baixo do meu biquíni.

Havia um espelho acoplado à cômoda em frente à cama, e o meu reflexo não era um dos melhores naquela manhã. Agradeci ao fato de estar com tranças, porque pelo menos não teria de lutar com a minha juba, e fiz careta só de imaginar, dando uma última olhada no garoto antes de abrir a porta devagar.

Olhei para a direita, que era o único caminho possível a seguir, saindo e começando a caminhar pelo corredor. Eu conseguia identificar três portas.

Abri a primeira, que ficava alguns metros depois da do Gabriel, sendo recebida por um quarto rosa. Muito rosa. Uma cama de solteiro com lençóis e travesseiros da mesma cor e alguns bichos de pelúcia arrumados sobre o colchão. Alguns desenhos infantis estavam colados na parede logo atrás, todos coloridos.

Meu peito contraiu quando a ficha caiu e eu assimilei a quem pertencia aquele quarto. Era a irmãzinha de Gabriel.

Sentindo que estava olhando em coisas que não me diziam respeito, eu puxei a maçaneta na minha direção, fechando a porta.

Secrets (loud bak)Onde histórias criam vida. Descubra agora