capítulo oitenta e três;

2K 149 21
                                    

Daphne

Quatro meses depois

Obrigado por ter vindo — ele falou assim que a mulher colocou os milkshakes na mesa e se afastou, nos deixando sozinhos.

Dei um gole na bebida, sentindo o gosto do morango se dissipar na minha língua e observei o ambiente calmo por um segundo, antes de me voltar pra ele.

Lucas havia me mandado mensagem alguns dias atrás, perguntando se poderíamos nos encontrar para conversar.

Nunca mais havíamos nos falado desde a última vez que nos vimos no hospital, após ele ter se machucado. Por um tempo quis saber como ele andava, mas pensei que talvez fosse melhor se eu não tentasse me fazer presente na sua vida.

— Fiquei curiosa com você me chamando depois de tanto tempo.

Ele entrelaçou as mãos em cima da mesa.

— Fiquei surpreso por ter aceitado — declarou. — Entenderia se não tivesse.

E eu tinha mil e um motivos para tal, mas a curiosidade em saber do que se tratava e o fato do nosso último encontro não ter sido ruim, me instigaram.

— Você parece bem. E diferente — comentei, observando as tatuagens que cobriam seu braço esquerdo.

O Lucas que eu conheci nunca teria feito tatuagens em um local tão exposto. E ele parecia realmente bem; saudável.

— É, eu tenho ido pro psicólogo. Desde aquele incidente. Tem me feito bem.

— Fico feliz. Isso é bom.

— Sim...

Como está seu irmão?

Lucas sorriu de lado.

— Bem. Namorando. — Arqueei uma sobrancelha. — Pois é. Amanda o nome dela.

— Nunca imaginei que alguma vez fosse ver ele namorando. Ele era tão... fechado.

— Nem eu, e olha que sou irmão dele. — Rimos. Os olhos dele caíram para as próprias mãos. — Eu também estou. Quer dizer... conhecendo alguém, no caso.

Eu pisquei, surpresa.

De todas as palavras que poderiam sair da boca dele, aquelas eram as que eu menos esperava; mas não de uma maneira ruim. Acho que depois de todas as nossas idas e vindas, eu meio que coloquei na cabeça que ele sempre procuraria uma forma de ficar estagnado na vida, no que toca a relações amorosas.

Muita coisa havia mudado mesmo.

— Como ela é? — perguntei, curiosa.

Um sorriso involuntário surgiu em seus lábios quando ele olhou para baixo.

— Intensa. É o melhor adjetivo que posso usar. E gentil. Bondosa... eu tenho uma foto dela aqui, você quer ver?

Assenti, sentindo meu peito aquecer ao ver o brilho que havia nos olhos dele ao falar dela.

— Claro.

Secrets (loud bak)Onde histórias criam vida. Descubra agora