Secrets (loud bak)

capítulo vinte e seis;

G A B R I E L

—— Primeiro —— ela disse assim que eu pousei o kit médico na cama ——, o que foi aquilo lá embaixo?

Eu mordi o lábio, tentando impedir que uma risada saísse e fechando os olhos assim que a dor me consumiu.

Inferno, eu havia esquecido que minha boca estava toda fodida por culpa daquele desgraçado.

—— Um pouco de diversão, apenas. —— Levantei os ombros, tirando a jaqueta manchada de sangue e fazendo o mesmo com a camiseta.

Me sentei confortavelmente na beirada da cama, apoiando as mãos no colchão atrás de mim e reparando que ela havia retirado os sapatos, revelando algumas marcas no lugar onde as fitas compridas estavam enroladas à volta de sua perna.

Por que mulher sofre tanto assim?

—— Diversão? —— Ela parecia indignada quando perguntou. —— Você realmente devia rever seus conceitos sobre o que é diversão.

Levantei o olhar, me arrependendo no mesmo instante quando a vi juntando os cachos para formar um coque frouxo no topo da cabeça. Veja bem: eu estava com as pernas abertas e ela no meio delas, de frente pra mim. Aquele gesto antecedia um certo ato que fez com que eu engolisse em seco, quebrando o contato.

—— Era só ter dado uma joelhada mais forte que eu não teria interferido —— debochei, me lembrando perfeitamente de quando vi ela chutando o saco do cara.

É, não era uma dor legal. Não mesmo.

Daphne pegou num algodão e se inclinou para começar a passar aquilo na minha sobrancelha, limpando o sangue já seco ali.

Apertei o maxilar ao sentir o álcool contra minha carne.

—— Belo namoradinho o que você tem —— provoquei, grunhindo quando ela pressionou com mais força. —— Tome cuidado com isso, quer me matar?

Eu soube que havia sido de propósito quando ela tentou esconder um sorriso.

—— Como você é dramático! Quer que eu dê suquinho pra você também? —— Revirou os olhos e eu bufei. —— E ele não é meu namorado —— resmungou a última parte.

—— Não foi o que pareceu.

Ela deu de ombros.

—— Espere. —— Eu enruguei a testa. ——  Ele não é seu namorado? —— A avaliei com desconfiança. Daphne me fitou confusa, concordando. —— E a quem você se referia quando deu aquela resposta pro PlayHard?

O rosto dela virou pedra e então sua atenção voltou para onde a mão trabalhava.

Eu não deixei de encará-la, afinando os olhos e me divertindo quando percebi que ela estava ficando sem jeito.

—— Daphne, Daphne... —— eu cantarolei, negando com a cabeça. —— Sua reputação por aqui está ficando cada vez mais suja —— provoquei, vendo ela me olhar rapidamente. —— Além de intrometida, bisbilhoteira e empata foda, você também é mentirosa.

—– Que empata foda o quê? Vocês já tinham terminado quando decidiram sair.

Eu entreguei a ela um olhar malicioso.

—— Então você realmente ficou ouvindo —— afirmei e ela bufou, fechando a cara.

Não nego que estava bastante curioso para saber o que foi aquilo lá embaixo. Quem era aquele cara, por que eles não pareciam em bons termos e por que ela ainda queria ajudá-lo após tudo aquilo, mesmo ele não sendo seu namorado como afirmava para mim ali.