D A P H N E— E aí? — Gabriel quis saber assim que eu terminei de falar com a minha mãe.
— Ela só percebeu que eu não estava em casa hoje de manhã. — Bloqueei a tela, me encostando mais confortavelmente ao banco. — Chegou da igreja ontem e capotou.
— Menos mal — ele disse, me olhando brevemente antes de voltar a atenção para a rua.
— É, menos mal. Odeio deixar ela preocupada.
Eu achei que encontraria milhares de mensagens e ligações quando peguei o celular mais cedo, mas havia apenas uma mensagem dela perguntando se eu dormi em casa e se estava bem. Após conversar com ela — que disse ter saído pra visitar uma amiga doente —, Gabriel deixou que eu conectasse a música do meu celular no carro.
Metade do caminho foi ele comentando sobre como a playlist era aleatória.
— ... e então o Kayne West fez uma letra qualquer e colocou no beat só para o Drake não poder usar, porque aparentemente ele quis primei...
— Ei... — Gabriel disse longamente, me interrompendo com o olhar fixo na rua. — Aquele não é o seu ex?
Eu segui o seu olhar e estreitei os olhos, localizando uma pessoa encostada na parede ao lado do portão da minha casa.
O carro se aproximou até parar a alguns metros da entrada, o que permitiu que eu visse a figura de um Lucas mexendo distraidamente no celular.
Mas que raios?
— Sim, é ele — respondi, confusa.
Já fazia meses desde a nossa última conversa. Meses desde que nos vimos e terminamos. Meses desde que ele havia me deixado em paz.
Nós nunca perdíamos o contato completamente quando terminávamos. Haveriam vezes que ele mandava uma mensagem perguntando como eu estava, ou ligando aleatoriamente, mas dessa vez foi diferente: ele literalmente sumiu de todo o lugar, o que me fez crer que dessa vez era pra valer.
Mas ali estava ele: esperando por mim no portão da minha casa, e nesse exato momento, percebendo a minha presença e a do garoto ao meu lado.
— Vocês voltaram ou assim? — Gabriel perguntou e eu fiz careta, me virando para ele.
— Não... — respondi, um pouco incomodada com a ideia.
Pela primeira vez eu não me sentia miserável por estar longe dele durante aquele tempo todo. Acho que porque eu vivia atarefada e rodeada de outras pessoas que faziam com que ele não fosse o centro do meu mundo. Porque era assim que era antes: eu praticamente só tinha ele; não havia para onde correr, a quem recorrer. Do que me ocupar. Tirando as lives que eu fazia — e que não me levavam a lado nenhum —, 96% do meu tempo era com ele.
Durante esses meses eu me peguei sentindo saudade dele — não me orgulhava disso, mas também não conseguia evitar. Felizmente, eu acabei me acostumando com a sua ausência, e talvez tenha sido melhor que ele tivesse sumido, porque eu não sei se teria sido capaz ignorá-lo.
Agora que eu estava finalmente conseguindo seguir em frente, ele aparecia. Contudo, diferente das outras vezes, eu não tinha um pingo de dúvidas de que para os braços dele é que eu não voltaria, pois mais do que lembrar dos momentos bons que tivemos, eu também me lembrava da dor que senti quando o seu irmão me contou a verdade, e era naquilo que eu deveria me agarrar.
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Secrets (loud bak)
FanfictionGabriel é um jogador famoso no cenário do Free Fire. Jovem, e de temperamento forte, repele a maioria das pessoas ao seu redor. A chegada de uma nova integrante na guilda se torna para ele uma oportunidade de ajudar sua família, no entanto, as cois...